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Itália abrirá 500 mil vagas de trabalho para estrangeiros até 2028 em resposta à crise demográfica

Estratégia visa suprir setores essenciais e compensar envelhecimento da população

O governo italiano revelou um ambicioso plano para enfrentar a escassez de mão de obra que atinge diversos setores da economia. Até 2028, o país pretende conceder cerca de 500 mil vistos de trabalho para estrangeiros de fora da União Europeia, como parte de uma estratégia mais ampla para manter a atividade econômica e mitigar os efeitos do declínio demográfico.

A proposta integra a atualização do chamado Decreto Flussi, mecanismo que regula anualmente o número de trabalhadores estrangeiros autorizados a ingressar legalmente na Itália. Com esse novo impulso, o país busca garantir a presença de profissionais em áreas críticas como agricultura, turismo, construção e logística.

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Entenda o plano aprovado pelo governo

Distribuição por ano e setores

Segundo o documento apresentado pelo governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, o plano prevê a concessão de:

  • 164.850 vistos em 2026
  • 165.000 vistos em 2027
  • 167.700 vistos em 2028

Desse total, cerca de 267 mil autorizações devem ser destinadas a trabalhos sazonais, enquanto os demais contemplam empregos fixos em setores como transporte, serviços domésticos e assistência a idosos, além de vagas para trabalhadores autônomos.

Objetivos do programa

O principal objetivo é suprir a carência de profissionais em segmentos que têm enfrentado dificuldades para preencher vagas com mão de obra local. Ao mesmo tempo, o programa contribui para reduzir a imigração irregular, oferecendo rotas legais para quem deseja trabalhar no país europeu.

O que é o Decreto Flussi?

O Decreto Flussi (em português, “Decreto de Fluxos”) é um instrumento legal italiano que estabelece anualmente o número de cidadãos não pertencentes à União Europeia que podem entrar no país com visto de trabalho. Criado para organizar o fluxo migratório de acordo com as necessidades do mercado, o decreto é ajustado periodicamente, com base em análises do governo e de entidades setoriais.

Como funciona na prática

O decreto determina um número máximo de vagas disponíveis e divide as autorizações entre:

  • Trabalhos sazonais (geralmente na agricultura e turismo)
  • Trabalhos permanentes ou de longo prazo
  • Vistos para trabalhadores autônomos
  • Casos específicos fora da cota, como profissionais altamente qualificados

Os interessados devem apresentar propostas por meio de empregadores italianos, que comprovam a oferta de trabalho, ou seguir as regras específicas para cada categoria.

Por que a Itália precisa de tantos trabalhadores estrangeiros?

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Imagem – Bestofweb/Canva

Queda na taxa de natalidade

Nos últimos anos, a Itália tem registrado uma das menores taxas de natalidade da Europa. Em 2024, nasceram menos de 390 mil crianças no país, enquanto o número de mortes ultrapassou 650 mil. Esse descompasso gerou um déficit natural de mais de 260 mil pessoas, agravando o envelhecimento da população.

Falta de jovens no mercado de trabalho

Com a população envelhecendo rapidamente e uma proporção crescente de aposentados, muitos setores produtivos não conseguem renovar sua força de trabalho. A agricultura, por exemplo, depende fortemente de migrantes sazonais para manter a colheita em dia. O mesmo ocorre no setor de cuidados, que requer cuidadores para idosos — um dos segmentos que mais cresce.

Demanda elevada em setores específicos

A Federação da Indústria Agrícola Italiana (Coldiretti) alertou que, sem os trabalhadores estrangeiros, seria impossível manter a produção de frutas, legumes e vinhos. Já o setor turístico, motor da economia italiana, enfrenta escassez de cozinheiros, garçons, motoristas e camareiros, principalmente durante a alta temporada.

Reação política e social

A postura do governo Meloni

O anúncio dos novos vistos representa um certo equilíbrio na política migratória do governo de Giorgia Meloni, que tem um discurso mais rígido em relação à imigração ilegal. A primeira-ministra reforçou que o objetivo é promover a entrada legal e controlada de estrangeiros, evitando situações de irregularidade e exploração.

Enquanto isso, medidas de endurecimento continuam em vigor para conter o fluxo de migrantes que chegam de forma clandestina pelo Mar Mediterrâneo, especialmente via Líbia e Tunísia.

Críticas e preocupações

Alguns críticos apontam que o número de vistos, embora significativo, pode não ser suficiente para reverter a tendência demográfica negativa. Além disso, há preocupações sobre a capacidade do país de integrar os novos trabalhadores, oferecendo moradia, acesso à saúde e oportunidades reais de inclusão.

Organizações de direitos humanos também alertam para a importância de combater a precarização do trabalho migrante, historicamente explorado em algumas regiões agrícolas do sul da Itália.

Oportunidades para brasileiros e outros não europeus

Brasileiros podem se beneficiar?

Sim. Embora o plano não detalhe a divisão por nacionalidades, brasileiros podem se candidatar, desde que atendam aos critérios exigidos e tenham uma oferta formal de trabalho em áreas contempladas pelo Decreto Flussi.

Empresas italianas que atuam na colheita agrícola, na hotelaria, no transporte de cargas e no setor doméstico costumam buscar trabalhadores de países latino-americanos, como Brasil, Peru e Colômbia.

Quais são os documentos exigidos?

Em geral, o processo de solicitação de visto exige:

  • Passaporte válido
  • Contrato de trabalho emitido por empresa italiana
  • Comprovante de residência
  • Documentação pessoal (certidões, antecedentes, etc.)
  • Pedido formal dentro do prazo de inscrição anual

Quando começam as inscrições?

As datas exatas de abertura de inscrições para o triênio 2026-2028 ainda serão divulgadas. Normalmente, o governo publica o decreto no final de cada ano, e os interessados devem acompanhar o site oficial do Ministério do Interior da Itália para instruções detalhadas.

O futuro da política migratória italiana

Previsões populacionais preocupantes

Relatórios do Instituto Nacional de Estatística da Itália (ISTAT) indicam que, se a tendência atual continuar, a população italiana pode cair para menos de 54 milhões até 2050, com uma proporção de idosos acima de 65 anos superior a 35% do total.

Para manter o equilíbrio econômico e garantir o funcionamento dos serviços públicos, a imigração legal será cada vez mais fundamental.

Integração será o maior desafio

Mais do que permitir a entrada, o sucesso do plano depende da integração efetiva desses novos trabalhadores. Será necessário investir em programas de idioma, acesso à educação para filhos de migrantes, regularização de moradia e combate à informalidade.

A Itália tem o desafio de transformar a chegada de estrangeiros em um motor de desenvolvimento social e econômico, aproveitando sua mão de obra para revitalizar regiões em declínio populacional.

Considerações finais

O anúncio de 500 mil novos vistos de trabalho até 2028 marca um ponto de virada na política migratória italiana. A medida, que busca atender às necessidades urgentes de setores como agricultura, turismo e serviços, também aponta para uma resposta mais estruturada à crise demográfica que o país enfrenta.

Com regras claras, foco na legalidade e cooperação com países terceiros, a Itália abre espaço para que estrangeiros possam contribuir com sua força de trabalho — inclusive brasileiros. No entanto, o sucesso dessa iniciativa dependerá de ações complementares que garantam acolhimento, integração e dignidade para todos os novos trabalhadores.

Se bem implementado, o plano poderá representar uma nova fase para a economia italiana, unindo crescimento, diversidade e inclusão.


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