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Ele ofereceu dinheiro e droga para um dependente químico. Quando percebe o que foi escolhido, descobre a verdade por trás do vício

Carl Hart, professor neurocientista da Columbia University, foi entrevistado pelo jornal New York Times, e respondeu algumas perguntas sobre a dependência química, afirmando uma teoria que vem gerado muita polêmica. Ele, junto de uma equipe, revisou algumas pesquisas antigas sobre técnicas de reabilitação humanizadas, onde colocavam ratos de laboratório em gaiolas estéreis sem nenhum tipo de entretenimento ao não ser componentes químicos que eles poderiam ingerir livremente.

Os ratos usavam essas drogas compulsivamente e acabavam cometendo suicídio. Contudo, quando eram colocados com outras alternativas além das drogas- algum tipo de doce ou brincadeiras- eles optavam por essas coisas para passarem o tempo, deixando as drogas totalmente de lado. Em um resumo simples, o comportamento viciante dos ratos era causado por um ambiente e não pelo componente químico.

Depois de ver isso, Carl fez um teste mais incomum ainda. Convidou usuários de drogas humanos para fazer um experimento em seu laboratório. Ele montou um cenário onde oferecia aos usuários de drogas dois elementos: Metanfetamina ou dinheiro. Quando ele apresentava uma alternativa que fazia um contraponto com as drogas, mesmo as pessoas que se drogavam regularmente, escolhiam o dinheiro.

Foi aí que o questionamento nasceu, por que as pessoas continuam a tomar medicamentos, drogas e afins, mesmo quando os efeitos colaterais as prejudicam tanto? Muitos podem dizer que é porque elas são pobres, mas na verdade, essa resposta é totalmente errada, segundo a pesquisa.

Carl Hart, cresceu em Miami, em um bairro cercado pelo tráfico e índices de pobreza e crime e conta que foi para a universidade a fim de entender as razões da toxico-dependência. Ele queria acima de tudo impedir que a crise de drogas que conduzia as pessoas para uma vida de crime e pobreza, se tornasse mais forte ainda.

Atualmente, depois de muitos estudos e pesquisas, ele chegou na conclusão de que a maioria dos usuários não estão em graus de vícios, mas sim, são usuários recreativos, pois não encontram em seu meio maneiras de preencher determinadas necessidades psicológicas, afetivas e sociais. Na teoria de Hart, se essas pessoas têm alternativas saudáveis que se contraponham com as químicas, elas sempre irão escolhê-las, quebrando assim esse ciclo que é tratado como vício.

“As drogas são um sintoma de uma sociedade onde as pessoas não sentem que têm boas opções”, teoriza Hart. “O que eu sei agora é que as próprias drogas não são o verdadeiro problema. Os problemas reais são: Pobreza, o desemprego, a aplicação da lei de drogas seletivas, da ignorância e da demissão da ciência em torno destas drogas” , completa.

A verdadeira injustiça aqui, segundo Hart, é que, embora a maioria dos usuários sejam brancos, mais de 80% das pessoas condenadas por crimes de drogas são negros. 1 em cada 3 homens negros pode esperar para passar o tempo na prisão. Brancos? 1 em cada 20.

Esta questão é de suma importância para Hart. Ele está pessoalmente envolvido como um cientista, mas também como um pai. Hart reconhece que seus dois filhos são especialmente vulneráveis em uma sociedade onde os negros são alvejados pela polícia na aplicação das leis de drogas e onde as políticas de drogas punem severamente até mesmo os usuários ocasionais como se fossem criminosos graves.

Ele ofereceu dinheiro e droga para um dependente químico. Quando percebe o que foi escolhido, descobre a verdade por trás do vício
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