A queda fatal da turista brasileira Juliana de Souza Marins no Monte Rinjani (Indonésia), em junho de 2025, ainda carrega aspectos não esclarecidos, mesmo após a conclusão da autópsia. O caso tem gerado repercussão nacional, questionamentos sobre a investigação e críticas à condução do resgate. A seguir, confira os seis pontos que continuam cercados de dúvidas.
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Quem era Juliana Marins?
Juliana era fisioterapeuta, apaixonada por trilhas, natureza e esportes ao ar livre. Natural do Rio de Janeiro, viajava sozinha pelo sudeste asiático desde o início de 2025. Ela registrava suas experiências em fotos e vídeos nas redes sociais. Seu último destino seria a Indonésia, onde planejava subir o Monte Rinjani — um vulcão ativo com mais de 3.700 metros de altitude, na ilha de Lombok.
A trilha que ela escolheu é considerada uma das mais desafiadoras da região e exige não apenas preparo físico, mas também acompanhamento especializado. Ainda assim, há indícios de que ela tenha entrado sozinha no parque, o que levanta questionamentos.
1. Por que Juliana teria feito a trilha sem guia?
Uma decisão fora do padrão
Amigos próximos da vítima contestam a versão de que ela teria subido o Monte Rinjani sozinha. Segundo pessoas que acompanharam sua jornada pelas redes, Juliana tinha o hábito de contratar guias locais sempre que enfrentava trilhas perigosas ou montanhas desconhecidas.
Testemunhos conflitantes
Moradores de Lombok disseram ter visto Juliana acompanhada por um homem na véspera de sua partida para a montanha. Apesar disso, as autoridades indonésias não confirmaram oficialmente qualquer companhia. A ausência de registro detalhado sobre quem mais teria acessado o parque no mesmo dia também deixa a situação nebulosa.
2. O que revelam as imagens das câmeras do parque?
Acesso com câmeras de segurança
A entrada do Parque Nacional do Monte Rinjani é monitorada por câmeras. Apesar disso, o conteúdo das gravações daquele dia específico não foi amplamente divulgado.
Falta de transparência
As autoridades alegaram que parte do material está sob sigilo devido à investigação. Essa justificativa, no entanto, não convenceu a família, que solicitou o acesso às imagens para análise independente. Até o momento, não se sabe com clareza se Juliana entrou de fato sozinha ou se havia outro indivíduo com ela.
3. Qual foi a real causa da morte?
Versão preliminar: queda
O primeiro laudo médico fornecido pela polícia local indicava sinais compatíveis com queda de altura. Contudo, o documento é vago e não detalha de forma convincente as circunstâncias em que o trauma ocorreu.
Dúvidas sobre sinais de violência
Não foi divulgado se havia marcas de luta, arranhões ou sinais de defesa. Também não houve informação oficial sobre a realização de exames toxicológicos. O silêncio em torno desses pontos aumenta a insegurança da família sobre a real dinâmica do óbito.
4. Houve falhas nas buscas?
Atraso na mobilização
O desaparecimento de Juliana foi comunicado com atraso às autoridades. Quando os primeiros alertas foram feitos por amigos e familiares no Brasil, já haviam se passado mais de 48 horas. Isso pode ter comprometido a eficiência das buscas.
Localização do corpo levanta suspeitas
Juliana foi encontrada em uma área fora da trilha oficial, em local de acesso restrito. Segundo especialistas locais, seria incomum que uma pessoa com experiência em trilhas, como ela, se desviasse daquela forma. O local também apresentava sinais de que o corpo poderia ter sido deslocado — embora isso não tenha sido confirmado pela polícia.
5. Por que não houve perícia independente?
Família cobra investigação paralela
A família de Juliana, insatisfeita com a investigação conduzida na Indonésia, buscou apoio do Itamaraty e solicitou uma análise independente. No entanto, como o corpo já havia sido cremado a pedido das autoridades locais antes da chegada dos parentes, novas perícias se tornaram inviáveis.
Pedido por ajuda internacional
Organizações de direitos humanos foram acionadas, e houve petição online solicitando investigação externa. Apesar da mobilização, não houve envolvimento formal da Interpol ou de outras instituições internacionais até o momento.
6. O que diz o Itamaraty sobre o caso?

Atuação consular
O consulado brasileiro na Indonésia acompanhou as buscas e prestou apoio à família. No entanto, não houve comunicado oficial detalhado por parte do Ministério das Relações Exteriores sobre os desdobramentos do caso.
Silêncio diplomático
A ausência de pressão mais firme por parte do governo brasileiro também tem sido criticada. Familiares cobram mais transparência e empenho para obter esclarecimentos. A alegação é que, sem respaldo diplomático mais incisivo, as investigações locais podem ser encerradas de forma superficial.
Considerações finais: um enigma que ainda clama por respostas
A tragédia envolvendo Juliana Marins não é apenas um caso de desaparecimento em trilha. Envolve múltiplos aspectos que vão desde a falta de registros detalhados até a ausência de perícia conclusiva. O Monte Rinjani, apesar de exuberante e procurado por turistas do mundo todo, se tornou, nesse contexto, palco de um drama humano ainda sem desfecho claro.
Enquanto isso, amigos, familiares e milhares de pessoas que acompanham o caso seguem em busca de justiça e verdade. A memória de Juliana merece mais do que incertezas — e cada resposta ainda em aberto é um lembrete de que a história ainda não terminou.













