História de vida de ex-viciada emociona web. Hoje ela é conhecida como a “mãe da cracolândia”
A cracolândia é um problema de segurança pública que causa bastante discussão entre os moradores da capital paulista. Especialmente no último ano, em que o prefeito eleito, João Dória, tomou medidas severas em relação à cracolândia que ficava na região central.
As opiniões sobre as ações do prefeito são bastante polarizadas, porém, uma coisa que é preciso ser entendida é que a cracolândia está longe de ter acabado, indo contra a afirmação da gestão atual.
Entre todos os “conviventes”, como se chamam entre eles os usuários e moradores de rua, é possível identificar algumas pessoas que parecem não fazer parte daquele cenário, e é aí que Eliana Toscana, 46 anos, se destaca entre funcionários da prefeitura.

Ela, porém, não está ali prestando serviço para nenhum órgão público e, em entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, contou um pouco de sua história.
Vida
A vida de Eliane começou a mudar quando sua irmã de 22 anos foi brutalmente assassinada pelo traficante com o qual mantinha uma relação. “Foi o meu priemiro contato com as drogas”, lembra.
Com a mesma idade em que a irmã foi morta, Eliana já estava formada em letras e passou em um concurso público para trabalhar na polícia civil. Isso não impediu que ela continuasse se drogando e em menos de 1 ano, deixou a corporação.
Hoje, com duas filhas e já curada do vício, Eliana leva uma vida tranquila e realiza trabalhos que vão desde festas infantis à saraus de conteúdo erótico, e nunca abandona seus amigos “conviventes”das ruas.
Ela carrega consigo uma bolsa com diversos presentes que ganha dos colegas na rua. “Tenho alguns caximbos de crack, a única droga que nunca usei. O que mais gosto desses presentes é que são de pessoas que conseguiram se livrar do vício, por isso guardo comigo.”
Conviventes
Os usuários e moradores da cracolândia entrevistado pela equipe dizem que preferem os cuidados da amiga, a quem eles chamam de mãe, ao tipo de tratamento que recebem dos funcionários da prefeitura. “Essa é a nossa mãe até hoje”, diz Edgar Silva, ex-usuário que acompanha Eliana nas missões na rua.
No grupo de Eliane que transita pela cidade também estão incluídos a estudante transsexual Claudia Aparecida Silva e o desempregado Odair Barbosa.

Já Bolívar Rafael, um dos conviventes, pede emprestado uma pouco da maquiagem de Eliana durante a entrevista. “Meu nome de rua é Ramon”, diz ele.
Ramon é cadeirante e homossexual, e conta que sua vida mudou após uma doença que o deixou sem o movimento das pernas. “Antes trabalhava como pizzaiolo, barman e garçom”, lembra ele.
Cidade Linda
Os conviventes escutam atentos enquanto Eliana fala, quase como se ela fosse realmente a mãe deles.

Todos dão risadas quando lembram das declarações do atual prefeito da cidade de São Paulo sobre o fim da cracolândia.
Eles tem medo de que a gestão cancele a moradia em hotéis de alguns dos conviventes, e canecele a “Bolsa Varredura”, ajuda de custo destinada aos usuários que prestam algum tipo de serviço na região.
Fonte: Folha












