“Não entrevisto negros”, foi o que vítima de preconceito racial ouviu em entrevista de emprego
Quando achamos que o Brasil melhora um pouco em certos temas, como o racismo, nossa esperança vai por água abaixo devido alguns acontecimentos que insistem em ainda fazer parte da sociedade.
Algumas situações são piores do que pensávamos. Um fato triste aconteceu recentemente com um homem que não quis se identificar. Ele foi fazer uma entrevista em uma empresa de grande nome, mas quando chegou, o entrevistador disse à pessoa do RH que não sabia do detalhe da cor de pele do rapaz e que não entrevistava negros.
Essa história ficou famosa devido à uma postagem do presidente da multinacional Bayer no Brasil, Theo van der Loo, em seu perfil no LinkedIn. Ele relatou o fato que chamou de “inaceitável e revoltante”. No post, que já teve mais de 300 mil visualizações, Theo disse que é amigo do homem negro e que sugeriu a ele que fizesse uma denúncia. O rapaz, por outro lado, disse que tem medo de se expor e acabar queimando a imagem que demorou anos para conseguir.

O preconceito realmente está presente em cada esquina e a forma como a vítima do episódio recente vê, faz jus ao quanto qualquer reclamação de quem sofre o racismo, já vira motivo para terem ainda mais receio de contratá-los nas empresas. Para ele, em uma entrevista que deu à BBC Brasil, você pode acabar sendo visto como “vitimista” ou como um “cara problema”.
Mal sabe o entrevistador que ele, bisneto de escravos e neto de empregada doméstica, trilhou uma grande carreira no meio da tecnologia da informação e se firmou em cargos de gestão. Foi o primeiro de sua família a ir para a universidade e a sair do país para cursar uma pós-graduação nos EUA.
Não foi a primeira vez que sofreu racismo, pois ele contou que desde a busca de seu primeiro emprego, aos 14 anos, é visto como alguém inferior.

“Infelizmente temos ainda esse câncer na sociedade brasileira, e existe ainda essa celeuma popular que associa negros a malandros, vagabundos e outros adjetivos pejorativos que povoam o imaginário coletivo”, disse o rapaz e podemos o entender perfeitamente.
Para o denunciador do relato, Theo van der Loo, o preconceito é uma causa de todos nós. Ele é reconhecido por promover diversidade no mundo corporativo e de sempre estar de olho em afrodescendentes que possam preencher os quadros de sua empresa, Bayer do Brasil. Ao fazer a publicação na rede social, começou a receber diversos e-mails de pessoas relatando ter passado por situações parecidas ao do rapaz.
Sim, a coisa é muito mais séria do achamos. Há pessoas que fecham olhos e outras que lutam contra esse carma que segue a sociedade como um todo. Às vezes pensamos em fazer diversas coisas para ajudar, mas quando vemos tantas histórias tristes que acontecem com nossos semelhantes, parece estar longe demais qualquer melhora no quesito “preconceito” e “racismo”.

Como Theo mesmo diz, é e deve ser uma causa de todos nós.O rapaz contou sente-se tranquilo porque sabe bem quem é e deseja se tornar uma referência para outros jovens carentes do Brasil para que saibam que, se estudarem e buscarem desenvolver suas habilidades, sempre acumulando cultura, conseguirão ser cidadãos dignos.
E nós torcemos para que os jovens em geral sigam os mesmos passos do homem, pois cor de pele não difere ninguém de ninguém, concorda?
Fotos: Reprodução, Divulgação, ISTOCK

