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Entenda o confronto entre Irã e Israel.

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A agressões entre Irã e Israel em território sírio elevaram a tensão na região em um nível que não é visto há muito tempo.

Três especialistas explicam o contexto e por que é preciso estar atento a esta conflito:
o professor da UnB Pio Penna Filho, o professor do curso Clio Tanguy Baghdadi e o professor da PUC-Rio Márcio Scalércio.

Qual é a origem da rivalidade entre Irã e Israel? 

São basicamente três questões que explicam a rivalidade entre os dois países: as relações com os Estados Unidos, a religião e a geopolítica regional. 

Relação com EUA

Israel é um tradicional aliado dos EUA desde a sua criação, em 1948. O Irã, entre o final da segunda guerra mundial e a revolução iraniana de 1979, também era — inclusive foram os americanos que apoiaram o programa nuclear do Irã durante os anos 1950 para fins pacíficos. Entretanto as relações entre Irã e EUA mudaram com a revolução iraniana, que teve um caráter anti-americano e instaurou no país um governo teocrático. A partir daí, os Estados Unidos começaram a ser vistos pelo Irã como rivais. Israel também entrou na lista dos inimigos do país. 

Religião

A religião também tem um grande peso nessa rivalidade. Desde que foi criado, Israel, um estado judaico, é visto como um outsider em uma região dominada pelos muçulmanos. Os países de maioria muçulmana não aceitaram a criação de Israel, dando origem à Guerra dos Seis Dias — um conflito entre Israel e Síria, Egito, Jordânia e Iraque — em 1967. Israel saiu vencedor, com o apoio dos EUA. De uma certa maneira, os muçulmanos se sentem ofendidos com a presença de Israel, como conta o professor de política internacional do Clio, Tanguy Baghdadi. 

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Disputa geopolítica

Por fim, a disputa pelo poder na região também antagoniza os dois países. Atualmente Israel e Irã são considerados os grandes players da região. Israel é muito poderoso, dono de um aparato militar moderno, e o Irã está fazendo investimentos pesados em segurança, além de possuir um numeroso exército. Outro agravante é o vínculo do governo iraniano com os xiitas do grupo terrorista Hezbollah, que ocupa regiões ao sul do Líbano e que não reconhece a existência de Israel. 

Por que o conflito está ocorrendo em solo sírio? 

Este conflito está se desenvolvendo em território sírio pelas circunstâncias da própria guerra civil da Síria, em que Irã e Israel ocupam lados opostos — Irã apoiando, junto com a Rússia, o governo de Bashar al-Assad, e Israel, ao lado dos EUA, dando suporte aos rebeldes. Neste momento, Assad está se consolidando no poder, ou seja, isso representa uma grande presença do Irã e suas tropas em território sírio, que faz fronteira com Israel. Essa aproximação é vista como ameaça por Israel, que não exitará em atacar caso se sinta ameaçado.  

Qual a relação destes ataques com a saída dos EUA do acordo nuclear do Irã? 

Não se pode dizer que houve uma consequência direta, mas os dois acontecimentos fazem parte de um mesmo contexto. O fato de os Estados Unidos se retiraram do acordo nuclear do Irã aconteceu por uma pressão de Israel e da Arábia Saudita, e a partir disso, esses dois países passaram a entender que não há nada que impeça o Irã de iniciar um conflito. O ataque de Israel às bases iranianas na Síria é uma mostra que Israel está se antecipando e tentando diminuir o poder do Irã no país de Assad. 

Quais são as chances de uma guerra entre Irã e Israel? 

Segundo os especialistas em relações internacionais ouvidos pela reportagem, a chance existe, embora seja impossível estabelecer uma probabilidade exata. E essa seria uma guerra muito difícil para o mundo todo, devido ao grande potencial militar dos dois países.
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