EUA preparam liberação aérea de moscas estéreis para conter parasita que devora carne
EUA lançam moscas estéreis do céu em ação inédita contra praga que consome carne viva
Os Estados Unidos estão colocando em prática uma medida inusitada e de alta tecnologia para conter o avanço de uma praga perigosa conhecida por devorar carne viva. O plano envolve a liberação aérea de milhões de moscas estéreis em regiões próximas à fronteira com o México, como parte de uma operação biológica voltada para eliminar o parasita New World Screwworm.
A iniciativa é coordenada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), com apoio do governo mexicano e do Panamá, e representa uma resposta urgente ao reaparecimento dessa ameaça, que já foi erradicada em décadas passadas, mas voltou a assustar criadores e autoridades sanitárias.
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O que é o parasita devorador de carne?
Entendendo a screwworm
A screwworm (Cochliomyia hominivorax) é a larva de uma mosca que se instala em feridas abertas de animais vertebrados, inclusive humanos, para se alimentar de tecido vivo. Ao contrário de outras espécies que preferem matéria em decomposição, essa praga se alimenta de carne fresca e causa infecções profundas que, se não forem tratadas, podem levar à morte.
Impacto na saúde e na pecuária
A gravidade da infestação se estende para além do sofrimento dos animais. A praga pode comprometer plantações pecuárias inteiras, elevar os custos veterinários e gerar prejuízos bilionários para a indústria agropecuária. Também há registros de casos humanos em países tropicais, especialmente em áreas com menos acesso a cuidados médicos.
Como funciona o plano de soltura de moscas estéreis

A técnica de controle biológico
O método consiste em criar, em laboratórios, milhões de moscas machos da mesma espécie da screwworm, que são então esterilizados por radiação. Esses insetos são lançados do céu em áreas específicas por aviões adaptados, com o objetivo de cruzar com fêmeas selvagens. Como os machos são inférteis, os ovos resultantes não geram novas larvas, e a população da praga começa a cair drasticamente.
Histórico de eficácia
Essa técnica já foi usada com sucesso na década de 1960, quando os EUA erradicaram a screwworm do território nacional. Desde então, a estratégia foi aplicada também em outros países, como Líbia e Panamá, com resultados satisfatórios. A reedição da tática visa impedir que o parasita retorne aos Estados Unidos em larga escala.
Onde as moscas serão lançadas
Regiões afetadas
O foco atual está na região de Chiapas, no sul do México, onde casos recentes reacenderam o alerta sanitário. As autoridades temem que a praga atravesse a fronteira e se espalhe pelos estados do sul norte-americano, como o Texas. Por isso, os voos com as moscas estéreis acontecerão inicialmente em áreas estratégicas entre os dois países.
Estrutura da operação
As moscas estão sendo produzidas em uma fábrica especializada no Panamá, e outra unidade está sendo construída no Texas para ampliar a capacidade de resposta. Estima-se que cerca de 117 milhões de moscas estéreis por semana sejam lançadas durante a fase crítica da campanha.
Por que essa medida é considerada segura e eficiente
Sem uso de veneno
Ao contrário de pesticidas e agentes químicos, que podem afetar o ecossistema de forma ampla e indiscriminada, a liberação de moscas estéreis é específica para a espécie-alvo e não representa risco para outros animais ou humanos.
Redução sustentável da praga
Com a impossibilidade de reprodução entre as fêmeas naturais e os machos estéreis, a população da screwworm entra em declínio natural, sem gerar resistência ou mutações genéticas. O ciclo é interrompido com maior eficácia e menor impacto ambiental.
Cooperação internacional
O projeto conta com a colaboração de agências mexicanas e panamenhas, além de apoio de entidades como a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que recomenda o método como padrão para controle biológico de pragas.
Riscos de um surto descontrolado
Prejuízos à pecuária e à economia
Segundo estimativas do USDA, um surto nos Estados Unidos poderia gerar um prejuízo superior a US$ 1 bilhão por ano, afetando rebanhos de bovinos, suínos, caprinos e até animais domésticos. O custo para conter a praga em fases mais avançadas também seria muito mais alto.
Ameaça à saúde pública
Embora casos humanos sejam raros, eles não são inexistentes. A infestação pode atingir comunidades vulneráveis, especialmente em zonas rurais ou de difícil acesso. Os sintomas incluem dor intensa, necrose do tecido e necessidade de cirurgias de emergência para remover as larvas.
Como a população pode ajudar
Cuidado com feridas em animais
Criadores devem ficar atentos a feridas abertas em animais, por menores que sejam. A deposição de ovos da screwworm ocorre em cortes, escoriações ou infecções, tornando o monitoramento veterinário essencial.
Notificação imediata
Qualquer caso suspeito de infestação deve ser reportado às autoridades sanitárias. A rapidez na resposta é determinante para o controle da praga e a eficácia da estratégia biológica.
Expansão da capacidade de combate
Novas instalações no Texas
Os EUA estão investindo mais de US$ 8 milhões na construção de um novo centro de produção de moscas estéreis em território texano. A estrutura permitirá resposta mais rápida a surtos regionais e reduzirá a dependência das instalações panamenhas.
Capacidade futura
Com as três fábricas em operação (Panamá, Texas e México), a expectativa é atingir a produção de até 400 milhões de moscas por semana, o que dará suporte não apenas ao México, mas a outros países da América Latina que desejem adotar o modelo.
Considerações finais
A liberação aérea de moscas estéreis pelos Estados Unidos representa um esforço científico sofisticado para proteger rebanhos, prevenir impactos econômicos devastadores e preservar a saúde pública. Em um cenário de mudanças climáticas e aumento do risco de zoonoses, estratégias sustentáveis como essa ganham protagonismo. A medida não só resgata um método de sucesso do passado, como aponta para um futuro onde ciência, ecologia e segurança caminham juntas.
Se bem-sucedida, essa operação poderá servir de modelo para o mundo inteiro — mostrando que, às vezes, a solução para grandes problemas está justamente nas pequenas coisas… como uma mosca.

