Imagine só se seu vizinho resolve, de repente, começar a construir uma floresta? Bom, a vizinhança toda de Antonio Vicente, de 84 anos, o chamou de louco!
Quando comprou um pedaço de terra a 200 km de São Paulo para plantar árvores, ele já sabia bem o que queria: economizar a água do nosso planeta! Não parece muito semelhante uma coisa com a outra, não é? Mas eu te explico:
As pessoas diziam a Antonio que ele nunca viveria daquelas frutas que plantava, pois as árvores demorariam certa de 20 anos para crescer. Ele logo respondia que alguém, em algum lugar, plantou as sementes dos alimentos que ele comia agora, então ele iria plantar mais, para que outras pessoas possam comê-las.
O início de sua ideia foi em 1973, época em que o governo militar facilitava créditos para investimentos em tecnologia agrícola, com o objetivo de impulsionar a agricultura.
Entretanto, como alguém que vinha de uma família composta por agricultores, ele entendia e sabia o quanto as fauna e flora locais eram prejudicadas pela expansão de campos. Com a falta de árvores, a consequência atingia os recursos hídricos.
“Quando era criança, os agricultores cortavam as árvores para criar pastagens e pelo carvão. A água secou e nunca voltou. Pensei comigo: ‘a água é o bem mais valioso, ninguém fabrica água e a população não para de crescer. O que vai acontecer? Ficaremos sem água”, explicou o senhor para a BBC.
Explicando melhor, as florestas são fundamentais para a preservação de água, pois a absorve e a retém em suas raízes, ajudando também a evitar a erosão do solo.
Quando se mudou para a cidade, Antonio passou por maus bocados. Viveu embaixo de uma árvore, porque não tinha dinheiro para pagar o aluguel, tomava banho no rio, vivia cercado de raposas e ratos e sua cama era um punhado de folhas. Mesmo com as inúmeras dificuldades, ele revela que nunca passou fome, pois comia sanduíches de banana no café da manhã, almoço e jantar.
Após essa fase complicada, o senhor retornou ao campo, onde começou a plantar cada uma das árvores que hoje compõem sua floresta tropical com cerca de 50 mil unidades.
Com as árvores, muitos animais voltaram a aparecer na cidade de Antonio. “Há tucanos, todo tipo de aves, pacas, esquilos, lagartos, gambás e, inclusive, javalis. Temos também uma onça pequena e uma jaguatirica, que come todas as galinhas”, brinca o agricultor.
Quando ele comprou o terreno, havia apenas uma fonte no local, já hoje, há cerca de 20. Esse é o resultado do esforço do senhor que pode ter a alegria de ver os cursos de água voltarem a brotar. Uma grande inspiração com certeza!
Fotos: Gibby Zobel
