A Boa do Dia

Mulheres de Associação se solidarizam com deficiente que foi abandonado por familiares após morte de mãe

By Beatriz Ponzio

February 24, 2017

Como você vê essa história? Ao que parece, as pessoas estão cada vez mais esquecendo o que é realmente importante.

Vejo o caso de um homem de 32 anos, de Ribeirão Preto, por exemplo. Há mais ou menos um mês ele perdeu a mãe para o câncer. E isso não é tudo. Com retardo mental e epilepsia, ele acabou sendo rejeitado pelos próprios familiares, sendo levado para um abrigo público, a Cetrem.

A história triste acabou comovendo um grupo de mães da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). “É muito triste de ver, de olhar para ele e ver que está sozinho. A família não o acolheu, é muito triste, muito difícil,” conta Gláucia de Fátima Souza Alves ao G1.

Por enquanto, segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, o homem deverá ficar no abrigo até que consigam encontrar seus familiares para que eles possam se responsabilizar por ele.

Assim, o rapaz foi levado para a tal unidade logo após a mãe ser enterrada. Mesmo assim, nenhum parente apareceu para acolhê-lo.

Por conta de tudo isso, a APAE resolveu que o melhor era abrir uma exceção e ele começou a ser atendido de segunda a sexta em período integral, diferente dos outros que só são atendidos por meio período. Além disso, o homem também é levado todos os dias a entidade para receber medicação, se alimentar devidamente e tomar banho. Só depois que ele retorna ao abrigo.

De qualquer forma, as pessoas ainda estão extremamente preocupadas com a situação dele, já que o local não poderá mantê-lo lá por muito tempo.

“Infelizmente, este [abrigo] não é o local para ele ficar, porque não temos ainda como atendê-lo adequadamente. No carnaval, a nossa unidade vai ficar superlotada e existe uma preocupação total com ele. Estamos fazendo tudo o que podemos, mas ele precisa de mais atenção, de mais cuidados e mais amor por parte das pessoas que têm que cuidar dele,” diz o diretor do abrigo municipal, Eduardo Barbosa.

Outro problema é que lá eles não serão capazes de atendê-lo da maneira que ele merece, com os horários corretos de cada medicamento e o atendimento que uma pessoa como ele necessita.

Mesmo assim, as pessoas parecem não admitir que isso aconteça. A dona de casa Josiane Aparecida dos Santos Ribeiro chegou a cogitar a mudança do homem para sua casa.

“A gente que é mãe, que tem filho especial em casa, fica muito revoltada. Quando eu fiquei sabendo, fiquei desesperada, não dormi, não consegui fazer nada. Eu vim disposta a levá-lo para a minha casa. Mas, fui aconselhada a não fazer, porque eu também tenho a minha filha com deficiência, seria um trabalho muito grande,” conta.

Tudo o que se sabe é que a Secretaria de Assistência Social conseguiu que o rapaz fique na Cetrem com direitos como alimentação, vestimenta e o transporte para a APAE. O que resta agora é esperar que eles consigam encontrar os parentes, já que as entidades que abrigariam pessoas com deficiência simplesmente não conseguem oferecer uma estrutura adequada para ele.

E você? O que acha disso tudo?

Fotos: Valdinei Malaguti/EPTV.