Quando uma pessoa sofre um trauma psicológico, depende unicamente dela tentar se reerguer e reiniciar sua vida. Se ela não conseguir sozinha e não quiser ajuda das pessoas próximas a ela, talvez um novo amiguinho de quatro patas dê o ânimo que falta em sua vida.
E esta foi a história de Silvia Viruega. Ela sofreu um acidente quando estava com seu namorado e um amigo do casal em um avião de pequeno porte rumo a Acapulco. O namorado era quem dirigia o avião e, mesmo sem grande experiência, estava em fase de acumular horas de voo.
De acordo com ela, o avião teve uma falha mecânica e despencou. Ela conseguiu sair andando e passou a procurar seus companheiros: “Comecei a procurar por meu namorado. Vi o amigo dele, que não se mexia. O avião estava pegando fogo. Na minha cabeça, se estava viva e andando, todo muito teria a mesma chance”, conta.

Ela conta também que quando foi colocada na ambulância, ainda não tinha visto seu namorado. Mas sua ficha caiu quando a mãe do rapaz que apareceu para visitá-la. “O que realmente aconteceu era que o pai dele estava com ele no necrotério e a mãe comigo, me fazendo companhia”, diz. Só teve certeza quando recebeu a visita de uns amigos e seu irmão, o responsável por dar a notícia de que ela era a única sobrevivente.

Ela ficou uma semana no hospital se recuperando de várias lesões que sofreu. Mas, quando voltou para a Cidade do México, estava completamente desolada. Passou meses em reabilitação física mas não conseguia superar o trauma. Então Gary surgiu em sua vida: “Nove meses depois do acidente, um amigo me deu um cachorro. Era um filhote, que imediatamente me fez pensar sobre a vida.”
Por Gary, Silvia passou a dedicar boas horas do seu dia para ele e, com isso, ela percebeu que estava entregue à depressão: “Eu não tinha percebido que tinha depressão. Estava a toda hora tentando esconder… É muito difícil de aceitar isso. Acho que depende da habilidade que cada pessoa tem de enfrentar a depressão”.

Mesmo com uma menor mobilidade de seu corpo – ocasionado por conta do acidente -, Silvia não deixou se abalar e voltou à sua vida. Hoje é diretora de um hospital para animais, tem um marido que por coincidência também é piloto de avião e uma filha pequena. Mas sua maior gratidão é para Gary: “Gary me salvou e, de certa forma, me trouxe para onde estou agora. Ele me motivou para continuar.”
Fotos: Reprodução / Clayton Conn












