Best Of Web

O botão mágico que leva as melhores historias a seu Facebook.

Fortuna de Mark Zuckerberg dispara em 2024, mas escola para crianças carentes será encerrada por falta de recursos

ricos

O cofundador da Meta Platforms, Mark Zuckerberg, vivenciou um crescimento explosivo em seu patrimônio pessoal em 2024. Graças à valorização das ações da empresa e à recuperação no setor de tecnologia, sua fortuna aumentou em mais de US$ 79 bilhões apenas neste ano. Porém, o anúncio do fechamento de uma escola gratuita voltada para crianças de baixa renda na Califórnia, fundada com apoio direto de sua instituição filantrópica, gerou um forte contraste e reacendeu debates sobre responsabilidade social dos bilionários.

Leia Mais:

Golpistas usam nome de Mark Zuckerberg no WhatsApp para atrair vítimas com promessas de emprego na Meta

Bilionário tem fortuna multiplicada com ações da Meta

Avanço da tecnologia e da inteligência artificial impulsionam resultados

Zuckerberg teve um dos maiores crescimentos de patrimônio entre os bilionários do setor de tecnologia em 2024. O bom desempenho da Meta, especialmente com o crescimento de ferramentas baseadas em inteligência artificial, retorno dos anunciantes ao Facebook e expansão do Reels, elevou a avaliação da empresa no mercado de ações. Como maior acionista individual, ele foi diretamente beneficiado.

Ao final do ano, o Bloomberg Billionaires Index atualizou sua posição no ranking dos mais ricos do mundo, colocando-o entre os cinco primeiros colocados, com patrimônio estimado em mais de US$ 120 bilhões. O salto financeiro, entretanto, não foi acompanhado por todos os projetos sociais ligados à sua imagem.

Projeto educacional criado por Zuckerberg será descontinuado

The Primary School: um modelo de educação integrada

Em 2016, a Chan Zuckerberg Initiative (CZI), organização filantrópica criada por Mark Zuckerberg e sua esposa, a médica Priscilla Chan, lançou uma escola gratuita em East Palo Alto, na Califórnia, voltada para atender famílias de baixa renda. Nomeada The Primary School, a instituição foi pensada como uma proposta de ensino inovadora, combinando currículo escolar com serviços médicos, apoio psicológico e acompanhamento familiar.

Durante quase uma década, a escola operou com foco em crianças de comunidades marginalizadas, oferecendo desde o ensino básico até cuidados pediátricos e suporte familiar em tempo integral. O modelo era citado como exemplo de integração entre saúde e educação pública.

Encerramento programado para o fim de 2024

Apesar da missão e do impacto social, a escola anunciou que irá encerrar suas atividades ao término do atual ano letivo. O motivo oficial divulgado pela direção foi a dificuldade de garantir o financiamento necessário para sustentar o funcionamento da estrutura no longo prazo.

O anúncio surpreendeu pais, educadores e comunidades da região, especialmente por vir no mesmo ano em que o fundador da iniciativa aumentou substancialmente sua riqueza pessoal. Muitos apontam a contradição entre o sucesso financeiro individual e a inviabilidade econômica de um projeto social promovido pela mesma entidade.

Comunicado oficial destaca falta de recursos

A Chan Zuckerberg Initiative informou, em nota à imprensa, que os custos para manter a escola com o padrão de atendimento desejado superaram as projeções iniciais. Segundo o texto, a decisão foi tomada após anos tentando tornar o modelo financeiramente viável sem comprometer a qualidade dos serviços.

A fundação afirmou que ainda pretende apoiar projetos na área da educação, mas que The Primary School, especificamente, será encerrada por não ter conseguido atingir a sustentabilidade necessária. O número exato de crianças impactadas não foi divulgado, mas estima-se que centenas de famílias dependem diretamente da estrutura oferecida pela escola.

