Mãe mantém filho acorrentado há 13 anos

A Boa do Dia

Mãe com filho autista acorrentado há 13 anos faz apelo para que ele pare de se machucar

By Carol Guedes

December 05, 2017

É impossível assistir ao relato de Marisa Padilha, de 47 anos, sobre seu filho e não se sentir, no mínimo, incomodado. A moradora de Fernandópolis, interior de São Paulo, não aguenta mais ver o filho, de 28 anos, acorrentado. André foi diagnosticado com autismo. Aos 10 anos, apresentou mudanças no comportamento e aos 15 começou a mostrar-se agressivo, se isolando. Desde então, ela decidiu que deveria mantê-lo acorrentado, como forma de controlar suas autoagressões.

Em um vídeo, Marisa conta a história do filho como forma de apelo, pois, segundo ela, nenhum dos tratamentos a que ele foi submetido melhoraram seu quadro. Hoje, ele toma 12 remédios por dia, mas, ainda assim, não surtiram o efeito necessário:

“Ele se bate, ele se agride. É com ele mesmo, não é agressivo com ninguém e eu não aguento mais viver nesta situação, de ver este menino acorrentado dia e noite.”, disse a mãe no vídeo. Ela acredita que André tenha outra doença, que não foi diagnosticada. Ao G1, ela explicou ainda sobre a dificuldade de tomar conta do filho, para que ele não acabe se machucando seriamente; (inclusive precisou parar de trabalhar):

“Eu não conseguia mais controlar. Era dia e noite de olho para ele não se machucar. Então comecei a usar a corrente. Ele fica na área e no quarto acorrentado. Quando preciso dar banho, eu preciso segurar o André com muita força”, desabafa.

Esperança em encontrar um tratamento eficaz:

Ela contou que o objetivo do vídeo era chamar a atenção de algum especialista que pudesse orientá-la sobre o diagnóstico do filho, para que ele pudesse indicar algum exame, pois ela não tem condições financeiras para custeá-lo.

Sobre o apoio que recebe, Marisa conta que hoje o acompanhamento é feito pelo Centro Atenção Psicossocial (CAPS II), mas antes era pelo Centro de Referência em Assistência Social (CREAS).  A prefeitura de Fernandópolis emitiu uma nota sobre o caso. Segundo eles, o acompanhamento de fato é realizado e as informações judiciais do paciente constam no seu laudo junto ao CREAS. Além disso, citam que André tem autismo e é atendido por visitas domiciliares, tanto para entregar seus medicamentos, quanto para avaliação de seu quadro físico e mental.

É triste ver alguém sofrer tanto assim, nessas condições e vivendo acorrentado por 13 anos. Que ele consiga um diagnóstico e tratamento efetivo, que de fato melhore sua condição.

Foto: Reprodução/ Vídeo/ G1

Fonte: G1