Imani, fala rápido e em português fluente com pouco sotaque. Acontece, que ela veio para o Brasil em busca de um futuro melhor. Sua família deixou o Irã e chegou à capital amazonense em 1986, após um breve período como refugiada no Paquistão.
“Deixamos o Irã sem nada, só com a roupa do corpo e uma mala com nossos pertences”, lembra.
O Brasil passou então a ser sua nova casa e de outras 200 famílias iranianas bahá’ís.
“A adaptação não foi tão difícil. Eu não sabia falar uma palavra sequer em português. Não tenho facilidade para outros idiomas, mas eu era adolescente e tinha aquela energia típica da idade, então, foi uma aventura para mim. Os brasileiros e iranianos têm muito em comum, somos muito hospitaleiros e alegres”, diz.
Estabilidade
“Apesar disso, quando você está no seu país, você conhece como tudo funciona. Aqui no Brasil, eu não sabia nada. Por exemplo, sempre tive uma habilidade mais técnica, mas não sabia sobre a escola técnica profissionalizante. E acho que isso acabou impactando o meu futuro profissional.”

No Brasil, Imani estudou Química, Processamento de Dados, formou-se em Administração, casou, teve um filho — agora com 28 anos e formado — e se divorciou. Ela trabalha como funcionária pública.
Mas, apesar de contabilizar mais tempo de vida no Brasil do que em seu país natal, não poupa críticas ao autoritarismo do governo iraniano, em que religião e política se misturam.
“No Irã, as pessoas não têm liberdade para fazer suas próprias escolhas. Defendo uma sociedade em que as pessoas sejam livres para fazer o que querem — e sejam, portanto, responsáveis por essas ações. Mas isso não é o que acontece por lá”, opina.
“A questão da democracia no Irã nunca foi muito liberal, no sentido de poder discordar do governo e dizer o que pensam. Mas, após a Revolução, nos foi tirada a liberdade de poder viver e ter sonhos”.

“Ou seja, poder ter no horizonte algum futuro promissor. Infelizmente, no Irã de agora, esse tipo de pensamento não é mais possível. Principalmente, para os bahá’í. Os bahá’í sobrevivem”.
“A vida de todos fica comprometida. Você vive sem perspectivas”.
E ela conclui a entrevista em tom emocionado.
Conta que, após tantos anos vivendo em território brasileiro, já se acostumou à vida do Brasil, com exceção do “verão amazônico” (“Dentro de casa, às vezes, a temperatura chega a 37ºC”), mas sente muita falta “da convivência familiar”.












