O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um produto químico amplamente utilizado na indústria, mas extremamente perigoso quando ingerido. Em 2025, o Brasil voltou a registrar casos de intoxicação por metanol, principalmente após o consumo de bebidas adulteradas. A gravidade da substância levou o Ministério da Saúde a emitir alertas e orientações para a população e profissionais de saúde.
Este artigo apresenta, de forma detalhada e em tom jornalístico, como identificar os sintomas, o que fazer diante de uma suspeita, como é realizado o tratamento e quais medidas ajudam a prevenir novas ocorrências.
Leia Mais:
Metanol em bebidas: entenda os riscos e como evitar cervejas e vinhos adulterados
O que é o metanol e por que ele é tóxico
O metanol é um tipo de álcool usado em combustíveis, solventes e processos industriais. Diferentemente do etanol, que é o álcool presente nas bebidas, o metanol não é seguro para o consumo humano.
Quando entra no organismo, a substância é metabolizada pelo fígado e se transforma em formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos. Essas substâncias interferem nas funções do sistema nervoso central e afetam órgãos vitais, especialmente os olhos, podendo causar cegueira, coma ou até a morte.
Mesmo pequenas quantidades podem ser fatais. Por isso, qualquer suspeita de ingestão deve ser tratada como emergência médica.
Sintomas de intoxicação por metanol
Sinais iniciais
Os primeiros sintomas geralmente aparecem entre 6 e 72 horas após a ingestão, dependendo da quantidade consumida e da sensibilidade do organismo. Nos estágios iniciais, eles podem ser confundidos com uma intoxicação alcoólica comum.
Entre os sintomas mais frequentes estão:
- Náuseas e vômitos;
- Dor de cabeça intensa;
- Fraqueza e tontura;
- Dor abdominal;
- Sonolência ou sensação prolongada de embriaguez;
- Falta de coordenação motora.
Sinais de alerta e complicações graves
Com a progressão da intoxicação, surgem sintomas neurológicos e visuais, indicando que o metanol já está sendo convertido em substâncias tóxicas. É o momento mais perigoso da evolução clínica.
Os sinais de agravamento incluem:
- Visão turva ou borrada;
- Sensibilidade à luz;
- Dificuldade para distinguir cores;
- Confusão mental ou alucinações;
- Convulsões e perda de consciência;
- Falta de ar e queda de pressão arterial.
Esses sintomas exigem atendimento hospitalar imediato, pois o quadro pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória ou parada cardíaca.
O que fazer em caso de suspeita de intoxicação
Procure atendimento médico sem demora
Ao menor sinal de intoxicação após o consumo de bebida suspeita, a pessoa deve ser levada imediatamente a um pronto-socorro. O tempo é determinante: quanto mais cedo o tratamento começar, maiores as chances de recuperação completa.
A recomendação do Ministério da Saúde é que não se tente nenhum tipo de tratamento caseiro e não se provoque vômito, pois isso pode agravar o quadro clínico.
Leve informações ao serviço de saúde
Se possível, leve consigo:
- A embalagem da bebida ingerida;
- O nome do estabelecimento onde ela foi adquirida;
- O horário em que ocorreu a ingestão;
- Uma amostra do produto, caso ainda haja conteúdo.
Esses dados ajudam as equipes médicas e de vigilância a identificar a origem da contaminação e a evitar novos casos.
Contato com os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox)
Os profissionais de saúde podem contar com o apoio dos CIATox — centros especializados que orientam o diagnóstico e o tratamento de intoxicações químicas. Eles funcionam 24 horas e atendem tanto profissionais quanto o público em geral.
O número dos CIATox pode ser consultado nos sites das Secretarias Estaduais de Saúde. Em caso de urgência, é importante mencionar o suspeito de metanol ao entrar em contato.
Como é feito o tratamento da intoxicação por metanol
Uso de antídotos
O tratamento específico envolve o uso de etanol farmacêutico (álcool etílico puro) ou fomepizol, substâncias que bloqueiam a ação da enzima responsável por transformar o metanol em compostos tóxicos.
