Você teria essa coragem? Quero dizer, o que este menino fez diante de uma situação tão terrivelmente triste com certeza é capaz de emocionar qualquer um.
Seu nome é Ricardo Felipe de Ataídes, de apenas 13 anos de idade. Mas ele se viu diante de uma situação que implicaria em muita responsabilidade e cuidado, afinal uma gatinha, que seria mais tarde apelidada de Amora, havia sido enterrada viva em um terreno próximo.
“Era umas 8h. Estava indo embora com a minha avó quando comecei a ouvir miados meio baixos. Fui seguindo o som e vi que estava perto da lata de lixo. Tinha um saco embaixo da lixeira, aí eu levantei o saco e continuei ouvindo o miado. De repente, vi um rabo e a terra se mexendo. Fui tirando a terra e vi a filhote. Ela estava com medo”, contou ele ao G1.
Logo, o menino não pensou duas vezes antes de decidir levar o felino para sua casa, mesmo sabendo que sua mãe não admitiria um animalzinho em casa. Decidido, Ricardo passou junto com a avó em uma casa agropecuária para conseguir dicas sobre como cuidar do novo pet. Além disso, levou ração e antisséptico para cuidar de seus ferimentos.
Depois de todos os conselhos, ele colocou Amora dentro de uma caixa e rapidamente tentou contatar a mãe, Aline Patrícia de Ataídes, para contar do ocorrido. Sua resposta? Eles claramente não poderiam ficar com ela, mas a mulher não poderia ter ficado mais orgulhosa do que seu filho havia feito pelo animalzinho.
“Falei para ele procurar um lugar para ela ficar, porque infelizmente a gente não tinha condição. Temos uma rotina puxada, a casa está em construção e não temos espaço. Ter um bichinho exige amor, responsabilidade, dedicação e tempo. Não temos condição de ficar com ela agora, até por ela mesmo, que não merece ficar presa dentro de casa”, disse a produtora de eventos, Aline.
Mesmo assim, o menino não desistiu por nada da gatinha e a levou até a mãe de uma colega, Renata Duarte, que já tem cerca de cinco gatinhos em casa. A mulher não demorou para aceitar cuidar da pequenina até achar um novo lar para ela. Felizmente, mesmo sem levá-la até o veterinário por falta de dinheiro, ela reconheceu que Amora estava em um bom estado.
Segundo Renata, “Ela é gordinha, [mas] não é uma barriguinha de vermes, por exemplo”, contou a moça. “Os olhos estavam brilhantes, sem apresentar sintomas de conjuntivite ou rinotraqueite – doença que comumente atinge gatos filhotes e idosos e causa a morte do animal quando não diagnosticada com antecedência. Também não apresentava sintomas de anemia. [Tinha] a gengiva e a língua de cores bem rosadas.”
Além disso, ela tem apenas 40 ou 50 dias de vida. E enquanto não tem uma família, Amora é amamentada por uma das gatinhas que a ‘adotou’.
“Como todo filhote pequeno, ela tem medo de altura. Sempre que tenho que pegá-la em minha mão e mudá-la de local para comer a papinha – se não a mãe adotiva devora a comida toda – ela mia bastante, nada mais que isso. É brincalhona, adora brincar de pique e morder com os irmãozinhos adotivos, gosta de correr mesmo sendo tão pequena”, disse ao G1.
Apesar dessa rápida adaptação, ela acabou conseguindo um lar definitivo com uma amiga de Renata, a qual a batizou de Amora. Mesmo sendo uma ótima notícia, Ricardo não poderia ter ficado mais triste. Ainda mais por conta das visitas que ele andava fazendo para ver o animalzinho.
“Mas depois me senti feliz por pelo menos ter ajudado. Eu gosto de animais de estimação, gostaria de ter um, mas quem eu queria mesmo por perto é a Amora. Ela é linda, queria ficar com ela”, disse Ricardo ao G1.
Mesmo com o ‘não’ da mãe, o menino jamais desistirá de ajudar os animais que encontra por aí. Amora, na verdade, não foi a primeira a ser salva por ele. Ele já chegou a proteger uma gata prenha que um dia apareceu na escola com as patas quebradas e um outro que estava sendo maltratado por seus colegas.
“Eu não sei como as pessoas têm coragem de fazer essas coisas, nunca entendi. Os bichinhos não fazem nada a ninguém.” A mãe, é claro, não poderia estar mais orgulhosa e emocionada por ter um filho tão bom com ela.
“Ele é um menino muito bom, de coração muito bom. Tem tanta mulher que vai para a mídia porque o filho fez coisa errada, e esse não é meu caso. Graças a Deus não é nada disso”, revelou.
Incrível a atitude dele, não?!
Fotos: Raquel Morais/G1, Renata Duarte/Arquivo Pessoal.
