O aumento do sedentarismo entre crianças e adolescentes tem se tornado um dos principais desafios de saúde pública em todo o mundo. Em uma realidade onde o tempo em frente às telas supera as horas de brincadeiras ao ar livre, encontrar formas eficazes de estimular a prática regular de atividades físicas tornou-se fundamental. Mais do que uma obrigação, o exercício pode — e deve — ser apresentado como algo positivo e divertido, que contribui para o desenvolvimento integral dos jovens. A seguir, reunimos recomendações práticas para pais, responsáveis e educadores que desejam incentivar esse hábito desde cedo.
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Benefícios físicos e motores
A movimentação constante na infância ajuda no fortalecimento de ossos, músculos, articulações e na formação do sistema cardiovascular. Exercícios regulares melhoram o equilíbrio, a postura e a coordenação motora, além de reduzir o risco de doenças como obesidade, hipertensão e diabetes tipo 2.
Impacto positivo na saúde mental
Movimentar o corpo contribui diretamente para o bem-estar emocional. Atividades físicas promovem a liberação de endorfinas, hormônios que reduzem o estresse e a ansiedade. Crianças mais ativas tendem a ter mais autoestima, qualidade de sono e concentração.
Desenvolvimento social e emocional
Participar de jogos, esportes coletivos e brincadeiras em grupo ensina respeito às regras, trabalho em equipe e resiliência. A convivência em ambientes físicos também favorece a construção de vínculos e habilidades sociais.
Quanta atividade física é recomendada para cada faixa etária

Crianças até 5 anos
- Devem ser incentivadas a se movimentar diversas vezes ao dia, especialmente por meio de brincadeiras livres e espontâneas.
- O ideal é acumular ao menos 180 minutos de atividade ao longo do dia, de intensidade leve a moderada.
Crianças e adolescentes de 6 a 17 anos
- A recomendação mínima é de 60 minutos por dia de atividade física moderada a vigorosa.
- Pelo menos três vezes na semana, o ideal é incluir exercícios que estimulem o fortalecimento muscular e ósseo, como correr, pular corda ou jogar bola.
Estratégias práticas para motivar crianças e adolescentes a se exercitarem
Transforme o movimento em diversão
Ao invés de tratar o exercício como uma obrigação, apresente-o como uma brincadeira. Jogos de pega-pega, dança livre, circuitos improvisados e até gincanas dentro de casa podem ser mais eficazes do que tentar impor uma rotina rígida.
Variedade de atividades é essencial
Cada criança tem gostos e habilidades diferentes. Oferecer contato com esportes como natação, judô, futebol, balé, ginástica ou ciclismo permite que ela descubra com o que mais se identifica — e isso aumenta as chances de aderência no longo prazo.
Dê o exemplo com atitudes
Filhos que veem os pais se movimentando tendem a seguir o mesmo caminho. Se a rotina familiar inclui caminhadas, alongamentos pela manhã ou até mesmo idas ao parque aos fins de semana, a atividade física se torna parte natural da vida da criança.
Crie uma rotina com horários definidos
Organizar a semana com momentos fixos para se exercitar ajuda a criar o hábito. Pode ser após o dever de casa, antes do banho ou nas manhãs de sábado. A previsibilidade facilita o compromisso com a atividade.
Envolva a tecnologia de forma inteligente
Jogos ativos (como os de dança ou realidade aumentada), aplicativos de desafios físicos e plataformas com vídeos de exercícios podem ser aliados, especialmente entre adolescentes que já têm afinidade com dispositivos eletrônicos.
Faça atividades em família
Praticar exercícios com os pais ou irmãos transforma o momento em algo afetivo. Caminhadas em grupo, andar de bicicleta, praticar esportes no quintal ou até dançar juntos cria memórias positivas associadas ao movimento.
O papel da escola na promoção da atividade física
Educação física como aliada da saúde
As aulas de educação física vão além da recreação. Elas podem ensinar regras, desenvolver habilidades motoras e despertar o interesse por modalidades esportivas. É importante que as escolas valorizem essas aulas e ofereçam um ambiente seguro e motivador.
Projetos e eventos que envolvem o corpo
Competições amistosas, festivais esportivos, olimpíadas escolares ou atividades interclasses são ótimas formas de estimular a prática física entre alunos, criando um senso de pertencimento e espírito esportivo.
Como lidar com barreiras comuns
Falta de motivação ou interesse
Quando a criança mostra resistência, vale buscar novas abordagens: mudar a atividade, deixar que ela convide um amigo, usar música, ou inserir algum tipo de recompensa simbólica. O importante é não forçar, mas sim guiar com empatia.
Falta de tempo na rotina
Mesmo com dias corridos, é possível incluir movimento no cotidiano: estacionar o carro mais longe, caminhar até a escola ou usar as escadas ao invés do elevador já são atitudes que fazem diferença.
Falta de recursos financeiros
A atividade física não precisa ser cara. Existem inúmeras opções que não exigem equipamentos: pular corda, brincar de esconde-esconde, correr no parque, entre outras. O importante é se movimentar, independentemente do ambiente.
Adolescência: como manter o interesse em movimento nessa fase desafiadora
Incentive a autonomia na escolha
Dar poder de decisão ao adolescente é essencial. Ele deve sentir que tem voz ativa sobre como e quando quer se exercitar, respeitando seus próprios ritmos e preferências.
Valorize os resultados além da estética
Muitos adolescentes se preocupam com aparência, mas o foco deve ser saúde, disposição e equilíbrio emocional. Conversar sobre isso ajuda a evitar comparações nocivas e promove um relacionamento saudável com o corpo.
Encoraje com metas realistas
Pequenas conquistas, como aprender um novo movimento ou completar uma semana ativa, devem ser celebradas. Isso gera motivação contínua e senso de progresso.
Considerações finais
Estimular crianças e adolescentes a praticar atividades físicas exige paciência, criatividade e envolvimento contínuo dos adultos ao redor. Mais do que impor uma rotina, é necessário criar um ambiente acolhedor onde o exercício seja percebido como prazer, e não como punição ou obrigação. Quando o movimento se torna parte da cultura familiar e escolar, ele deixa de ser uma tarefa para se tornar um hábito de vida.
Investir desde cedo nesse estímulo é garantir que nossos jovens cresçam mais saudáveis, resilientes e felizes — tanto física quanto emocionalmente.