O etanol age competindo com o metanol no metabolismo hepático, retardando a formação dos venenos internos e permitindo que o corpo elimine parte da substância de forma mais segura. Esse procedimento deve ser feito apenas em ambiente hospitalar, com acompanhamento médico e monitoramento constante.
Hemodiálise
Nos casos graves, o paciente pode precisar de hemodiálise para remover o metanol e seus metabólitos do sangue. Esse processo acelera a desintoxicação e ajuda a corrigir o desequilíbrio ácido causado pela intoxicação.
Suporte clínico
Além do tratamento com antídotos e diálise, o paciente recebe suporte intensivo com hidratação, correção da acidose metabólica e monitoramento oftalmológico e neurológico. Quando a intervenção ocorre nas primeiras horas, as chances de evitar sequelas são elevadas.
O papel da notificação e da vigilância em saúde
Todo caso suspeito deve ser notificado imediatamente aos órgãos de saúde, mesmo antes da confirmação laboratorial. Essa notificação rápida permite que as autoridades investiguem a origem do produto contaminado e atuem na apreensão das bebidas adulteradas.
Em 2025, o Ministério da Saúde criou uma Sala de Situação Nacional para acompanhar os casos em tempo real e orientar secretarias estaduais e municipais sobre medidas de controle. Também foi publicada uma nota técnica com recomendações específicas para profissionais de saúde sobre identificação, tratamento e registro dos casos.
Prevenção: como evitar intoxicação por metanol
Verifique a procedência das bebidas
A principal forma de prevenção é evitar o consumo de bebidas sem rótulo, sem selo fiscal ou de origem duvidosa. Produtos falsificados ou produzidos ilegalmente têm maior risco de conter metanol, utilizado indevidamente para aumentar o teor alcoólico de forma mais barata.
Prefira locais de confiança
Compre bebidas apenas em estabelecimentos licenciados e evite o consumo em pontos de venda informais. Em festas, eventos ou bares, desconfie de preços muito abaixo do mercado.
Guarde produtos químicos com segurança
O metanol também é usado em oficinas, laboratórios e indústrias. Ele deve ser armazenado em frascos bem identificados, longe de alimentos e bebidas, para evitar confusões acidentais.
Informe e eduque outras pessoas
Compartilhar informações confiáveis sobre o risco do metanol é essencial para evitar tragédias. Ensinar familiares e amigos a reconhecer os sintomas e procurar ajuda médica rapidamente pode salvar vidas.
A importância da ação coordenada
A intoxicação por metanol é um problema de saúde pública que exige resposta integrada. Profissionais de saúde, autoridades sanitárias e população precisam atuar em conjunto.
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, reforça que os hospitais devem manter estoques de etanol farmacêutico e estar preparados para realizar a notificação imediata dos casos. As secretarias estaduais também têm papel fundamental na distribuição de insumos e na capacitação das equipes médicas.
Consequências da intoxicação não tratada
A demora no atendimento pode levar a danos irreversíveis. Mesmo que o paciente sobreviva, há risco elevado de cegueira permanente, lesões cerebrais e comprometimento renal. Em casos severos, a morte pode ocorrer em poucas horas.
A toxicidade do metanol é silenciosa e traiçoeira: o indivíduo pode parecer bem nas primeiras horas, mas o quadro se agrava rapidamente conforme a substância é metabolizada.
Considerações finais
A intoxicação por metanol é uma das emergências médicas mais graves que podem ocorrer após o consumo de bebidas adulteradas. Reconhecer os sintomas e agir rapidamente são atitudes que salvam vidas.
A orientação é clara: diante de qualquer suspeita, procure atendimento médico imediato e leve todas as informações possíveis sobre a origem da bebida. A resposta rápida das autoridades e o cuidado individual são fundamentais para evitar novas vítimas.
Em tempos de aumento de casos, a conscientização é o melhor antídoto. Ao escolher produtos de procedência segura e divulgar informações corretas, cada pessoa contribui para reduzir o risco e proteger sua comunidade.
