Nomes antigos voltam com força entre os pais da geração Z
Um fenômeno curioso e cheio de significado vem chamando a atenção de especialistas em comportamento e demografia em 2025: os nomes de bebês mais escolhidos por pais jovens são, na verdade, os mesmos que estavam em alta décadas atrás. A geração Z, nascida entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, agora em idade fértil, está recuperando nomes clássicos como Helena, Miguel, Cecília e Antônio com entusiasmo renovado.
Longe de serem escolhas ultrapassadas, esses nomes representam um resgate afetivo, estético e até cultural em um mundo cada vez mais volátil. A preferência por nomes antigos reflete o desejo de conexão com o passado, a valorização da tradição familiar e o gosto crescente por referências vintage em todos os aspectos da vida — inclusive na identidade dos filhos.
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O que está por trás do retorno dos nomes clássicos
Estética nostálgica com olhar moderno
Na era da tecnologia acelerada, muitos pais jovens encontram conforto no passado. Isso se traduz em escolhas como nomes que remetem aos avós, bisavós ou personagens históricos. Para a geração Z, nomes como Alice, Joaquim ou Beatriz evocam uma elegância atemporal que contrasta com a efemeridade das modas digitais.
A influência da cultura “retrô”
Assim como vinis, roupas dos anos 80 e penteados vintage voltaram a ser tendência, os nomes antigos também seguem essa lógica. Essa busca por referências do passado é chamada de cultura “newtro” — mistura de “new” (novo) com “retro” (retrô) — que valoriza a tradição, mas com uma abordagem contemporânea.
Nomes que resistem ao tempo
Ao contrário de nomes modernos ou inventados que podem envelhecer mal, nomes clássicos têm um histórico comprovado de aceitação em todas as fases da vida. Isso é um atrativo importante para pais que pensam não só no presente, mas no futuro da criança.
Os nomes antigos mais escolhidos em 2025
Principais nomes femininos
- Helena: mantém-se há anos no topo da lista nacional. Remete à beleza e à força mitológica.
- Cecília: carrega sofisticação e sensibilidade. Associado a arte, literatura e música.
- Beatriz: nobre e elegante, significa “aquela que traz felicidade”.
- Alice: delicado e universal, evoca a fantasia literária.
- Emília: resgatado com carinho pela lembrança de personagens clássicos da cultura brasileira.
- Valentina e Clara: embora mais modernos, já são considerados nomes de base clássica.
Principais nomes masculinos
- Miguel: há mais de uma década entre os favoritos. Forte, bíblico e familiar.
- Antônio: tradicionalíssimo, está voltando com força como homenagem a ancestrais.
- Joaquim: tem origem hebraica e traz charme e distinção.
- Otávio: solene e histórico, popular entre pais que gostam de nomes imponentes.
- Vicente: tem crescido em popularidade nos últimos anos, por sua sonoridade suave e distinta.
- Arthur e Heitor: mesmo populares, são nomes antigos que seguem fortes na tendência.
Por que os pais da geração Z preferem nomes antigos?

Resgate emocional
Muitos jovens pais têm escolhido nomes que eram comuns em suas famílias, especialmente entre avós e bisavós. Esse resgate serve como uma forma de manter viva a memória de entes queridos e honrar tradições familiares.
Originalidade dentro do clássico
Em tempos em que nomes curtos, estrangeiros ou inventivos dominaram o cenário, um nome como Cecília ou Joaquim pode soar mais original. Para a geração Z, que busca se destacar e se posicionar de forma autêntica, essa escolha é estratégica.
A força do significado
Nomes antigos costumam ter significados profundos e inspiradores. Por exemplo, “Cecília” vem do latim e está ligada à música e à doçura; “Miguel”, do hebraico, remete à força divina. Isso confere personalidade desde o nascimento.
Como as redes sociais e a cultura pop influenciam essas escolhas
A disseminação de listas, vídeos e conteúdos sobre maternidade nas redes sociais é um fator determinante. Influenciadores, celebridades e perfis voltados à parentalidade divulgam tendências e revivem nomes antigos com estética refinada e apelo emocional.
Além disso, nomes clássicos ganham visibilidade em novelas, filmes e séries. Quando associados a personagens fortes ou queridos pelo público, esses nomes rapidamente se tornam desejo dos pais.
Dados oficiais reforçam a tendência
Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os nomes mais registrados nos primeiros meses de 2025 reforçam o retorno da tradição. Miguel, Helena, Alice, Arthur e Cecília figuram entre os mais comuns nos cartórios de todo o país.
O levantamento também mostra uma queda nos nomes importados ou inspirados em celebridades internacionais. A preferência agora é pelo que é familiar, brasileiro, com história.
Os nomes antigos preferidos por região
Em São Paulo, por exemplo, nomes como Helena e Miguel lideram os registros. Já no Nordeste, cresce a adoção de nomes como Antônio, Maria e Joaquim, muitos deles usados com duplos — como Maria Cecília ou João Miguel.
No Sul, há valorização de nomes germânicos e italianos antigos, como Clara, Elisa, Enzo e Matteo. Mesmo que modernos à primeira vista, muitos desses nomes têm raízes profundas e familiares.
Dicas para escolher um nome clássico
- Pesquise o significado: entender a origem do nome ajuda a fortalecer o vínculo com ele.
- Pense no futuro: imagine seu filho com aquele nome aos 5, 25 e 50 anos.
- Verifique a pronúncia: nomes clássicos costumam ter fonética simples e elegante.
- Evite modismos: opte por nomes que já passaram pelo teste do tempo.
- Considere a combinação: o nome completo (nome + sobrenome) deve ter fluidez.
- Homenagens conscientes: resgatar o nome de um avô ou parente querido pode ser uma bela homenagem, mas deve ser pensada com cuidado.
Considerações finais
A escolha do nome de um bebê é uma das decisões mais simbólicas da parentalidade. Em 2025, a geração Z tem mostrado que tradição e modernidade podem andar juntas, especialmente quando o assunto é identidade. Os nomes antigos voltaram não apenas como moda, mas como manifestação de valores, afeto e desejo de permanência em um mundo instável.
Mais do que recuperar o passado, os pais estão projetando para o futuro nomes que resistem ao tempo — e, com isso, construindo pontes entre gerações.













