Na rodoviária Tietê, jornaleiro e gari juntam dinheiro para poder ajudar quem precisa voltar para casa
Mesmo que nem sempre depositemos as expectativas nas pessoas, ainda assim nos surpreendemos com as atitude delas. O que você faria se alguém que não tivesse nada no bolso, pedisse a sua ajuda para voltar para casa? Antes de você pensar na resposta, dois homens já estavam com uma ideia em mente.
Rodolfo Tenório, de 62 anos, e Edvan Francisco de Oliveira, de 42, trabalham no Terminal Rodoviário Tietê, a maior rodoviária do país localizada em São Paulo, que recebe por dia mais de 90 mil pessoas. É muita gente! Dentre elas, muitas pessoas chegam à capital paulistana sem saber ao menos onde estão.
Ambos decidiram fazer uma espécie de ‘vaquinha solidária’ para ajudar pessoas que chegam à cidade com algum tipo de problema ou dificuldade.
Durante a conversa que teve com o portal G1, Tenório, que trabalha há 32 anos no local, disse que ele já fazia essa ‘vaquinha’ com outros motorista do terminal. Já o gari Edvan, nesses últimos dois anos, tornou-se um grande parceiro por disponibilizar uma parte do seu salário para ajudar as pessoas que não têm condições de voltarem para casa: “O que às vezes é 50, 60, 70, 80 reais para nós que somos trabalhadores?! É muita coisa, mas para eles que não têm nem 10 reais é mais ainda”, conta Oliveira.
O motivo de toda esta solidariedade aconteceu quando ambos sofreram da mesma forma que as pessoas que eles ajudam. O baiano Rodolfo disse que foi abandonado pela esposa depois de um certo tempo em que chegaram a São Paulo. Já o recifense Edvan sentiu na pele como foi ver sua mãe chorar por não ter comida para dar aos seus irmãos.


Em depoimento ao portal, eles contaram diversas histórias. Uma delas, que emocionou demais esta dupla, foi a chegada de uma casal vindo de Caraguatatuba com seus dois filhos. O objetivo era chegar em São Paulo para depois pegar um outro ônibus em direção a Minas Gerais: “Quando eles chegaram aqui, eles deixaram a bolsinha deles, com dinheiro, com tudo, no chão, e foram roubados”, relembra Rodolfo. “Peguei o dinheiro que tinha aqui nessa gaveta, que era pouquinho, mas deu para comprar a passagem”, completa.
Além disso, Edvan não só ajuda essas pessoas lhes oferece dinheiro, como também aconselha moradores de rua: “Eu falo para eles saírem dessa vida. Falo para eles irem lá na rodoviária e falar as palavras mágicas: ‘Me ajuda, por favor'”, diz o gari ao referir sobre a Assistência Social que fica dentro do terminal rodoviário, na qual fornece todo tipo de ajuda como passagens, kit lanche e bilhetes.
Bondade é o que não falta para esses dois amigos de trabalho: “As pessoas têm que esquecer um pouco a maldade e amar mais o próximo. Só isso. Se acordar para o amor, a maldade vai embora, né?!”, conta Edvan.
Fonte: Fábio Tito/G1

