Eu não consigo imaginar um sentimento mais desesperador para um pai ou uma mãe do que ver o seu filho ser sequestrado. E foi esse o drama que viveu Arlete Bastos da Silva, que teve o bebê sequestrado enquanto fazia exames médicos em uma clínica particular de medicina do trabalho, em Brasília.
O reencontro entre mãe e filha ocorreu na delegacia, após a mulher responsável pelo sequestro ser capturada pela polícia com a ajuda das câmeras de segurança do local.
Contudo, embora o caso tenha tido um final feliz para a família, o que chama a atenção é motivação do sequestro, praticado por Cevilha Moreira dos Santos, 44, que trabalha como diarista: ela buscava a “criança adequada”, após fingir que estava grávida.
- O momento em que Arlete reencontra a sua filha na delegacia – Foto: TV Anhanguera / G1 / Reprodução
Ao G1, o delegado Cristiomário Medeiros comentou que Cevilha se aproximou da mãe uma semana antes do sequestro, se passando por uma assistente social e oferecendo emprego para Arlete, que trabalha como faxineira. Na clínica, a diarista acompanhou a mulher em sua consulta, sendo este o momento em que se aproveitou para levar o bebê.
De acordo com funcionários do local, assim que saiu da sala médica, a mãe perguntou pela mulher que a acompanhava. E como ninguém soube informar, logo ela começou a gritar alegando que seu bebê foi sequestrado.
Ainda segundo Medeiros, Cevilha havia promovido um mutirão para mães e gestantes em Planaltina de Goiás, no entorno da capital federal, sendo esse um indício que a diarista já tentou assediar outras mulheres.
- Fingindo estar grávida, Cevilha até montou um quarto para um bebê – Foto: Polícia Civil / Divulgação
Ao Poder Judiciário, o delegado solicitou a conversão da prisão de Cevilha, de flagrante para temporária: “O argumento que uso é o risco de fuga porque ela não apresentou endereço de onde mora e a questão do risco de reiteração criminosa. Ela já cometeu vários crimes no Distrito Federal por injúria, furto, lesão corporal”, disse.
Até o próximo final de semana, Medeiros deverá concluir o inquérito, mas não sem antes ouvir mais duas testemunhas. Em depoimento do namorado da diarista, o rapaz afirmou que não estava ciente que ela planejava o crime e revelou que Cevilha dizia estar grávida de uma menina. Contudo, segundo a investigação, a mulher usou do argumento para manter o seu relacionamento que passava por momento de turbulência, enquanto planejava o crime.
“Segundo ele [o namorado], o relacionamento estava conturbado, mas por causa dessa gravidez não se separaram. Desde o fim do ano passado ela diz para ele que está grávida esperando uma menina. Desde então, ela começou a não se mostrar para ele e a usar roupas mais largas. Ele disse que pedia os exames comprovando, mas ela nunca mostrava. Ela sempre escondeu dele qualquer possibilidade de confirmação”, afirmou Medeiros ao G1. Cevilha falsificou uma certidão de nascimento dias antes de concretizar o sequestro.
- Suspeita de sequestrar um bebê, Cevilha tinha posse de uma certidão de nascimento falsificada – Foto: Polícia Civil / Reprodução
Sem qualquer colaboração por parte dela, a polícia trabalha com os depoimentos colhidos pelas testemunhas. Cevilha está presa na Cadeia Pública de Planaltina.