Os escorpiões, conhecidos por seu ferrão e aparência intimidadora, são muito mais do que simples predadores noturnos. Esses aracnídeos têm uma história de mais de 400 milhões de anos na Terra e apresentam características que os colocam entre os animais mais adaptáveis do planeta. Pesquisas do Instituto Butantan revelam curiosidades que mostram por que eles são tão eficientes na arte de sobreviver.
1. Escorpiões brilham sob luz ultravioleta
Apesar de discretos durante o dia, à noite os escorpiões se tornam visíveis quando expostos à luz UV, exibindo um brilho esverdeado ou azulado. Esse fenômeno é resultado de substâncias presentes na camada externa do corpo. Cientistas utilizam esse efeito para localizá-los mais facilmente em trabalhos de campo.
2. O ferrão é a principal arma, não as pinças
Muita gente acredita que as pinças dos escorpiões são responsáveis pela picada, mas na verdade é o ferrão, localizado na ponta da cauda, que injeta o veneno. As pinças têm outra função: segurar e imobilizar a presa ou auxiliar em interações sociais, como durante o acasalamento.
3. Algumas espécies podem abandonar a cauda
Alguns escorpiões do gênero Ananteris possuem a habilidade de se desprender da cauda para escapar de predadores. Essa estratégia, no entanto, compromete a sobrevivência do animal, já que ele perde a capacidade de se alimentar adequadamente e, eventualmente, morre. Ainda assim, pode ser suficiente para garantir tempo de vida para se reproduzir.
4. A visão não é seu ponto forte
Mesmo com até 12 olhos, os escorpiões não dependem muito da visão. Eles se orientam principalmente por meio de órgãos sensoriais localizados no corpo e nas pernas, capazes de detectar vibrações, mudanças de temperatura e até a presença de presas ou ameaças próximas.
5. A “dança” antes do acasalamento
O cortejo entre alguns escorpiões envolve um ritual conhecido como “dança nupcial”. Nesse comportamento, o macho conduz a fêmea com as pinças até um ponto seguro para depositar o espermatóforo. O processo pode durar minutos ou horas, e em alguns casos a fêmea rejeita o parceiro, o que pode resultar em conflito.
6. Reprodução sem machos é possível
Determinadas espécies conseguem se reproduzir sem a presença de machos, por meio da partenogênese. Nesse processo, a fêmea gera filhotes a partir de óvulos não fecundados. Essa estratégia permite que populações aumentem rapidamente, o que explica o sucesso de algumas espécies em áreas urbanas.
7. Trocam de “pele” para crescer
Assim como outros artrópodes, os escorpiões trocam o exoesqueleto diversas vezes ao longo da vida. Esse processo, chamado de muda, é essencial para que possam crescer, já que o exoesqueleto não se expande. As mudas também ajudam a renovar a proteção corporal.
8. Filhotes viajam nas costas da mãe
Logo após o nascimento, os filhotes sobem para o dorso da mãe, onde permanecem até a primeira troca de exoesqueleto. Esse cuidado inicial aumenta suas chances de sobrevivência, já que são extremamente vulneráveis nos primeiros dias.
9. Resistência além do comum
Escorpiões são verdadeiros especialistas em suportar condições adversas. Eles podem ficar mais de um ano sem alimento, sobreviver semanas sem água e resistir a temperaturas extremas. Essa resistência contribuiu para que permanecessem praticamente inalterados ao longo de milhões de anos de evolução.
Escorpiões e saúde pública no Brasil
No país, apenas uma pequena parte das espécies representa risco significativo ao ser humano, sendo as mais perigosas Tityus serrulatus, Tityus bahiensis, Tityus stigmurus e Tityus obscurus. A urbanização e a falta de predadores naturais favorecem a aproximação desses animais de áreas residenciais, aumentando o número de acidentes.
O trabalho do Instituto Butantan
O Instituto Butantan realiza pesquisas sobre escorpiões e mantém a produção de soro antiescorpiônico, essencial para tratar casos graves. Além disso, promove campanhas de conscientização para prevenção de acidentes, com orientações como manter quintais limpos, vedar ralos e eliminar entulhos.
Como prevenir a presença de escorpiões

Manter o ambiente limpo, evitar acúmulo de lixo e entulho, vedar ralos e frestas, eliminar abrigos de presas como baratas e outros insetos, e, quando possível, utilizar iluminação UV em inspeções noturnas para detectar a presença desses aracnídeos.
Considerações finais
Os escorpiões são símbolos de resistência e adaptação. Conhecer suas características não apenas desperta curiosidade científica, mas também é essencial para prevenir acidentes e compreender seu papel nos ecossistemas. Apesar de sua fama temida, eles são parte fundamental da biodiversidade e um exemplo de como a natureza desenvolve estratégias para sobreviver por milhões de anos.