Críticas aumentam com o contraste entre riqueza e ação social

mark
Mark Zuckerberg (Crédito: REUTERS/Manuel Orbegozo)

População local se sente desamparada

Moradores da região de East Palo Alto manifestaram frustração com o fechamento da instituição. Para muitas famílias, a escola ia além do ensino tradicional: representava acesso à saúde, apoio psicológico e um ambiente seguro para o desenvolvimento das crianças. Em reuniões comunitárias, pais lamentaram a perda e cobraram explicações mais detalhadas sobre os critérios que levaram à decisão.

Filantropia de bilionários em xeque

A repercussão do caso extrapolou os limites da cidade. Organizações de justiça social e especialistas em educação passaram a questionar a real efetividade das ações filantrópicas comandadas por grandes fortunas do Vale do Silício. Apesar de prometerem doações bilionárias, muitos desses projetos enfrentam interrupções quando o retorno financeiro ou o alcance desejado não se concretizam.

O caso da escola fundada por Zuckerberg tornou-se símbolo desse dilema: até que ponto bilionários estão comprometidos com mudanças estruturais na sociedade ou apenas com iniciativas de impacto pontual?

Histórico de promessas da Chan Zuckerberg Initiative

Compromisso com a doação de ações da Meta

Ainda em 2015, logo após o nascimento de sua primeira filha, Mark Zuckerberg anunciou publicamente que ele e Priscilla Chan pretendiam doar 99% de suas ações da Meta para causas sociais ao longo da vida. A decisão, na época, foi celebrada como uma das maiores promessas de filantropia privada do século XXI.

Entretanto, desde então, parte da crítica gira em torno da estrutura da CZI. Diferente de fundações tradicionais, a Chan Zuckerberg Initiative funciona como uma LLC (empresa de responsabilidade limitada), o que permite maior liberdade sobre onde e como os recursos são investidos — inclusive em iniciativas que não são estritamente filantrópicas.

Investimentos em ciência, saúde e habitação

Além da educação, a entidade tem projetos voltados para pesquisas médicas, tecnologias sociais, habitação acessível e reforma do sistema penal nos Estados Unidos. Apesar disso, o encerramento de um projeto tão simbólico como The Primary School reforçou a percepção de que nem todas as promessas têm continuidade prática.

Desigualdade evidenciada e impacto social

Perda de um modelo educacional inovador

O fim da escola representa mais do que o fechamento de uma instituição: marca o desmonte de um modelo que integrava escola, saúde e apoio familiar. Com a interrupção das atividades, perde-se também uma referência de inovação que estava sendo estudada por outras cidades como exemplo de educação pública inclusiva e de alta qualidade.

Futuro incerto para famílias atendidas

Sem alternativas similares na região, muitas famílias precisarão recorrer a escolas públicas tradicionais, que não oferecem os mesmos serviços de suporte. A prefeitura local tenta buscar alternativas, mas reconhece que a ausência da estrutura deixará uma lacuna difícil de ser preenchida no curto prazo.

Considerações finais

O contraste entre o crescimento da fortuna de Mark Zuckerberg e o encerramento de um projeto social voltado à educação básica para crianças pobres escancarou uma realidade incômoda: nem sempre o sucesso financeiro dos mais ricos se traduz em compromissos sustentáveis com o bem-estar coletivo. A decisão de fechar The Primary School, embora justificada por limitações orçamentárias, gerou indignação e levantou questionamentos sobre a legitimidade e a durabilidade das iniciativas filantrópicas que dependem da boa vontade dos ultrarricos.

Enquanto o bilionário acumula lucros recordes em 2024, centenas de famílias veem ruir um espaço que representava esperança, dignidade e oportunidade. A lição deixada pelo caso é clara: não basta doar, é preciso sustentar, acompanhar e garantir que o impacto social não seja apenas temporário ou simbólico. A sociedade continua a exigir não só caridade, mas responsabilidade contínua dos que detêm o poder e os recursos.


Fortuna de Mark Zuckerberg dispara em 2024, mas escola para crianças carentes será encerrada por falta de recursos
Rolar para o topo