A influência dos meses com “R” na saúde das árvores
Você já ouviu falar que não se deve podar árvores nos meses com a letra “R”? Apesar de parecer apenas uma superstição popular, essa recomendação é levada a sério por especialistas em botânica e jardinagem. A razão está ligada ao ciclo natural das plantas, especialmente ao seu comportamento em diferentes estações do ano.
Durante os meses com “R” — como janeiro, fevereiro, março, abril, setembro, outubro, novembro e dezembro — as árvores geralmente estão em períodos de crescimento ativo, o que torna a poda uma ação arriscada, com consequências negativas para a vitalidade da planta.
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Por que a poda é prejudicial nesses meses?
Ciclo ativo de crescimento
Entre a primavera e o verão, muitas espécies vegetais se encontram em plena atividade metabólica. Isso significa que estão produzindo folhas, flores ou frutos. Interromper esse processo com cortes pode causar estresse, dificultar a cicatrização e até favorecer a entrada de pragas e fungos.
Além disso, as temperaturas mais elevadas e o aumento da umidade criam condições ideais para o surgimento de doenças. Quando a árvore sofre cortes durante esse período, as feridas abertas se tornam portas de entrada para micro-organismos nocivos.
Circulação intensa de seiva
A seiva, que carrega nutrientes por toda a planta, está em maior circulação durante esses meses. Quando a poda é feita nesse momento, a perda de seiva tende a ser maior, o que pode enfraquecer a planta, dificultar a regeneração e comprometer o desenvolvimento saudável da copa.
Quais os melhores meses para realizar a poda?
Período de dormência: maio a agosto
Os meses sem “R” — maio, junho, julho e agosto — são considerados os mais adequados para realizar a poda, principalmente em regiões de clima mais ameno. Nesse intervalo, a maioria das espécies entra em um estado de dormência, com menor atividade fisiológica e crescimento reduzido.
Essa pausa natural permite que as árvores tolerem melhor os cortes, cicatrizem mais rapidamente e retomem o desenvolvimento com mais vigor na primavera.
Menor risco de doenças
Com a redução da umidade e a menor proliferação de pragas nesse período, as árvores ficam menos suscetíveis a infecções. Isso torna a poda mais segura e eficaz, preservando a saúde da planta e evitando intervenções corretivas no futuro.
Tipos de poda e quando cada um deve ser feita

Poda de formação
Aplicada principalmente em árvores jovens, tem como objetivo direcionar o crescimento da planta e criar uma estrutura de copa equilibrada e resistente. É indicada nos primeiros anos de vida da árvore e deve ser feita preferencialmente no final do inverno.
Poda de limpeza
Remove galhos secos, doentes, quebrados ou mal posicionados. É a mais comum nas áreas urbanas e pode ser realizada em qualquer época do ano, desde que seja feita com cautela. Ainda assim, o ideal é que seja feita no período de dormência para facilitar a cicatrização.
Poda de contenção
Utilizada para controlar o tamanho da árvore e evitar conflitos com redes elétricas, construções ou calçadas. Deve ser feita com técnica apurada, respeitando o equilíbrio da planta e os períodos adequados do ano.
Poda de frutificação
Direcionada a espécies frutíferas, tem como objetivo estimular a produção de frutos de melhor qualidade. É feita no final do inverno ou início da primavera, dependendo da espécie, sempre com base no calendário de desenvolvimento da planta.
Cuidados essenciais durante a poda
Use ferramentas adequadas e higienizadas
Tesouras de poda, serras e podões devem estar bem afiados e limpos. A esterilização das lâminas é fundamental para evitar a disseminação de doenças entre as árvores.
Faça cortes limpos e bem posicionados
Evite cortes rasgados ou irregulares. O corte deve ser feito próximo ao ramo principal ou ao tronco, sem deixar tocos longos ou provocar ferimentos desnecessários. Cortes bem feitos aceleram a cicatrização e reduzem o risco de infecção.
Utilize produtos cicatrizantes quando necessário
Em cortes maiores, especialmente em árvores frutíferas, pode ser recomendada a aplicação de pasta cicatrizante ou produtos à base de cobre para evitar a entrada de fungos e bactérias.
Principais erros na poda que você deve evitar
Cortar demais
A retirada de grande parte da copa, acima de 40% da estrutura total, compromete a saúde da árvore. A planta perde capacidade de fotossíntese, armazenamento de energia e defesa natural contra pragas.
Fazer podas fora de época
Podar nos meses com “R” sem necessidade real aumenta os riscos de estresse fisiológico e doenças. O ideal é respeitar o ciclo biológico da árvore.
Repetir cortes no mesmo ponto
Evite podar constantemente os mesmos galhos. Isso pode estimular o surgimento de brotações frágeis e desorganizadas, conhecidas como “envassouramento”, que comprometem a estabilidade da planta.
Aspectos legais da poda urbana
Exigência de autorização
Em áreas públicas ou com vegetação protegida, a poda só pode ser realizada com autorização prévia do órgão ambiental ou da prefeitura. Cortes não autorizados podem gerar multas e processos administrativos.
Responsabilidade do morador
Em propriedades privadas, o dono do imóvel pode realizar a poda, desde que respeite as regras municipais. No entanto, é sempre recomendado buscar orientação técnica para evitar danos à árvore ou à rede urbana.
Multas por poda irregular
Em diversas cidades, podas mal executadas ou sem autorização podem resultar em multas que variam de R$ 500 a R$ 5.000, dependendo da gravidade da infração e do porte da árvore.
A importância de contar com profissionais capacitados
A poda pode parecer uma tarefa simples, mas envolve riscos tanto para quem executa quanto para a saúde da planta. Profissionais especializados em arboricultura conhecem as técnicas corretas, utilizam equipamentos de segurança e sabem como preservar o equilíbrio da árvore.
Em casos mais complexos, como árvores de grande porte, localizadas próximas a fiações elétricas ou em espaços públicos, a contratação de uma empresa especializada ou a solicitação de apoio da prefeitura é indispensável.
Considerações finais
Podar árvores nos meses com “R” pode parecer inofensivo, mas representa um risco significativo à saúde das plantas. Esses meses geralmente coincidem com períodos de maior atividade fisiológica, o que aumenta o estresse das árvores e favorece a entrada de pragas e doenças. Por isso, sempre que possível, opte pela poda nos meses sem “R”, especialmente entre maio e agosto, quando as árvores estão em dormência e mais preparadas para receber intervenções.
Respeitar o ciclo natural das plantas, utilizar técnicas corretas e contar com profissionais qualificados são medidas fundamentais para garantir a vitalidade da arborização urbana e rural. Poda consciente é sinônimo de sustentabilidade, segurança e cuidado com o meio ambiente.


