É comum mulheres que acabaram de dar à luz sintam cansaço e por um curto período de tempo, tristeza e desânimo. Mas quando esses sentimentos se intensificam e se tornam constantes é necessária uma atenção maior, pois o quadro pode ser caracterizado como depressão pós-parto, prejudicando a mãe e seu bebê. Segundo O ginecologista do hospital São Luiz, Fúlvio Basso, em matéria do site Uol, a mulher pode apresentar sintomas como:
– Perda do apetite
– Mudanças no sono
– Choro
– Desinteresse por atividades do cotidiano e pelo próprio filho
Ainda de acordo com Fúlvio, a depressão pode ser causada pelas inúmeras mudanças que a mãe sofre durante a gestação e a partir do nascimento de seu filho, como as hormonais e psicológicas. Em casos mais sérios, ela pode desenvolver a psicose pós-parto, quando há alucinações, delírios e mudanças drásticas de humor, a exemplo da mãe de nome fictício, Dara, de 23 anos, ouvida pelo Uol- após o nascimento de seu primeiro filho, em 2013, ela se sentia realizada, com um amor imenso pela criança, mas começou a demonstrar sintomas de que as coisas não estavam indo bem:
“Ao contrário das histórias que ouvia sobre mães que não sentem amor pelo filho, eu sentia exatamente o contrário, um amor enorme. Tão grande, que era recheado de insegurança. Achava que qualquer pessoa poderia roubar meu filho de mim”, contou.
Segundo ela, a sogra, por ser o primeiro neto, ficava muito próxima da criança e queria ditar algumas regras, algo que começou a deixá-la transtornada, chegando a ter pesadelos e surtos:
“A paixão dela pelo bebê foi o gatilho para disparar meus surtos, pois comecei a fantasiar que, no fundo, ela queria tirá-lo de mim. Isso me deixava em tal nível de desespero, que me agredia, arrancava tufos de cabelos, me arranhava e mordia, chorando até não aguentar mais.”
Seu marido, que trabalhava boa parte do dia, não via o que estava acontecendo, mas sua obstetra foi a primeira a notar e levantar a questão da depressão pós-parto, que Dara rapidamente descartou, pois ela imaginava que não apresentava os sintomas comuns da doença.
Mas tudo mudou em um dia em que Dara tentou sufocar seu filho enquanto o amamentava:
“Eu estava amamentando meu menino quando veio a ideia de sufocá-lo no meu seio. O raciocínio foi: se eu não o tiver mais, ele estará protegido de ser roubado e ‘ficar longe de mim’. Terrível, eu sei! Mas foi o que passou na minha cabeça.” Por sorte, ela recobrou os sentidos em poucos segundos e afastou o filho do seio, com o pequeno ainda se debatendo. O pior: ela não sabia se tudo não passara de um sonho ou de fato havia acontecido.
Ao tentar amamentar o filho percebeu que seu leite não saia e o bebê chorava muito. Assim, teve certeza que de fato ela havia tentado sufocá-lo. A partir desse momento, resolveu procurar a médica com quem se consultava:
“No dia seguinte fui à médica novamente e contei tudo o que tinha acontecido. Ela falou que eu estava em depressão pós-parto, me receitou um antidepressivo e conversou comigo, explicando que aquilo era normal, que a doença era causada pelos hormônios e que eu não devia sentir culpa.” Logo, ela começou o tratamento e se sentiu melhor.
Após um ano, sua médica cortou os remédios vendo o avanço da paciente, mas salientou que ela deveria ficar alerta para um possível retorno da doença. Agora, Dara deu à luz a seu segundo filho e sabe que todo o cuidado é pouco nesse momento delicado: “Na primeira gravidez cheguei a um extremo que podia ter me levado por um caminho sem volta. Aprendi que depressão não é frescura e não tenho mais vergonha de admitir o que sinto, pois entendi que pedir ajuda e me tratar é essencial não só para mim, mas para o bem dos meus filhos que amo tanto!”
Os especialistas ressaltam que se a mulher já tiver sofrido com a depressão ou outros transtornos psiquiátricos, é necessária atenção redobrada e que após o parto, não só a mãe mas toda a família deve prestar atenção e detectar possíveis sintomas que desencadeiem a doença. Foto: Reprodução/Internet












