O nome tricotilomania é familiar para você? Para os portadores dessa que é uma rara doença, sua familiaridade retrata um difícil drama diário. O transtorno é marcado pelo prazer que seu portador sente em arrancar o próprio cabelo.
Em entrevista ao blog Viva Bem, do UOL, a paciente Silvia Kineippe, 37, conta como é difícil viver com a síndrome: “Já colei fita adesiva nos dedos, usei luvas, coloquei lenço na cabeça, peruca, fiz trancinhas, mas nada disso funciona. Só que meu problema não era a mão mas, sim, a mente”, diz.
Silvia conta que sempre que arranca os seus cabelos a sensação inicial é de alívio e relaxamento. No entanto, é logo na sequência que “bate aquele arrependimento, um misto de raiva e frustração por ter perdido o controle. A sensação de ser o seu próprio algoz é muito desapontador”.
O que é a doença?
Tão complicado quanto o nome é, a primeira vista, compreender os efeitos da tricotilomania em seu portador. A doença, que não tem uma causa específica e está associada a ansiedade e depressão, faz com que o paciente sinta um desejo quase incontrolável de arrancar fios de cabelo – de preferência com texturas diferentes – de si mesmo e também de outras pessoas. Até mesmo os pelos de animais de estimação estão inclusos.
Segundo especialistas, problemas emocionais como tristeza, angústia, autoestima baixa, traumas e medos são desencadeadores do transtorno, que é perigosa não só mentalmente, mas fisicamente também, já que pode causar infecções, cicatrizes e perda capilar.
Vida social em jogo
Conviver com a tricotilomania é um grande desafio que torna tudo mais difícil, principalmente no que diz respeito à vida social. Nem sempre é fácil esconder o “estrago” deixado por um momento de crise. “Eu imagino e planejo todo o processo, já cheguei a ficar mais de 5 horas arrancando os cabelos”, comentou Silvia, que hoje em dia está careca e utiliza apliques e perucas.
Diagnosticada aos 6 anos com a doença, a mulher, que conta com apoio incondicional do marido, o que a ajuda a se manter firme diante do problema, é a responsável pelo blog Dona Endorfina, no qual ela fala a respeito de sua luta contra a doença.
Tratamento
Rara, a doença, que costuma se iniciar entre a infância e a adolescência, atinge em maior número as mulheres. Apesar 1% a 2% da população mundial sofre com a síndrome e, da quantidade total, 93% dos casos são de pessoas do sexo feminino.
O processo mais indicado para tratar do problema é a psicoterapia, que pode ou não ser complementada pelo uso de remédios. O método mais utilizado é o da ‘reversão de hábito’, que busca estabelecer novas práticas para os momentos nos quais as crises costumam se desencadear. O processo é iniciado em consultório e, então, dado sequência em casa.
“Nesses 31 anos de tricotilomania, aprendi que quanto mais tempo perdemos tentando controlar a mão, mais anos passamos arrancando o cabelo. O que realmente precisamos é controlar nossa mente e sentimentos. Só assim teremos uma vida mais saudável”, encerra Silvia.
Fonte: Viva Bem / UOL












