Vivemos em uma sociedade machista. Verdade ou não? Uma reportagem do R7 mostrou que sim, a mulher ainda sofre com a submissão ao homem e com o machismo velado ou escancarado. De fato vivemos uma evolução, mas se casos como este que o programa mostrou acontecem, ainda há muito a evoluir.
Uma prática que virou “moda” em alguns estados brasileiros, principalmente nas regiões periféricas de São Paulo, é uma lista chamada “TOP 10 vadias” – ela funciona de uma forma consideravelmente esquematizada: Alunos criam listas, em uma espécie de ranking, com nomes de meninas, que acabam expostas por fotos que mandaram a algum namorado, por terem relações sexuais ou outros “fatores” e divulgam por meio de cartazes, mensagens e redes sociais, além de picharem nos muros de suas escolas.
Movimentos sociais e em defesa das mulheres resolveram se manifestar e fazer algo contra o movimento, como o “Mulheres na Luta”, que promoveu um grafitaço com o intuito de apagar o nome dessas meninas e os xingamentos desferidos a elas pelos muros dos bairros.
E, em pouco tempo, essa lista já circulou por inúmeros lugares, como Grajaú e Parelheiros. O mais chocante é que um número alto de meninas já tentou suicido por verem seus nomes no “Top 10” e sentirem na pele o que a prática pode causar, com a vida social e pessoal de cada uma e outras se recusaram a voltar para suas escolas. As meninas que conversaram com o site R7 preferiram não se identificar, mas disseram como toda essa exposição tem afetado a vida delas:
Uma delas, de 15 anos, afirma que teve seu nome divulgado em uma lista: “De um dia para o outro, todo o bairro me conhecia e me apontava como p******. Eu estava em 6º lugar no “TOP 10″ com o argumento de que eu me achava e pagava de gostosa na escola. Pior foram as minhas amigas que eram lésbicas e os pais não sabiam e fizeram uma lista disso. Todo mundo ficou sabendo. Quem quer ir para a escola depois disso?”
A garota ainda continua, dizendo que é evangélica e deixou de frequentar a igreja: “Eu tive que parar de ir até na igreja, porque perguntaram como eu era evangélica e estava numa lista dessas. Só que eu não fiz nada para estar nela. Eu não tenho culpa.”
Os pais também se revoltaram ao saber do que estava acontecendo com suas filhas e não sabiam como lidar, pois muitas delas não queriam voltar aos estudos. O “Mulheres na Luta”, além de promover o grafitaço para apagar o nome dessas meninas, ainda planejaram algumas medidas para ajudá-las, como Elânia Francisca, que participa do coletivo fala:
“Nós percebemos que essas meninas eram questionadas pela família porque estavam em uma lista. Como se elas fossem culpadas disso. Existe também a questão da rivalidade feminina, uma vez que muitas listas do “TOP 10″ são feitas por outras meninas. Nós estamos oferecendo todo o apoio a essas meninas expostas, mas queremos ir mais além. Queremos falar sobre a sexualidade com os adolescentes e ensinar a questão do respeito, do companheirismo, do sexo. De que uma menina que enviou uma foto em um momento de intimidade não deve pagar por isso pelo resto da vida”.
A reportagem do R7 também esteve nos bairros, observando a raiz do problema e conversando com pais e moradores, que citam o descaso com a educação, cultura e lazer na região, algo que segundo eles, influencia muito esse tipo de atitude. Enquanto situações como essa ainda existem, fica claro que ainda temos muito a evoluir em diversos quesitos e no preparo desses jovens para a vida.
Foto: Reprodução/Daia Oliver/R7












