Estudantes do Prouni agora podem acumular Bolsa Permanência com outros auxílios acadêmicos
O Ministério da Educação anunciou uma importante mudança nas regras de apoio aos estudantes universitários: a partir de agora, quem recebe Bolsa Permanência por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni) poderá também participar de outras iniciativas de incentivo acadêmico. A nova diretriz permite o acúmulo de benefícios como bolsas de pesquisa, monitoria, estágio e auxílios institucionais, sem que o estudante perca o direito ao recurso principal.
A medida representa uma resposta a antigas reivindicações do movimento estudantil e busca combater a evasão no ensino superior, especialmente entre os alunos de baixa renda.
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Uma mudança que impacta milhares de estudantes
A decisão beneficia estudantes bolsistas integrais do Prouni, com renda familiar mensal de até 1,5 salário mínimo por pessoa. Antes da nova regra, o recebimento de qualquer outra forma de bolsa ou auxílio poderia levar à suspensão da Bolsa Permanência, criando um dilema para muitos alunos entre manter o sustento básico ou aproveitar oportunidades de crescimento acadêmico.
Agora, os estudantes poderão manter o auxílio financeiro de R$ 700 mensais e, simultaneamente, desenvolver atividades como iniciação científica, projetos de extensão, estágios e monitorias, recebendo bolsas adicionais por essas ações.
Entenda a Bolsa Permanência
A Bolsa Permanência é um benefício pago mensalmente a estudantes de graduação que possuem bolsa integral do Prouni e atendem a critérios de baixa renda. Criada para garantir que esses jovens possam arcar com os custos básicos da vida acadêmica, a bolsa cobre gastos com transporte, alimentação, moradia e materiais escolares.
O valor fixo de R$ 700 mensais, pago diretamente ao estudante, pode ser determinante para que ele consiga se manter na universidade. Com a nova possibilidade de acúmulo de bolsas, esse valor poderá ser complementado com outros auxílios, promovendo uma maior segurança financeira.
Quem pode acumular benefícios?
A nova regra é válida apenas para estudantes que:
- Possuem bolsa integral no Prouni;
- Estão regularmente matriculados em cursos de graduação presenciais;
- Têm renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo;
- Participam de outras iniciativas acadêmicas remuneradas, como programas de pesquisa, monitoria ou extensão.
Estudantes que atendem a esses requisitos passam a ter direito a manter tanto a Bolsa Permanência quanto as demais bolsas institucionais ou governamentais, desde que estejam devidamente regulamentadas.
O que motivou a mudança?

A alteração nas regras atende a uma demanda recorrente dos próprios estudantes, que apontavam a contradição entre incentivar a permanência na universidade e, ao mesmo tempo, impedir que os alunos buscassem formas adicionais de suporte financeiro ou formação acadêmica complementar.
A nova diretriz também se alinha com a política de valorização da permanência estudantil, que considera não apenas o acesso, mas também a trajetória e a conclusão do curso como metas centrais das políticas públicas para o ensino superior.
Ao liberar o acúmulo de bolsas, o MEC reconhece que os estudantes em situação de vulnerabilidade não devem ser penalizados por buscar mais oportunidades de aprendizado e desenvolvimento.
Quais tipos de bolsas podem ser acumuladas?
Com a nova norma, os bolsistas do Prouni poderão acumular:
- Bolsa de iniciação científica (programas de pesquisa ligados ao CNPq ou à própria instituição);
- Bolsa de monitoria (programas internos das universidades para apoio em disciplinas);
- Bolsa de extensão (projetos sociais ou comunitários promovidos por universidades);
- Bolsas de estágio (programas supervisionados em órgãos públicos ou empresas);
- Auxílios institucionais (como ajuda de custo para alimentação, transporte ou moradia).
Cada uma dessas modalidades de apoio poderá ser mantida sem interferir na continuidade da Bolsa Permanência, desde que respeitados os critérios individuais de elegibilidade.
Como será o controle da acumulação?
A responsabilidade pela gestão e fiscalização dos auxílios acumulados caberá às instituições de ensino. Cada universidade ou centro universitário deverá atualizar seus sistemas internos para permitir que o estudante declare as bolsas recebidas, evite duplicidade indevida e atenda às exigências de prestação de contas.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) continuará sendo o responsável pelo pagamento da Bolsa Permanência, enquanto as demais bolsas seguirão sob gestão das instituições ou dos programas específicos a que pertencem.
Impacto esperado nas universidades
Com a nova regulamentação, a expectativa é de que mais estudantes se mantenham na graduação até a conclusão do curso. Dados de anos anteriores mostram que a evasão é especialmente alta nos primeiros anos da universidade, período em que os custos com deslocamento, alimentação e materiais se somam à falta de apoio familiar ou à necessidade de trabalhar.
Com uma rede de apoio mais ampla e flexível, estudantes poderão dedicar-se com mais tranquilidade à vida acadêmica, participar de atividades extracurriculares e até ampliar suas chances no mercado de trabalho.
Repercussão positiva entre estudantes e educadores
Entidades estudantis celebraram a decisão como uma vitória significativa. Em nota, representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) afirmaram que a medida representa “um avanço histórico na luta por permanência estudantil, justiça social e valorização da educação pública e gratuita.”
Educadores e coordenadores de cursos também veem com bons olhos a mudança. Segundo professores universitários, o engajamento em projetos acadêmicos é um diferencial importante na formação dos alunos e deve ser estimulado, e não restringido.
Comparativo com outras políticas de incentivo
A ampliação do direito ao acúmulo de benefícios coloca a Bolsa Permanência em sintonia com outras políticas federais, como o Programa Pé-de-Meia, voltado ao ensino médio. Em ambos os casos, o objetivo é oferecer segurança financeira para que o estudante se dedique integralmente aos estudos, sem ter que abrir mão do sonho de uma formação sólida.
Além disso, outras modalidades de apoio, como o FIES e o Auxílio Inclusão Digital, também já permitem acúmulo de recursos em determinadas condições, o que torna a nova regra do Prouni ainda mais coerente com o panorama atual da educação pública no país.
Desafios e próximos passos
Apesar do avanço, a implementação da medida exige cuidados. As instituições precisarão treinar suas equipes administrativas, rever regulamentos internos e garantir transparência na concessão e controle dos benefícios.
O MEC já sinalizou que publicará, nos próximos meses, manuais técnicos para orientar as universidades sobre os procedimentos corretos e evitar dúvidas jurídicas ou operacionais. Também será criado um canal de atendimento exclusivo para os estudantes tirarem dúvidas sobre seus direitos e obrigações.
Considerações finais
A liberação do acúmulo de bolsas para os bolsistas do Prouni representa um marco importante nas políticas públicas voltadas à educação superior no Brasil. Ao permitir que estudantes de baixa renda tenham acesso simultâneo a diferentes formas de apoio, o governo fortalece as chances de permanência, melhora o rendimento acadêmico e combate desigualdades estruturais no ambiente universitário.
Mais do que uma medida burocrática, trata-se de um passo firme rumo à democratização do ensino superior, à valorização do mérito estudantil e ao reconhecimento de que oportunidades devem ser ampliadas – não restritas – a quem mais precisa delas.

