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Ir ao banheiro sem vontade pode prejudicar a bexiga, alertam médicos

O hábito de ir ao banheiro “por garantia”: entenda por que isso pode ser um problema

A recomendação “vá ao banheiro antes de sair” é comum, passada de geração em geração, principalmente para evitar imprevistos. No entanto, especialistas têm feito alertas sobre os riscos associados ao costume de urinar sem sentir vontade real. Segundo médicos urologistas e fisioterapeutas pélvicos, esse comportamento, quando repetido com frequência, pode causar alterações na função da bexiga, dificultando o controle urinário no longo prazo.

Embora pareça um gesto de cuidado, urinar sem necessidade fisiológica pode ter impactos no funcionamento do sistema urinário. O corpo possui mecanismos próprios para informar quando é hora de esvaziar a bexiga, e ignorar esse processo natural pode desencadear desequilíbrios.

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Por que algumas pessoas têm esse hábito?

Um comportamento aprendido

Desde a infância, muitas pessoas são ensinadas a “fazer xixi antes de sair”, “antes de dormir” ou “só por precaução”. Essa recomendação, embora bem-intencionada, pode transformar-se em um hábito automático. Em situações como viagens longas, reuniões importantes ou medo de não ter banheiro disponível, a ida antecipada ao banheiro se torna regra — mesmo que não haja necessidade.

Medo da urgência

Pessoas que já enfrentaram episódios de urgência urinária ou incontinência costumam desenvolver ansiedade em relação ao controle da bexiga. Com isso, passam a urinar sempre que possível, acreditando que assim evitarão acidentes. Esse comportamento, no entanto, pode ter o efeito oposto.

Como funciona a bexiga saudável?

Capacidade e funcionamento

A bexiga tem como função principal armazenar urina até o momento adequado para o esvaziamento. Em adultos saudáveis, esse órgão tem capacidade para cerca de 400 a 600 mililitros de urina. O desejo de urinar surge quando a bexiga atinge aproximadamente 50% a 70% da sua capacidade.

Comunicação com o cérebro

A bexiga envia sinais ao cérebro conforme vai se enchendo. O sistema nervoso interpreta esses sinais e gera a sensação de urgência quando o volume atinge determinado limite. Urinar antes de atingir esse ponto pode confundir esse sistema de comunicação com o tempo, prejudicando a sensibilidade e a regulação dos estímulos.

Consequências de urinar sem vontade

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Imagem – Bestofweb/Freepik

Redução da capacidade da bexiga

Um dos riscos mais citados por especialistas é a perda da elasticidade e da capacidade de armazenamento da bexiga. Quando a pessoa esvazia o órgão repetidamente com pouco volume, a bexiga pode se adaptar a funcionar com menor capacidade, resultando em idas mais frequentes ao banheiro.

Desenvolvimento de bexiga hiperativa

A bexiga hiperativa é uma condição em que há uma vontade urgente e repentina de urinar, mesmo quando a bexiga não está cheia. Esse distúrbio pode surgir justamente pelo hábito de urinar por antecipação, que treina o corpo a responder a pequenos estímulos como se fossem grandes.

Riscos de infecção urinária

Urinar sem necessidade ou prender a urina por longos períodos também pode aumentar o risco de infecção urinária. O esvaziamento parcial da bexiga, quando feito constantemente, pode deixar resíduos que favorecem a proliferação de bactérias, principalmente em mulheres, que têm a uretra mais curta.

Impactos na qualidade de vida

Com o tempo, a pessoa passa a depender emocionalmente da ida ao banheiro. Atividades como viajar, sair de casa, assistir a filmes ou participar de eventos sociais passam a ser planejadas em função da disponibilidade de banheiros, o que afeta diretamente a qualidade de vida e o bem-estar.

Quem está mais vulnerável a esse comportamento?

Mulheres

Devido a fatores anatômicos e sociais, as mulheres tendem a ser mais afetadas pelo hábito de urinar por precaução. Muitas têm receio de desenvolver infecções ou de ficar sem banheiro disponível, o que as leva a esvaziar a bexiga antes de sentir vontade real.

Crianças

Na infância, o controle urinário ainda está em desenvolvimento. Se a criança é incentivada a urinar constantemente por precaução, pode ter dificuldade em identificar os sinais naturais do corpo, atrasando o aprendizado e provocando episódios de incontinência.

Idosos

Com o envelhecimento, o sistema urinário sofre alterações naturais. Urinar por hábito e não por necessidade pode acelerar o enfraquecimento da musculatura pélvica e aumentar o risco de incontinência entre pessoas idosas.

Como identificar se o hábito está prejudicando a saúde?

  • Necessidade de urinar mais de 8 vezes ao dia
  • Acordar várias vezes à noite para ir ao banheiro
  • Sensação de urgência constante
  • Dificuldade em segurar a urina mesmo por curtos períodos
  • Ansiedade ligada à presença ou ausência de banheiros

Caso esses sinais estejam presentes, o ideal é buscar avaliação com urologista ou fisioterapeuta pélvico.

Estratégias para reeducar a bexiga

Estabelecer um ritmo de micções

Manter uma rotina regular de idas ao banheiro — de 3 a 4 horas entre cada uma — ajuda a reeducar o corpo a perceber o momento ideal para urinar. Isso permite à bexiga recuperar sua capacidade de armazenamento.

Beber líquidos com equilíbrio

Consumir líquidos de forma equilibrada, principalmente durante o dia, evita sobrecarregar a bexiga ou deixá-la desidratada. À noite, é recomendável reduzir o consumo de bebidas diuréticas.

Exercícios de fortalecimento pélvico

Os exercícios de Kegel fortalecem os músculos do assoalho pélvico, que ajudam no controle da bexiga e evitam perdas urinárias. São especialmente eficazes para mulheres após o parto e pessoas com incontinência leve.

Terapias comportamentais

Fisioterapia uroginecológica e treinamentos de bexiga são indicados para casos em que o hábito já afetou significativamente a função urinária. Nessas terapias, a pessoa reaprende a confiar nos sinais corporais.

Considerações finais

Urinar por precaução parece inofensivo, mas pode ter efeitos duradouros sobre a saúde urinária. A bexiga é um órgão treinável, que responde ao uso que fazemos dela. Quando a rotina é baseada no medo e não na necessidade fisiológica, há risco de desenvolver distúrbios como bexiga hiperativa, infecções recorrentes e incontinência.

Ouvir o corpo, respeitar o tempo da bexiga e manter hábitos equilibrados são atitudes simples, mas fundamentais para preservar a saúde do sistema urinário ao longo da vida.


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