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Novo exame de sangue pode detectar sinais iniciais do Alzheimer com alta precisão

Um avanço científico promissor realizado por pesquisadores brasileiros pode transformar a forma como o Alzheimer é diagnosticado no país. Um exame de sangue inovador, capaz de identificar indícios precoces da doença, demonstrou eficácia superior a 90%, oferecendo uma alternativa menos invasiva e mais acessível aos métodos tradicionais, como a punção lombar e a tomografia por emissão de pósitrons (PET).

O estudo, publicado por cientistas do Instituto D’Or (Idor), em colaboração com a UFRJ, Neurolife e instituições internacionais, sugere que esse tipo de teste pode tornar o diagnóstico precoce mais viável em larga escala — especialmente em regiões que não contam com infraestrutura avançada para exames neurológicos.

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A importância do diagnóstico precoce

Por que identificar o Alzheimer cedo faz diferença

Detectar a doença nos estágios iniciais pode garantir melhor qualidade de vida ao paciente, ampliar as opções terapêuticas e retardar a progressão dos sintomas. Além disso, a detecção antecipada permite que as famílias se preparem emocionalmente, socialmente e financeiramente.

Tratamentos atuais e sua eficácia

Medicamentos como lecanemab e donanemab, recentemente aprovados em outros países, atuam de forma mais eficaz quando administrados nas fases iniciais da doença. Isso torna o diagnóstico precoce uma ferramenta essencial para selecionar os pacientes que realmente podem se beneficiar dessas terapias.

Como o novo exame funciona

Biomarcadores analisados

O exame mede a presença de proteínas específicas no sangue que estão associadas ao processo de neurodegeneração. Os principais marcadores incluem:

  • pTau217 e pTau181: proteínas tau fosforiladas, que se acumulam de forma anormal no cérebro de pacientes com Alzheimer.
  • Beta-amiloide (Aβ42/Aβ40): fragmentos proteicos cuja deposição em placas é característica da doença.
  • NfL (neurofilamento leve): marcador de dano neuronal.
  • GFAP (proteína ácida fibrilar glial): indica inflamação no sistema nervoso central.

Precisão e confiabilidade

A análise da relação entre pTau217 e beta-amiloide mostrou-se altamente eficaz para identificar a presença de placas amiloides, uma das principais características do Alzheimer. Segundo os pesquisadores, os resultados do exame apresentaram acurácia superior a 90% quando comparados a exames mais invasivos.

Comparação com métodos tradicionais

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Imagem – Bestofweb/Freepik

PET cerebral

Esse tipo de imagem é atualmente um dos padrões mais utilizados para confirmar o diagnóstico de Alzheimer. Porém, além de caro, o exame é limitado a centros médicos especializados e exige o uso de contraste radioativo.

Punção lombar

Permite a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), onde também podem ser encontrados biomarcadores da doença. Embora eficaz, é um procedimento mais invasivo, doloroso e com riscos associados.

Vantagens do exame de sangue

  • Menor custo
  • Mais acessível em todo o território nacional
  • Coleta simples e rápida
  • Pode ser repetido ao longo do tempo para monitoramento

Estudo nacional reforça potencial do teste

Desenvolvimento e parceiros

O exame foi desenvolvido no Brasil por pesquisadores do Idor, com apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colaboração internacional com a Queen’s University (Canadá). Participaram 145 idosos, entre saudáveis, com comprometimento cognitivo leve e com Alzheimer já diagnosticado.

Resultados animadores

Os biomarcadores plasmáticos conseguiram diferenciar com precisão os participantes com Alzheimer daqueles sem a doença, e os dados foram validados com exames de imagem e líquido cefalorraquidiano, assegurando a confiabilidade dos resultados.

Regulamentação e uso clínico

Estados Unidos saem na frente

Em 2025, a FDA (agência reguladora dos Estados Unidos) aprovou o primeiro exame de sangue para Alzheimer, voltado a pessoas com mais de 55 anos que apresentem sintomas cognitivos. O teste, chamado Lumipulse G, mostrou desempenho clínico comparável ao dos exames tradicionais.

Situação no Brasil

Ainda não há aprovação pela Anvisa, mas os dados do estudo brasileiro fortalecem o cenário para uma futura homologação. A expectativa é que, uma vez regulamentado, o exame seja incluído no SUS e também esteja disponível na rede privada.

Limitações do exame

Ainda não indicado para pessoas assintomáticas

O uso do teste em pessoas sem sintomas ainda é limitado. Especialistas recomendam que ele seja aplicado principalmente em pacientes que já apresentem sinais de perda de memória ou dificuldades cognitivas.

Complemento, não substituição

O exame é uma ferramenta importante, mas ainda deve ser usado em conjunto com avaliação clínica e, quando necessário, exames complementares. O diagnóstico definitivo ainda depende de uma abordagem multidisciplinar.

O futuro dos testes sanguíneos para Alzheimer

Tendência global de simplificação

Com o envelhecimento populacional, cresce a necessidade de métodos menos complexos e mais acessíveis para triagem e diagnóstico de doenças neurodegenerativas. O exame de sangue surge como peça-chave para alcançar essa meta.

Novas tecnologias em desenvolvimento

Outros grupos de pesquisa estão trabalhando em biossensores, testes rápidos e até exames feitos por dispositivos móveis que analisam sangue capilar. O objetivo é levar a triagem para ambientes como postos de saúde, clínicas de família e farmácias.

Impacto para o sistema de saúde brasileiro

Envelhecimento e aumento de casos

Estima-se que o número de brasileiros com Alzheimer deve dobrar nas próximas duas décadas. A doença é uma das principais causas de dependência e internações prolongadas em idosos.

Redução de desigualdades

O acesso a um exame simples e preciso pode ajudar na identificação precoce da doença em regiões mais afastadas, onde não há exames de imagem de alta complexidade.

Formação de profissionais

Com o uso do teste, médicos da atenção básica poderão atuar de forma mais eficiente no diagnóstico e encaminhamento dos pacientes, reduzindo a sobrecarga de neurologistas e melhorando o tempo de resposta terapêutica.

Considerações finais

O desenvolvimento de um exame de sangue capaz de identificar precocemente o Alzheimer é um passo decisivo na luta contra essa doença que atinge milhões de pessoas no mundo. A tecnologia promete democratizar o diagnóstico, oferecendo uma alternativa simples, eficaz e acessível aos métodos tradicionais.

No Brasil, os resultados obtidos em estudos locais reforçam a viabilidade da ferramenta e apontam para uma transformação no atendimento à saúde neurológica. Com a aprovação e incorporação do teste aos sistemas de saúde, será possível melhorar o prognóstico de milhares de brasileiros e ampliar o acesso a tratamentos que hoje dependem de diagnósticos complexos.

A esperança de um futuro com menos sofrimento começa com um simples exame de sangue — e ele pode estar mais perto do que imaginamos.

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