Implante hormonal gratuito será oferecido pelo SUS para ampliar acesso à contracepção
Governo anuncia nova política de contracepção
O Ministério da Saúde confirmou que o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a disponibilizar gratuitamente o implante Implanon, um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis atualmente. A medida tem como objetivo ampliar o acesso ao planejamento familiar, principalmente para adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade. O anúncio oficial ocorreu após a aprovação da proposta pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
Leia Mais:
Terapia de casal ganha novo papel e se fortalece como prática preventiva
O que é o Implanon?
Um bastão pequeno com efeito duradouro
O Implanon é um pequeno tubo flexível, com cerca de 4 cm de comprimento, que contém o hormônio etonogestrel. Ele é inserido sob a pele do braço da paciente, com anestesia local, e libera o hormônio continuamente na corrente sanguínea. Sua função é impedir a ovulação, dificultar o acesso dos espermatozoides ao útero e alterar o revestimento uterino para evitar a implantação de óvulos.
Quanto tempo ele funciona?
A principal vantagem do Implanon é sua longa duração: três anos de eficácia contraceptiva contínua com apenas uma aplicação. Quando removido, o retorno à fertilidade costuma acontecer em poucas semanas.
Como será a implantação pelo SUS?
Lançamento programado ainda para 2025
Segundo o Ministério da Saúde, as primeiras unidades do Implanon começarão a ser distribuídas à rede pública no segundo semestre de 2025. Estima-se que 500 mil implantes serão entregues ainda neste ano, com a previsão de atingir 1,8 milhão de unidades até 2026. O investimento do governo para a compra desses dispositivos gira em torno de R$ 245 milhões.
Treinamento dos profissionais de saúde
Para que a implantação do método ocorra de forma segura, médicos e enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde (UBS) serão treinados para realizar tanto a colocação quanto a retirada do implante. O procedimento é simples, mas exige preparo técnico e protocolos específicos de acompanhamento.
A quem se destina o implante?
Indicação a partir da adolescência
O Implanon será disponibilizado para pessoas a partir dos 14 anos com capacidade reprodutiva. O foco principal da política é facilitar o acesso à contracepção para jovens e mulheres com baixa renda, que frequentemente enfrentam barreiras ao acesso de métodos contraceptivos de longa duração.
Restrições e contraindicações
Apesar de ser seguro para a maioria das pessoas, o método não é recomendado para mulheres com histórico de câncer de mama, doenças hepáticas graves ou alergia ao hormônio utilizado. Cada paciente deverá passar por avaliação médica antes da aplicação.
Quais os benefícios do método?

Alta eficácia
O Implanon possui uma taxa de falha inferior a 0,1%, sendo um dos métodos mais seguros disponíveis atualmente. Isso significa que, a cada mil mulheres que utilizam o implante corretamente, menos de uma engravida durante o período de três anos.
Conforto e praticidade
Ao contrário da pílula anticoncepcional, que exige ingestão diária, ou da injeção mensal, o Implanon garante proteção de forma discreta e sem interferência na rotina da paciente. Ele também não depende da memória ou da disciplina de uso.
Reversibilidade garantida
Caso a paciente deseje engravidar antes do fim do período de três anos, basta solicitar a retirada do implante. A fertilidade costuma retornar rapidamente após a remoção.
Comparação com outros métodos
Implanon x DIU
Ambos são métodos de longa duração. O Implanon libera hormônio continuamente, enquanto o Dispositivo Intrauterino (DIU) age localmente no útero. O Implanon costuma ser menos invasivo e mais indicado para jovens, principalmente as que nunca tiveram filhos.
Implanon x pílula anticoncepcional
Apesar de a pílula ser amplamente utilizada, sua eficácia depende da administração correta e contínua. O Implanon, por outro lado, oferece proteção automática após a aplicação, sem risco de esquecimentos.
Impactos esperados na saúde pública
Redução de gravidez precoce
A medida é vista como um avanço no combate à gravidez não planejada entre adolescentes. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 15% dos nascimentos no Brasil ocorrem entre jovens de 10 a 19 anos, faixa etária que deve ser diretamente beneficiada com o implante.
Fortalecimento do planejamento reprodutivo
A distribuição gratuita do Implanon no SUS também deve contribuir para fortalecer as políticas de saúde sexual e reprodutiva, garantindo às mulheres maior autonomia sobre suas escolhas e corpos.
Menor mortalidade materna
Ao reduzir gravidezes de risco, especialmente entre jovens e mulheres em situação social precária, o novo programa pode impactar positivamente os indicadores de mortalidade materna, que ainda preocupam as autoridades brasileiras.
Possíveis efeitos colaterais
Alterações no ciclo menstrual
Como todo método hormonal, o Implanon pode provocar mudanças nos padrões menstruais, incluindo ausência de menstruação, sangramento irregular ou mais intenso nos primeiros meses.
Reações comuns e temporárias
Algumas mulheres relatam sensibilidade nos seios, alterações de humor, dor de cabeça ou acne. Em geral, esses efeitos são leves e tendem a diminuir com o tempo.
Avaliação médica é essencial
Antes de iniciar o uso, é fundamental realizar uma avaliação médica individualizada para garantir que o método é apropriado para o perfil da paciente.
Como será o acesso ao implante?
Atendimento nas unidades de saúde
O Implanon será disponibilizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). As interessadas devem procurar o serviço para receber orientações, passar por triagem e, caso estejam aptas, agendar a aplicação.
Acompanhamento após a aplicação
Após o procedimento, a paciente deverá retornar à unidade de saúde para monitoramento de reações e verificação do posicionamento do implante. Em caso de efeitos adversos, a remoção poderá ser realizada a qualquer momento.
Um passo importante para a saúde das mulheres
A oferta do Implanon no SUS marca um avanço nas políticas públicas de planejamento reprodutivo e igualdade de acesso. Ao incluir um método moderno, eficaz e de longa duração na rede pública, o Brasil caminha para reduzir desigualdades, oferecer mais autonomia às mulheres e promover uma cultura de cuidado preventivo.
Além de prevenir a gravidez indesejada, o novo programa representa um gesto concreto de valorização da saúde feminina — especialmente das jovens que, até então, enfrentavam grandes barreiras para acessar métodos contraceptivos duradouros e seguros.


