Mãe conta como lida com o luto após perder o filho

Super Humanos

“Ele continua vivo em mim”, mãe que perdeu filho de 31 dias conta como será o Dia das Mães

By Carol Guedes

May 13, 2018

O Dia das Mães nesse domingo será diferente para cada pessoa: algumas mulheres acabaram de realizar o sonho de serem mães, outras, de serem avós. Outras pessoas perderam suas mães ou seus filhos. Cada um com sua dor ou alegria individual.

Marcela Albres, de 32 anos, por exemplo, tem sua luta pessoal: seu bebê nasceu com um problemas no coração e faleceu com 31 dias de vida. O pequeno Felipe foi um grande milagre para a mãe.

“Acho que aconteceu da forma que deveria ter sido e ele foi uma benção. A gente, muitas vezes, espera que tudo seja do nosso jeito e depois entendemos a questão da espera. Na verdade, Deus foi nos preparando para o momento de descobrirmos a doença dele. Lembro que estávamos muito mais fortalecidos quando soubemos que ele nasceria com 6 tipos de cardiopatias e precisaria de cirurgias já nos primeiros dias de vida”, Marcela contou ao G1.

Ela e o marido queriam muito o filho e já tinham passado por longas tentativas. Foi quando descobriram que tinham dificuldades e que a vinda de uma criança seria um milagre. Ela conta que Felipe veio após um grande período de espera e que ao saber da cardiopatia do menino, lidou com serenidade ao fato.

Momentos ao lado do filho:

Marcela encontrou um hospital em São Paulo após pesquisar: “Tivemos momentos muito tensos lá e a previsão era de que ele poderia morrer, a qualquer momento. Mas ali posso dizer que vivi os momentos mais felizes da minha vida, sentia a presença de Deus o tempo inteiro e acho que foi isto que fez ele ficar estes 31 dias com a gente. Já no 3° dia de vida, ele enfrentou a primeira cirurgia. Foram 10 horas para o médico fazer as correções necessárias, mas, o coração tinha ficado muito fraco”, disse.

O pequeno passou por algumas complicações e ficou na UTI [Unidade de Terapia Intensiva humanizada, com os pais sempre ao seu lado. Na despedida de Felipe, a emoção rolou solta.

“Nós voltamos para a casa de uma tia onde estávamos hospedados. Eu doei parte do enxoval para uma prima que também estava grávida e trouxe o restante das coisas. O corpo veio para Campo Grande e, no velório e enterro, muitas pessoas perceberam o quanto eu estava serena. Na verdade, aquilo ali nem tinha mais signifcado para mim. A despedida aconteceu lá no hospital e ele já estava com Deus, por isso a minha paz a todo momento. Nós lutamos tudo, demos todo o amor que ele merecia”, falou, novamente emocionada.

Resolução:

Ela completou seis meses sem o filho, mas em um balanço de tudo pelo que passou, a visão é positiva:

“A dor da perda não é nada perto do amor que ficou e é isto que me sustenta. Eu sempre procurei ser uma pessoa otimista, de valorizar o que é bom…não penso o que perdi, penso o que ganhei em relação ao meu casamento, a minha espiritualidade, a minha forma de enxergar a vida…no hospital, eu também convivi com muitas muitas outras famílias e foram 30 mortes de bebês cardiopatas por dia. O problema estava também ao nosso lado e criamos muitos laços de amizade”, disse.

Marcela mantém contato com outras mães, com quem troca experiências e finaliza: “Vou comemorar sim o meu Dia das Mães, de um filho que transformou a minha vida. E esse amor é um amor livre, que só aumenta. Ele continua vivo em mim e eu me sinto uma pessoa muito melhor graças ao Felipe e a morte dele. Eu escolhi passar por este luto sem sofrimento e dor”

Foto: Reprodução/ Marcela Albres/ Arquivo Pessoal

Fonte: G1