Laudos indicam horário provável da morte de Juliana Marins após queda em vulcão na Indonésia
A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu, com base na perícia realizada em solo brasileiro, que a publicitária Juliana Marins, de 26 anos, morreu entre a madrugada de 23 de junho e a madrugada do dia 24, após cair de uma encosta de grande altitude no Monte Rinjani, localizado na Indonésia. A constatação reforça a estimativa do laudo emitido pelas autoridades indonésias, que já indicavam morte imediata após a queda.
As investigações seguem para esclarecer a cronologia dos fatos, já que vídeos feitos por drones indicaram que a jovem chegou a estar viva por algumas horas depois do acidente. A família questiona a atuação das equipes de resgate, especialmente o tempo levado para o socorro, e cobra responsabilização por possíveis falhas.
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Quem era Juliana Marins
Juliana Marins era carioca e fazia uma viagem solo pela Ásia. Formada em Publicidade, ela compartilhava suas experiências nas redes sociais com entusiasmo e otimismo. A jovem havia percorrido diversos países nos últimos meses e, no momento do acidente, participava de uma trilha turística até a cratera do Monte Rinjani, uma das atrações mais procuradas por viajantes na região de Lombok.
Em 21 de junho, Juliana se afastou do grupo com o qual fazia o passeio e acabou despencando por uma encosta de aproximadamente 300 metros. O acidente desencadeou uma busca intensa, marcada por dificuldades climáticas e questionamentos sobre a condução das operações.
Acidente e primeiras buscas
Relatos indicam que, após a queda, o corpo da jovem foi localizado ainda no mesmo dia por imagens captadas por drone, com sinais de que ela estaria viva. No entanto, em questão de horas, uma segunda queda a teria levado ainda mais abaixo, totalizando cerca de 600 metros de declive.
O acesso ao local era extremamente complicado. Neblina, terreno rochoso e vegetação densa dificultaram o trabalho das equipes de busca. O corpo de Juliana só foi retirado da montanha três dias depois, no final da noite de 24 de junho.
O que dizem os laudos periciais
As autópsias foram feitas em dois momentos: primeiro, na Indonésia, e depois no Brasil. Ambas apresentaram conclusões semelhantes quanto à causa da morte, mas divergiram inicialmente sobre o momento exato do óbito.
Perícia na Indonésia
O exame realizado em Bali, logo após o resgate do corpo, apontou que Juliana morreu em decorrência de múltiplos traumas causados pela queda, com hemorragias internas severas. Os legistas concluíram que a morte foi rápida, ocorrendo no máximo 20 minutos após o impacto.
A autópsia descartou sinais de desnutrição ou hipotermia, indicando que os danos físicos causados pela queda foram os únicos responsáveis pelo falecimento.
Laudo do IML no Rio de Janeiro
Já em solo brasileiro, o Instituto Médico Legal confirmou o diagnóstico de politraumatismo, com lesões graves na região abdominal, torácica e na coluna. Porém, devido ao embalsamamento realizado na Indonésia, a perícia brasileira não conseguiu determinar com precisão o horário da morte.
Ainda assim, cruzando informações dos vídeos e da análise da rigidez e do estado geral do corpo, os peritos brasileiros apontaram que Juliana morreu entre 1h15 do dia 23 de junho e 1h15 do dia 24, alinhando-se à estimativa das autoridades indonésias.
Por que o horário da morte importa

A estimativa do horário da morte se tornou uma peça-chave na narrativa do caso, principalmente após a divulgação de vídeos feitos por drones. Em uma das imagens, Juliana aparece aparentemente viva e com movimentos sutis após a primeira queda, alimentando a hipótese de que ela poderia ter sido resgatada com vida.
Com base nesses registros, a família passou a questionar o tempo de resposta das autoridades locais. O intervalo entre a primeira localização por drone e o efetivo início do resgate foi alvo de críticas, sendo considerado excessivo para uma situação de emergência.
A posição da família
Os pais de Juliana Marins afirmam que a jovem poderia ter sido salva se houvesse uma atuação mais rápida das equipes de busca. Eles alegam que houve negligência por parte dos responsáveis locais, tanto na demora para chegar até o local quanto na estrutura oferecida.
O corpo diplomático brasileiro na Indonésia acompanhou o processo, mas também foi alvo de críticas pela atuação considerada lenta nos primeiros dias após o acidente.
O caso gerou comoção nas redes sociais, com milhares de mensagens de solidariedade e pedidos por mudanças nos protocolos de emergência para turistas em trilhas de alto risco.
Investigação da Polícia Federal
Diante da repercussão do caso e dos questionamentos levantados pela família, a Polícia Federal abriu um procedimento para investigar as circunstâncias da morte e os detalhes do translado do corpo ao Brasil.
Um dos focos da apuração é a origem do vazamento de informações da autópsia à imprensa antes mesmo da divulgação oficial para os familiares. Outro ponto analisado é a integridade do processo de embalsamamento e conservação do corpo, que pode ter interferido na precisão de alguns exames periciais.
Falhas nos protocolos de resgate
Especialistas em montanhismo e turismo de aventura apontam que trilhas como a do Monte Rinjani exigem protocolos rigorosos de segurança, que incluem monitoramento por GPS, presença de guias experientes e socorro ágil em caso de acidentes.
No entanto, relatos de turistas indicam que o acesso a áreas mais íngremes da trilha não conta com cobertura de sinal, comunicação de emergência ou equipe médica próxima. Isso teria dificultado a localização exata de Juliana e a chegada do socorro.
O governo local ainda não se pronunciou oficialmente sobre possíveis mudanças nos protocolos após o caso.
Comoção e mobilização
Juliana Marins tornou-se símbolo de uma nova geração de viajantes solo. Jovem, aventureira e ativa nas redes sociais, ela inspirava outras mulheres a explorarem o mundo com coragem e autenticidade.
Seu falecimento despertou mobilizações que ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Grupos de apoio a mochileiros, influenciadores e até políticos passaram a defender a criação de uma legislação que garanta mais suporte a brasileiros em situações de risco no exterior.
Uma proposta apelidada de “Lei Juliana Marins” começou a circular em Brasília, com o objetivo de criar um fundo de emergência para translado de corpos e apoio psicológico a famílias de vítimas no exterior.
O que aprendemos com essa tragédia
A morte de Juliana expôs fragilidades em várias frentes: na logística de resgates em locais remotos, na atuação diplomática brasileira e na falta de regras claras para turistas que praticam trilhas em áreas de risco elevado.
Também mostrou a importância da comunicação entre guias, turistas e autoridades. A ausência de rastreadores ou mesmo de um plano de emergência acessível contribuiu para o prolongamento do drama.
Ao final, permanece uma certeza: Juliana era uma jovem cheia de vida, que partiu de forma trágica. A esperança é que seu caso sirva como alerta e incentivo para a criação de políticas que previnam novas perdas.

