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Monte Rinjani: quem garante a segurança de quem encara o vulcão indonésio?

Tragédias recentes levantam dúvidas sobre a proteção oferecida aos montanhistas que enfrentam trilhas no Rinjani

O Monte Rinjani, localizado na ilha de Lombok, na Indonésia, atrai milhares de aventureiros todos os anos. Considerado o segundo vulcão mais alto do país, com 3.726 metros de altitude, ele oferece vistas espetaculares e uma das trilhas mais desafiadoras da região. Apesar do apelo turístico, o local também esconde perigos, como deslizamentos, variações bruscas de temperatura, erupções e isolamento geográfico.

Com acidentes fatais registrados em anos recentes, surgem questionamentos sobre quem é responsável pela segurança dos visitantes, e até que ponto o turismo de aventura na região está preparado para proteger quem sobe a montanha.

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O que torna a trilha do Rinjani desafiadora

A trilha que leva ao cume do Monte Rinjani é considerada de nível difícil. O percurso pode durar até três dias e exige resistência física, preparo logístico e atenção constante às condições do ambiente. Entre os principais obstáculos enfrentados pelos trilheiros estão:

  • Clima instável, com mudanças bruscas entre calor e frio intenso;
  • Trilha íngreme e estreita em diversos trechos;
  • Longos períodos sem acesso a sinal de celular;
  • Presença de gases vulcânicos e terrenos instáveis;
  • Risco de atividade sísmica.

Apesar dos perigos, a beleza do local atrai viajantes de diversos países, muitos dos quais não estão devidamente preparados para as exigências físicas e técnicas da expedição.

Como funciona o controle de acesso ao Monte Rinjani?

Entrada regulamentada, mas com falhas no controle

O Monte Rinjani está inserido em uma área de proteção ambiental, o Parque Nacional de Rinjani, que exige registro prévio para a entrada de visitantes. Os acessos são fiscalizados por postos oficiais, onde é necessário pagar taxas ambientais e, teoricamente, comprovar o acompanhamento de guias locais.

No entanto, na prática, o controle é muitas vezes superficial, e há turistas que conseguem iniciar a subida sem guias ou equipamentos adequados. Além disso, a fiscalização sobre a atuação das agências locais nem sempre é rigorosa, o que permite a operação de serviços turísticos informais ou despreparados.

Quem responde pela segurança dos trilheiros?

A responsabilidade é dividida entre governo, operadores e o próprio turista

O órgão responsável pela conservação da região é o BKSDA (Balai Konservasi Sumber Daya Alam), equivalente a uma secretaria de conservação ambiental. Já o gerenciamento do turismo é feito por uma combinação entre autoridades locais, guias autorizados e agências privadas.

Contudo, ainda falta uma estrutura clara de emergência, com protocolos padronizados de resgate e comunicação eficiente entre os diversos envolvidos. Na prática, a responsabilidade pela segurança muitas vezes recai sobre os próprios montanhistas ou seus guias, sem uma rede pública eficiente de apoio em caso de acidentes.

Guias, agências e o risco da autossuficiência

Escolha do operador pode definir entre segurança e tragédia

Embora não seja proibido subir o Rinjani sem guia, especialistas recomendam fortemente a contratação de profissionais locais, que conhecem as trilhas, os riscos e os pontos seguros para acampamento.

As melhores agências oferecem:

  • Equipamentos de camping e primeiros socorros;
  • Alimentação completa para os dias de trilha;
  • Guias treinados e familiarizados com rotas alternativas;
  • Monitoramento básico do clima.

Entretanto, há também empresas que operam de forma improvisada e turistas que preferem a subida autônoma, o que aumenta a exposição ao perigo, especialmente em caso de lesão, mal súbito ou mudanças climáticas repentinas.

Acidentes recentes e a falta de resposta rápida

Casos de desaparecimento revelam falhas no sistema de resgate

Relatos de turistas desaparecidos ou feridos em áreas remotas do Rinjani têm se repetido. Em muitos casos, os resgates são demorados, envolvem voluntários e contam com estrutura mínima, prejudicada pela topografia e pela ausência de comunicação via rádio ou internet.

A falta de uma equipe dedicada ao atendimento emergencial no parque reforça a ideia de que a gestão do local ainda está aquém das necessidades de um destino turístico de alto risco.

A influência do clima e do vulcanismo na segurança

Perigo geológico exige atenção constante

Por se tratar de um vulcão ativo, o Monte Rinjani está sujeito a atividade sísmica e erupções. O órgão de monitoramento vulcânico da Indonésia, o PVMBG, realiza observações contínuas, mas os alertas nem sempre são repassados rapidamente às trilhas, o que compromete a prevenção.

O clima, por sua vez, tem se tornado cada vez mais imprevisível. Chuvas intensas e nevoeiros densos surgem com pouca antecedência, colocando montanhistas em risco. A mudança climática global tem ampliado essas oscilações, tornando as expedições mais incertas.

Falta infraestrutura adequada ao perfil dos visitantes

Destino atrai mais gente do que pode suportar com segurança

O aumento do fluxo turístico para o Monte Rinjani, impulsionado por redes sociais e por promessas de aventura a baixo custo, esbarra em uma infraestrutura limitada. Faltam:

  • Abrigos seguros ao longo da trilha;
  • Sinalização adequada nos pontos críticos;
  • Postos de atendimento médico;
  • Equipes permanentes de resgate e apoio.

Esse cenário se torna ainda mais preocupante diante da chegada de turistas inexperientes ou despreparados fisicamente para os desafios da montanha.

O que pode ser feito para melhorar a segurança no Rinjani?

Especialistas sugerem regulação mais firme e preparo técnico obrigatório

Medidas que poderiam aumentar a segurança incluem:

  • Tornar obrigatória a contratação de guias credenciados;
  • Criar centros de apoio médico no início e ao longo das trilhas;
  • Exigir equipamentos mínimos de segurança para entrada;
  • Estabelecer um canal direto de emergência por rádio;
  • Investir em treinamento e certificação dos operadores turísticos.

Além disso, campanhas de conscientização podem ajudar os visitantes a entender melhor os riscos envolvidos e a tomar decisões mais seguras antes de iniciar a trilha.

Qual é o papel do turista?

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Imagem – Bestofweb/Freepik

Informação, responsabilidade e planejamento

A experiência no Monte Rinjani pode ser inesquecível — para o bem ou para o mal. Por isso, é fundamental que o turista:

  • Pesquise sobre a rota, clima e histórico do local;
  • Avalie sua própria condição física;
  • Não subestime os riscos naturais do ambiente;
  • Dê preferência a agências bem avaliadas;
  • Informe familiares sobre o trajeto e a data prevista de retorno.

A segurança em ambientes naturais depende também da postura consciente e responsável de quem escolhe enfrentá-los.

Considerações finais

O Monte Rinjani representa um dos mais belos e desafiadores destinos de aventura da Ásia, mas sua grandeza vem acompanhada de riscos que não podem ser ignorados. Ainda falta uma estrutura de segurança à altura da sua popularidade, e o modelo de turismo atual precisa ser reformulado para priorizar a vida e a integridade dos visitantes.

Até que melhorias estruturais sejam implementadas, cabe ao turista assumir a responsabilidade pelo próprio preparo — e fazer escolhas que privilegiem a segurança, acima do improviso.


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