Um pequeno passo que muda tudo
Em muitas narrativas, pequenos deslocamentos espaciais e temporais têm o poder de alterar profundamente os destinos de seus personagens. “A lista da minha vida” (“The List of My Life”) explora essa dinâmica ao transformar uma crise pessoal em um catalisador de mudança e autodescoberta.
O filme parte de uma premissa simples, mas poderosa: a influência que uma mãe pode ter na vida da filha, mesmo após sua morte. Essa conexão se torna o ponto central da trama, guiando Alex por uma jornada de aprendizado e crescimento. O filme mostra como a perda pode ser um estímulo para que uma pessoa reveja suas escolhas e busque novos caminhos.
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A premissa: uma lista para a vida
O filme, dirigido por Adam Brooks, parte de um drama familiar para tocar em questões universais: o que realmente significa viver plenamente? A história gira em torno de Elizabeth (Connie Britton), uma mulher em estágio terminal de câncer, que deixa para sua filha Alex (Sofia Carson) uma série de DVDs com desafios que precisam ser cumpridos para que ela possa receber sua herança. Mas esses desafios não são apenas pré-requisitos burocráticos — eles são tentativas de mudar a trajetória de Alex e proporcionar a ela a coragem de seguir seus verdadeiros sonhos.
Além da relação entre mãe e filha, o roteiro explora como cada um dos desafios impostos a Alex representa uma oportunidade de redescoberta. Desde as pequenas tarefas cotidianas até as decisões mais difíceis, cada passo que ela dá a aproxima da vida que realmente deseja viver.
Entre mãe e filha: conflito e cura
Alex é uma jovem cheia de dúvidas e expectativas externas que a prendem a uma vida sem propósito. Sua mãe, mesmo em sua ausência iminente, encontra uma forma de guiá-la, instigando reflexões profundas sobre o que realmente importa. O roteiro de Lori Nelson Spielman evita clichês fáceis e oferece um retrato sensível da complexidade das relações familiares.
A relação entre mãe e filha, apesar do amor evidente, também carrega conflitos não resolvidos. Elizabeth sente que Alex desperdiçou talentos e oportunidades, enquanto Alex vê as exigências da mãe como um peso que a impede de viver do seu jeito. Essa dinâmica dá um tom realista ao filme, mostrando que a reconciliação pode acontecer mesmo diante da dor da perda iminente.
Os desafios de Alex
Entre os desafios propostos, estão abandonar um relacionamento fracassado, retomar um sonho antigo e abrir-se para o amor verdadeiro. Essas missões funcionam como metáforas para dilemas enfrentados por qualquer pessoa em busca de significado.
Ao longo do filme, Alex percebe que os desafios não são apenas exigências arbitrárias de sua mãe, mas sim oportunidades de crescimento. Cada um deles a empurra para fora de sua zona de conforto e a obriga a encarar seus medos e inseguranças. O público acompanha essa transformação de perto, criando uma conexão emocional forte com a protagonista.
Romance e redenção

No meio dessa jornada, Alex conhece Bradley (Kyle Allen), um advogado inicialmente responsável por monitorar a execução dos desafios. O que começa como uma relação profissional se transforma em um romance inesperado, provando que, muitas vezes, o amor surge onde menos esperamos.
O romance entre Alex e Bradley se desenvolve de maneira orgânica, sem pressa, o que contribui para a credibilidade da trama. O filme evita exageros e permite que os personagens se conheçam e se apoiem ao longo da narrativa. Mais do que um simples interesse amoroso, Bradley representa para Alex uma nova perspectiva de vida.
Um drama que transcende a doença
Apesar de a narrativa girar em torno de uma doença terminal, “A lista da minha vida” evita transformar o câncer em um simples dispositivo dramático. Em vez disso, o filme usa a condição de Elizabeth como uma ferramenta para questionar como vivemos nossas próprias vidas.
Muitos filmes que abordam doenças terminais acabam focando exclusivamente na tragédia da perda, mas este longa consegue equilibrar tristeza e esperança. A história ressalta a importância de valorizar cada momento e de tomar decisões que levem a uma vida mais plena e autêntica.
O legado de Elizabeth
Ao final, a grande herança que Elizabeth deixa para Alex não está nos bens materiais, mas na coragem de viver de acordo com seus verdadeiros desejos. O filme nos lembra que segundas chances nem sempre vêm como esperamos, mas estão sempre ao nosso alcance.
O impacto da jornada de Alex não se resume a ela mesma. Sua transformação também afeta as pessoas ao seu redor, mostrando que mudanças individuais podem inspirar aqueles que nos cercam. Assim, a mensagem do filme se estende além da tela, incentivando o público a refletir sobre suas próprias escolhas.
Considerações finais
“A lista da minha vida” é um convite à reflexão sobre as escolhas que fazemos e as oportunidades que, muitas vezes, deixamos passar. Com atuações tocantes e uma narrativa sincera, o filme se destaca como um drama que equilibra emoção, romance e autodescoberta de forma genuína.
A obra não apenas emociona, mas também inspira, ao mostrar que, mesmo diante das adversidades, sempre há espaço para a transformação. A história de Alex e Elizabeth nos lembra que a vida é feita de momentos, escolhas e, acima de tudo, da coragem de viver sem arrependimentos.


