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Clark Olofsson morre aos 77 anos: a história real por trás da Síndrome de Estocolmo

Criminoso sueco ficou conhecido por seu papel em um sequestro que deu origem a um dos conceitos mais controversos da psicologia moderna

Clark Olofsson, um dos criminosos mais notórios da história da Suécia, morreu aos 77 anos. Sua trajetória, marcada por fugas espetaculares, assaltos a bancos e sequestros, não seria apenas mais um caso criminal se não fosse pelo evento que o eternizou na psicologia: o famoso caso Norrmalmstorg, em 1973, que originou a expressão “Síndrome de Estocolmo”. A morte de Olofsson reacende o debate sobre como um criminoso se transformou em personagem quase mitológico — ora visto como vilão, ora como ícone pop.

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Quem foi Clark Olofsson?

Infância conturbada e início precoce no crime

Nascido em 1º de fevereiro de 1947, Clark Olofsson cresceu em um ambiente familiar disfuncional. Ainda adolescente, começou a se envolver com pequenos delitos, como furtos e vandalismo. A escalada da violência foi rápida: já aos 18 anos, acumulava passagens por agressão, posse ilegal de arma e invasões.

Rapidez, carisma e capacidade de manipulação

Com uma inteligência aguçada e uma aparência considerada atraente, Olofsson usava seu carisma para manipular situações. Não demorou para que ele se tornasse uma figura de destaque nos círculos criminosos da Suécia — ganhando notoriedade não apenas pelos crimes, mas também pelas constantes fugas espetaculares das prisões.

O caso que definiu seu nome na história

O sequestro no banco de Norrmalmstorg

O evento mais marcante da vida de Olofsson ocorreu em agosto de 1973, quando Jan-Erik Olsson invadiu o banco Kreditbanken, em Estocolmo, e fez quatro pessoas como reféns. Em uma exigência surpreendente, pediu que Clark Olofsson, que estava preso, fosse levado ao local para “ajudá-lo”.

A polícia sueca, sem saber como agir diante da crise, atendeu ao pedido. Olofsson foi levado até o banco, onde permaneceu ao lado dos reféns e do sequestrador por seis dias. Durante esse período, uma reação psicológica inesperada chamou atenção: os reféns começaram a demonstrar empatia por seus captores e desconfiança em relação à polícia.

O nascimento da Síndrome de Estocolmo

Após o fim do sequestro — sem mortes —, os reféns recusaram-se a testemunhar contra Olofsson e Olsson. Uma das vítimas chegou a visitar Olofsson na prisão depois do ocorrido. O psiquiatra Nils Bejerot foi o primeiro a propor o termo “Síndrome de Estocolmo”, descrevendo a inversão emocional que ocorrera naquele cofre blindado.

Embora Olofsson nunca tenha admitido “seduzir” os reféns, sua postura protetora durante o cativeiro contribuiu para essa conexão emocional. O caso virou referência mundial nos estudos sobre comportamento sob estresse extremo.

A trajetória criminal pós-Norrmalmstorg

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Imagem: AFP

Condenações, fugas e vida fora da lei

Apesar de sua ligação com um conceito psicológico mundialmente reconhecido, Olofsson não abandonou a vida criminosa. Nas décadas seguintes, continuou se envolvendo em assaltos, tráfico de drogas e novas fugas da prisão — desta vez em países como Bélgica, Alemanha e Dinamarca.

Entre prisões e breves períodos de liberdade, acumulou mais de 30 anos atrás das grades. Mesmo assim, nunca perdeu a fama — tampouco deixou de conceder entrevistas, escrever livros e lucrar com sua imagem.

Uma figura pop da criminalidade

A narrativa de Olofsson sempre foi moldada por ele próprio. Em entrevistas e autobiografias, descrevia-se como “um sobrevivente do sistema” e “vítima das instituições”. Sua habilidade de contar histórias lhe rendeu atenção da mídia e o transformou em uma espécie de anti-herói sueco.

Netflix e a reinterpretação de sua vida

Lançamento da série “Clark”

Em 2022, a Netflix lançou a minissérie “Clark”, protagonizada por Bill Skarsgård, baseada nos eventos da vida real do criminoso. A produção mesclou humor, drama e ação para mostrar a complexidade da figura de Olofsson, sem ignorar seus crimes.

A série reacendeu discussões sobre os limites entre entretenimento e apologia ao crime. Alguns elogiaram a produção por não romantizar os atos de Olofsson, enquanto outros criticaram o foco excessivo em seu charme e audácia.

Impacto na nova geração

A repercussão foi imediata. Jovens que não conheciam o caso passaram a discutir a Síndrome de Estocolmo nas redes sociais. Olofsson, mesmo décadas após o auge de sua atividade criminosa, voltou a ser um nome procurado no Google e citado em debates sobre psicologia criminal.

O fim da vida de Clark Olofsson

Últimos anos e isolamento

Nos últimos anos, Clark viveu recluso, longe da imprensa. Seus últimos registros públicos indicavam que enfrentava problemas de saúde e preferia manter-se afastado da exposição. Apesar disso, seu nome continuava sendo citado em publicações acadêmicas, podcasts e séries de TV.

A morte, aos 77 anos, foi confirmada por fontes próximas, mas os detalhes não foram amplamente divulgados até o momento. Com sua partida, encerra-se uma vida que esteve sempre entre o crime e os holofotes.

O que é a Síndrome de Estocolmo?

Entendendo o conceito

A Síndrome de Estocolmo é uma resposta psicológica identificada quando vítimas de sequestro, abuso ou cárcere desenvolvem empatia, carinho ou lealdade por seus agressores. Essa reação foi observada inicialmente no caso Norrmalmstorg, mas ao longo do tempo também foi usada para explicar comportamentos em situações de violência doméstica, sequestros e outros contextos de aprisionamento.

Debate acadêmico

Apesar da popularidade do termo, muitos psicólogos e psiquiatras questionam sua validade científica. Para alguns, o que chamamos de Síndrome de Estocolmo pode ser uma reação de defesa, uma tentativa inconsciente de manter-se vivo por meio da aproximação com o agressor. Outros argumentam que o conceito simplifica demais situações altamente complexas.

Legado e controvérsias

Entre o crime e a mitologia popular

Clark Olofsson será lembrado como um personagem ambíguo. Para muitos, ele foi um criminoso perigoso e reincidente, cujas ações colocaram vidas em risco. Para outros, foi um símbolo de rebeldia contra o sistema, um homem carismático e contraditório.

Independentemente da visão, sua história está eternamente entrelaçada à psicologia moderna, à cultura criminal e ao modo como a mídia constrói mitos — até mesmo em torno de figuras violentas.


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