Os filmes de terror estão entre os gêneros mais populares do cinema, atraindo milhões de espectadores todos os anos. Embora a sensação de medo seja desconfortável para alguns, para outros ela se torna irresistível. Mas por que tantas pessoas gostam de se submeter a sustos, cenas macabras e trilhas sonoras tensas? Segundo especialistas, a resposta está ligada a fatores biológicos, psicológicos e até culturais que fazem do terror uma experiência única.
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A ciência por trás do medo
O medo é uma emoção natural e vital para a sobrevivência. Ele prepara o corpo para reagir a situações de perigo, aumentando o estado de alerta. Nos filmes de terror, esse mecanismo é acionado mesmo sem uma ameaça real, o que permite que o público viva uma “simulação” de perigo em um ambiente seguro.
Como o cérebro reage ao terror
Quando assistimos a um filme assustador, a amígdala cerebral — região responsável por processar emoções — é ativada, desencadeando reações como aumento dos batimentos cardíacos, sudorese e liberação de adrenalina. Essa resposta, conhecida como “luta ou fuga”, é a mesma que teríamos diante de um perigo real.
A dopamina e a sensação de prazer
Apesar de parecer contraditório, o medo também pode gerar prazer. Isso ocorre porque, após o susto, o cérebro libera dopamina, neurotransmissor associado à recompensa e ao bem-estar. Para algumas pessoas, essa combinação de tensão e alívio é viciante, criando a vontade de assistir a mais filmes de terror.
Por que algumas pessoas gostam mais de terror do que outras?
Nem todos apreciam o mesmo nível de adrenalina e tensão. Pesquisas sugerem que fatores como personalidade, experiências passadas e até genética influenciam a tolerância ao medo.
Traços de personalidade
Indivíduos que gostam de esportes radicais ou atividades que envolvem risco tendem a se interessar por filmes de terror. Eles são conhecidos por buscar emoções fortes, um traço chamado de “sensation seeking” (busca por sensações).
Experiências e aprendizado
Pessoas que tiveram contato precoce com filmes de terror ou situações assustadoras de forma controlada podem desenvolver uma maior tolerância ao gênero. A familiaridade com os elementos de terror reduz a aversão ao medo.
Controle do ambiente
Outro fator é a sensação de controle. Diferente de um perigo real, o terror no cinema é seguro. Quando o público sabe que pode desligar a TV ou sair do cinema, o medo se torna uma emoção mais administrável e até divertida.
Efeitos físicos e psicológicos do terror

A descarga de adrenalina
Durante um filme assustador, o corpo entra em estado de alerta máximo, liberando hormônios que aumentam a frequência cardíaca e a atenção. Essa resposta fisiológica é uma das razões pelas quais as pessoas se sentem tão envolvidas com a história.
Ansiedade e excitação
Para algumas pessoas, a sensação de medo é acompanhada de ansiedade e excitação, uma mistura que torna a experiência intensa e memorável. Esse estado emocional extremo é comparável ao que sentimos em situações de risco controlado, como montanhas-russas.
Efeito pós-filme
Após o término do filme, há uma sensação de alívio, e o corpo reduz os níveis de estresse. Essa transição da tensão para o relaxamento também é percebida como prazerosa, reforçando a vontade de assistir novamente.
Por que o medo no cinema é diferente do medo real?
Ambiente controlado
Quando assistimos a um filme de terror, estamos em um ambiente seguro. O cérebro entende que não há perigo real, mas, ao mesmo tempo, reage às imagens e sons como se fossem ameaçadores. Isso cria uma experiência única, onde é possível “brincar com o medo” sem riscos.
Narrativas envolventes
O suspense, as reviravoltas e os elementos inesperados mantêm o público preso à trama. A tensão é cuidadosamente construída pelos cineastas, explorando trilhas sonoras, cortes de câmera e jogos de luz para intensificar o medo.
Medo coletivo
Assistir a filmes de terror em grupo pode potencializar a experiência. O medo compartilhado cria laços emocionais e até momentos de descontração, quando todos riem de um susto em comum.
Subgêneros de terror e suas sensações
Terror psicológico
Esse subgênero explora o medo por meio da mente humana, usando a sugestão, a paranoia e o suspense para causar tensão. Exemplos incluem O Iluminado e Cisne Negro.
Gore e horror gráfico
Focado em cenas explícitas e violentas, o terror gore provoca reações físicas fortes, como repulsa e choque. Filmes como Jogos Mortais são exemplos clássicos.
Sobrenatural
Assombrações, fantasmas e entidades sobrenaturais são o foco deste tipo de terror. Invocação do Mal é um dos representantes mais populares.
Terror de sobrevivência
Aqui, o medo é baseado na luta pela vida em situações extremas, como em Um Lugar Silencioso e O Massacre da Serra Elétrica.
Benefícios de assistir a filmes de terror
Estímulo emocional
O terror ajuda a explorar uma ampla gama de emoções, desde o pavor até o alívio, permitindo que o público vivencie sentimentos intensos sem se colocar em perigo real.
Redução do estresse
A descarga de adrenalina e dopamina durante o filme pode, paradoxalmente, reduzir o estresse. A sensação de sobrevivência após um susto cria uma espécie de “reset” emocional.
Exercício mental
O terror pode ajudar o cérebro a lidar melhor com situações de pressão, já que ensina a administrar a ansiedade e a tensão.
Quando o terror pode ser prejudicial?
Excesso de exposição
Para pessoas com ansiedade elevada ou histórico de traumas, filmes de terror podem intensificar sintomas, causando insônia, estresse e pensamentos intrusivos.
Filtros etários
É importante respeitar a classificação indicativa dos filmes, pois conteúdos muito violentos podem ter efeitos negativos em crianças e adolescentes.
Dicas para aproveitar filmes de terror sem medo excessivo
- Escolha filmes compatíveis com sua tolerância ao medo.
- Assista em um ambiente iluminado, caso seja muito sensível.
- Veja acompanhado, para compartilhar a experiência e diminuir a tensão.
- Alterne com outros gêneros para evitar sobrecarga emocional.
Considerações finais
Assistir a filmes de terror é uma forma segura de experimentar emoções extremas. Enquanto alguns fogem de sustos, outros adoram o frio na barriga e a descarga de adrenalina que o gênero oferece. A combinação entre medo, alívio e prazer torna o terror uma experiência fascinante para milhões de pessoas. Entender como o cérebro reage e por que gostamos de sentir medo ajuda a valorizar ainda mais o impacto desse gênero no cinema.













