Cidade da fronteira se transforma em lar para milhares de estrangeiros
Nos últimos cinco anos, Foz do Iguaçu tem vivenciado um fenômeno silencioso, mas significativo: a chegada constante de estrangeiros que escolhem a cidade como novo lar. De acordo com dados da Polícia Federal, entre 2019 e 2024, quase 5 mil pessoas de outras nacionalidades solicitaram residência na cidade paranaense, evidenciando um crescimento na diversidade cultural da região e reafirmando sua importância geopolítica e turística.
Famosa pelas imponentes Cataratas do Iguaçu e por abrigar a usina hidrelétrica de Itaipu, a cidade está localizada em uma região estratégica na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Essa condição geográfica favorece não apenas o turismo, mas também a mobilidade de cidadãos estrangeiros que buscam novas oportunidades de vida, trabalho ou estudo.
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Perfil dos estrangeiros que escolhem Foz
Nacionalidades mais frequentes e motivações
O grupo de estrangeiros residentes em Foz do Iguaçu é composto principalmente por cidadãos latino-americanos, como paraguaios, argentinos, venezuelanos e haitianos, além de pessoas oriundas de países asiáticos e africanos. A presença significativa de paraguaios e argentinos é explicada pela proximidade geográfica, mas a cidade também passou a atrair um número crescente de migrantes de outras regiões do mundo, como sírios, libaneses e senegaleses.
As principais razões para essa escolha incluem:
- Proximidade com os países vizinhos
- Oportunidades no comércio e turismo
- Infraestrutura urbana razoável
- Facilidade de integração em comunidades estrangeiras já estabelecidas
- Instituições de ensino técnico e superior que atraem estudantes
Foz do Iguaçu como polo turístico global
Cataratas do Iguaçu e a hospitalidade multicultural
A cidade de Foz do Iguaçu é uma das principais portas de entrada para o turismo internacional no Brasil. As Cataratas do Iguaçu, que receberam mais de 1,6 milhão de visitantes em 2023, são um dos pontos turísticos mais visitados da América do Sul e Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.
A vocação turística de Foz vai além da natureza. O local abriga templos religiosos de diversas tradições, o Marco das Três Fronteiras, museus, parques temáticos e infraestrutura hoteleira de padrão internacional. A presença de estrangeiros residentes contribui para o ambiente cosmopolita, favorecendo a hospitalidade e a oferta de serviços em diferentes idiomas.
Tríplice fronteira e circulação internacional

Mobilidade diária entre Brasil, Paraguai e Argentina
A dinâmica da tríplice fronteira faz com que seja comum a circulação diária de pessoas entre as cidades de Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina). Muitos estrangeiros que vivem em Foz mantêm vínculos comerciais ou familiares com os países vizinhos, tornando a cidade um ponto de encontro entre diferentes culturas e economias.
A Ponte da Amizade (Brasil-Paraguai) e a Ponte Tancredo Neves (Brasil-Argentina) são passagens estratégicas tanto para o comércio quanto para o turismo, e facilitam o acesso a produtos importados, serviços de saúde, educação e entretenimento.
Imigração e desafios da integração social
Educação, trabalho e acesso a serviços públicos
Com o aumento do número de estrangeiros, Foz do Iguaçu tem buscado se adaptar para atender às novas demandas sociais. Escolas da rede municipal já oferecem atividades de acolhimento linguístico para crianças e adolescentes de outras nacionalidades. Além disso, ONGs e instituições religiosas prestam apoio jurídico, psicológico e assistencial a imigrantes em situação de vulnerabilidade.
No mercado de trabalho, muitos estrangeiros atuam nos setores de comércio, construção civil, serviços turísticos e gastronomia. No entanto, a informalidade ainda é um desafio enfrentado por parte significativa dessa população, especialmente entre os recém-chegados.
Saúde e habitação
A rede pública de saúde da cidade também se adaptou à diversidade cultural, com atendimentos em diferentes idiomas e protocolos voltados a populações migrantes. Em relação à moradia, embora haja casos de vulnerabilidade, muitos estrangeiros conseguem se estabelecer com apoio de redes comunitárias e igrejas.
Integração cultural e diversidade religiosa
Uma cidade marcada pela convivência entre diferentes povos
A integração dos estrangeiros em Foz do Iguaçu vai além dos aspectos econômicos. A cidade é conhecida por sua convivência pacífica entre múltiplas etnias e religiões. A Mesquita Omar Ibn Al-Khattab, o Templo Budista Chen Tien, centros espirituais indígenas e igrejas cristãs de diferentes tradições fazem parte do cotidiano local, reforçando o caráter inter-religioso da cidade.
Eventos culturais, feiras gastronômicas, festivais de música e dança de diferentes países são comuns no calendário da cidade e ajudam a fortalecer os laços entre brasileiros e estrangeiros.
Políticas públicas e perspectivas para o futuro
Estratégias para fortalecer o acolhimento e o desenvolvimento
O município tem desenvolvido parcerias com órgãos federais e organizações internacionais para promover políticas públicas que fortaleçam o acolhimento e a permanência de estrangeiros em situação regular. Programas de capacitação profissional, ensino de português como língua adicional e incentivo ao empreendedorismo têm sido implementados para garantir maior autonomia aos imigrantes.
Nos próximos anos, a tendência é que Foz do Iguaçu continue a atrair visitantes e novos moradores de diversas partes do mundo. Com investimentos em infraestrutura turística, educação bilíngue e políticas de inclusão, a cidade se consolida como um modelo brasileiro de integração fronteiriça e multiculturalismo.
O impacto da imigração na economia local
Estrangeiros movimentam comércio e serviços
A presença de quase 5 mil estrangeiros legalmente registrados também gera impactos positivos na economia da cidade. Ao se instalarem em Foz, essas pessoas passam a consumir produtos locais, contratar serviços, alugar imóveis e utilizar transportes. Além disso, muitos abrem pequenos negócios — como restaurantes, salões, mercearias e lojas de roupas — que valorizam a cultura de seus países de origem e geram empregos para brasileiros.
Estima-se que a população migrante movimente milhões de reais por ano na economia local, contribuindo com o crescimento da cidade de forma significativa.
Considerações finais
A cidade de Foz do Iguaçu vem demonstrando, ao longo dos últimos cinco anos, sua força como um território de acolhimento e oportunidades. A presença de quase 5 mil estrangeiros com residência autorizada reforça seu papel de destaque no turismo e na integração regional.
Com políticas públicas mais robustas e participação ativa da sociedade civil, Foz pode se tornar um modelo de convivência multicultural, onde visitantes se tornam moradores e a diversidade se transforma em motor de desenvolvimento social e econômico.


