A apresentadora Fernanda Keulla surpreendeu seus seguidores ao compartilhar que foi diagnosticada com síndrome de Sjögren, uma condição autoimune que interfere na produção de saliva e lágrimas. O anúncio, feito nas redes sociais no início de julho de 2025, chamou atenção tanto pelo desabafo emocional quanto pela importância de conscientizar sobre uma doença silenciosa e frequentemente negligenciada.
Ao relatar o cansaço intenso e os episódios de secura nos olhos e na boca, Fernanda revelou que passou meses em busca de respostas médicas antes de receber o diagnóstico correto. A repercussão foi imediata e levantou debates sobre sintomas aparentemente inofensivos que, quando ignorados, podem sinalizar condições sérias como essa.
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O que é a síndrome de Sjögren?
A síndrome de Sjögren é uma doença autoimune crônica em que o próprio sistema imunológico ataca glândulas que produzem fluidos corporais, principalmente saliva e lágrimas. Essa agressão provoca uma inflamação contínua e leva à redução da lubrificação natural dos olhos, da boca e, em alguns casos, de outras regiões do corpo.
Existem duas formas principais da doença. A primária ocorre quando não está associada a nenhuma outra enfermidade. Já a secundária aparece em pacientes que convivem com outras doenças autoimunes, como lúpus ou artrite reumatoide. Estima-se que cerca de 9 em cada 10 pacientes diagnosticados com a síndrome de Sjögren sejam mulheres, em sua maioria entre os 40 e 60 anos.
Quais são os sintomas mais comuns?
O sintoma mais recorrente é o ressecamento. Nos olhos, isso se traduz por ardência, vermelhidão, visão embaçada e a sensação constante de areia. Já na boca, a falta de saliva provoca dificuldades para engolir, mastigar ou falar, além de favorecer o surgimento de cáries e feridas.
Mas os efeitos não se limitam às mucosas. A síndrome também pode causar fadiga intensa, dor nas articulações, inchaço em glândulas como as parótidas, pele seca, tosse persistente, secura vaginal, problemas renais e até alterações neurológicas em casos mais severos.
O que disse Fernanda Keulla sobre o diagnóstico?
Fernanda contou que há algum tempo enfrentava dificuldades para realizar tarefas simples do dia a dia. Sentia-se sempre cansada, tinha dificuldade de concentração e não entendia por que seu corpo não respondia bem, mesmo com alimentação saudável e hábitos equilibrados.
Ela também relatou que, por muitas vezes, foi interpretada como preguiçosa ou desmotivada, inclusive por pessoas próximas. No entanto, após uma série de exames e visitas a especialistas, o diagnóstico veio por meio de um reumatologista, que identificou o quadro como síndrome de Sjögren.
O desabafo emocionado da apresentadora destacou o alívio de finalmente entender o que estava acontecendo com seu corpo e, ao mesmo tempo, a frustração de ter passado tanto tempo sem respostas.
Como é feito o diagnóstico?
Por se tratar de uma doença com sintomas difusos, o diagnóstico da síndrome de Sjögren costuma ser um desafio. O primeiro passo geralmente é a suspeita clínica, com base na persistência de olhos e boca secos por mais de três meses, além de fadiga e dores articulares.
Após a avaliação inicial, o médico pode solicitar exames específicos. Entre eles estão o teste de Schirmer, que mede a quantidade de lágrimas produzidas, a análise de anticorpos como anti-Ro (SSA) e anti-La (SSB), exames de sangue inflamatórios e até biópsia de glândulas salivares, geralmente feita no lábio inferior.
O conjunto de evidências clínicas e laboratoriais é o que permite a confirmação da doença.
A síndrome tem cura?
A síndrome de Sjögren não tem cura até o momento. No entanto, com acompanhamento médico e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente.
O mais importante é garantir um diagnóstico precoce, o que reduz o risco de complicações mais graves, como danos a órgãos internos ou o desenvolvimento de linfomas, embora este último seja raro.
Quais são os tratamentos disponíveis?

O tratamento depende da gravidade dos sintomas e das áreas afetadas. Para os sintomas oculares, são indicadas lágrimas artificiais, colírios lubrificantes e, em casos mais avançados, medicamentos com ciclosporina. Para a boca seca, saliva artificial, balas sem açúcar e ingestão frequente de água ajudam a reduzir o desconforto.
Em quadros mais severos, com envolvimento sistêmico, o reumatologista pode indicar o uso de medicamentos imunossupressores, como hidroxicloroquina, metotrexato ou corticoides. Em algumas situações, é necessário o uso de drogas biológicas.
Além do acompanhamento clínico, o tratamento envolve cuidados com a alimentação, controle do estresse, prática de exercícios leves e atenção especial à higiene bucal e ocular.
A importância do acompanhamento multidisciplinar
Como a síndrome de Sjögren pode afetar diferentes partes do corpo, é comum que o paciente precise do suporte de uma equipe médica variada. Reumatologistas, oftalmologistas, dentistas, ginecologistas e até psicólogos podem ser envolvidos no cuidado do paciente, dependendo dos sintomas.
O suporte psicológico, inclusive, é fundamental para lidar com os impactos emocionais da doença, que muitas vezes se manifesta de forma invisível e é mal compreendida por quem está ao redor.
Vida com a síndrome de Sjögren
Mesmo sem cura, é possível levar uma vida relativamente normal com a síndrome de Sjögren. O segredo está em manter a regularidade nos cuidados médicos, conhecer bem os sinais do próprio corpo e adotar hábitos que favoreçam o controle da doença.
Evitar ambientes secos, manter uma boa hidratação, proteger os olhos contra vento e luz intensa, ter uma dieta anti-inflamatória e respeitar os limites do corpo são atitudes que fazem a diferença.
Quando procurar ajuda médica?
Se você tem apresentado olhos secos frequentemente, desconforto ao mastigar ou engolir, fadiga incomum e dores articulares sem explicação, é recomendável procurar um clínico geral ou reumatologista. Diagnosticar a síndrome ainda nos estágios iniciais pode prevenir complicações e tornar o controle muito mais eficaz.
Considerações finais
O relato de Fernanda Keulla joga luz sobre uma condição crônica que atinge milhares de brasileiros, mas ainda é pouco conhecida. A síndrome de Sjögren, embora não tenha cura, pode ser tratada e controlada. Para isso, é essencial que os sintomas não sejam ignorados e que o diagnóstico seja feito por profissionais especializados.
O exemplo de Fernanda reforça a importância de dar voz a quem convive com doenças autoimunes. Sua coragem em compartilhar o diagnóstico ajuda não apenas na conscientização, mas também no acolhimento de outras pessoas que, como ela, estão em busca de respostas.













