Entre os inúmeros ícones de Roma, a Fontana di Trevi ocupa um lugar especial na memória de turistas e moradores. Construída no século XVIII e eternizada no cinema, essa obra-prima barroca é muito mais do que um belo cenário: carrega histórias milenares, lendas e costumes que atravessam gerações. A seguir, reunimos fatos e detalhes que mostram por que a fonte encanta milhões de visitantes todos os anos.
A cidade escondida sob a fonte
Poucos imaginam que, sob os pés de quem admira a Fontana di Trevi, existe um verdadeiro tesouro arqueológico. O local abriga o Vicus Caprarius, conhecido como “Cidade da Água”, um conjunto de ruínas da Roma Antiga preservado desde o século I. Entre os achados estão trechos de residências, ruas e estruturas hidráulicas ligadas ao aqueduto Aqua Virgo.
Esse aqueduto, inaugurado em 19 a.C., era responsável por abastecer parte da cidade com água pura. A lenda diz que uma jovem teria mostrado aos engenheiros o local da nascente, e essa história está retratada em esculturas presentes na própria fonte.
Um projeto encomendado por um Papa
A grandiosidade da Fontana di Trevi começou a tomar forma graças ao Papa Clemente XII. Em 1730, ele lançou um concurso para escolher o arquiteto responsável pela obra. Embora o vencedor inicial tenha sido Alessandro Galilei, a escolha gerou críticas e protestos, levando à nomeação de Nicola Salvi, que iniciou os trabalhos em 1732.
A construção se estendeu por três décadas. Salvi faleceu antes de vê-la concluída, e a finalização ficou a cargo de Giuseppe Pannini e outros escultores. O resultado é um conjunto monumental que se tornou um dos maiores símbolos de Roma.
A imponência do barroco romano

A Fontana di Trevi é a maior fonte barroca da cidade, medindo cerca de 26 metros de altura por 49 metros de largura. Esculpida principalmente em pedra de travertino — o mesmo material usado no Coliseu —, a obra combina arquitetura, escultura e o movimento constante da água para criar uma cena de grande impacto visual.
O destaque central é a figura de Oceanus, conduzindo uma carruagem em formato de concha puxada por cavalos-marinhos e guiada por tritões. Ao redor, outras figuras simbolizam a abundância e a pureza da água.
A tradição das moedas
Talvez o costume mais famoso ligado à Fontana di Trevi seja o de jogar moedas na água. Segundo a tradição, atirar uma moeda garante o retorno a Roma; duas moedas, a chance de encontrar um novo amor; e três moedas, o desejo de casamento.
O ato deve ser feito com a mão direita, jogando a moeda por cima do ombro esquerdo. Estima-se que cerca de 3.000 euros sejam lançados diariamente na fonte. Todo o valor arrecadado é destinado a programas sociais administrados pela Caritas, organização que auxilia pessoas em situação de vulnerabilidade.
A relação com o cinema
A fonte ganhou projeção internacional ao aparecer em cenas marcantes de filmes, sendo a mais famosa a de Anita Ekberg no clássico La Dolce Vita (1960), de Federico Fellini. Desde então, a Fontana di Trevi tornou-se parada obrigatória para fãs de cinema e fotógrafos.
Controle de visitantes e preservação
O sucesso da Fontana di Trevi também traz desafios. A atração recebe milhares de turistas diariamente, o que exige medidas de controle para evitar danos. Autoridades romanas têm adotado estratégias como delimitar áreas de acesso e, em certos períodos, cogitar cobrança simbólica para visitação próxima à água.
Por trás do espetáculo visível, a fonte conta com um moderno sistema de bombas que recircula milhares de litros de água por minuto, mantendo o fluxo constante e evitando desperdícios. Parte dos equipamentos originais ainda é preservada, convivendo com a tecnologia atual.
Um patrimônio vivo
Mais do que um ponto turístico, a Fontana di Trevi é um testemunho da história de Roma e um exemplo de como arte, arquitetura e cultura podem se unir em um só lugar. Caminhar por sua praça, ouvir o som da água e participar das tradições é mergulhar em séculos de história e simbolismo.


