
“Sua mente é quem você é, e quando ela não funciona corretamente, é assustador.”
Esse é um trecho do depoimento do fotógrafo Edward Honaker, 21 anos, diagnosticado com depressão.
Considerada por alguns especialistas a doença mental do século, ainda existe um preconceito muito forte e falta de entendimento sobre os depressivos, um fato que é incrível existir dentro de uma sociedade tão evoluída e que se considera tão informada, mas que na verdade pode ser bem cruel na maioria dos casos. A falta de apoio da família ou pressão social sobre quem trata a depressão ainda é um dos agravantes para pacientes não diagnosticados ficarem sem receber o tratamento necessário. Na tentativa de expor os sentimentos mistos que envolvem este estado emocional e talvez deixar um pouco mais claro as sensações complexas vividas pelos pacientes, Edward fez um portfólio auto biográfico sobre esse momento em sua vida.


“O que eu percebi é que eu passei a ser ruim em coisas em que eu costumava ser bom, e eu não sabia por quê, (…) É meio difícil sentir qualquer tipo de emoção quando você está deprimido, e eu acho que a boa arte pode definitivamente mover as pessoas.”
Esse ensaio aconteceu dois anos após seu diagnóstico, quando Honaker pegou sua câmera e fez dela seu diário, seu desabafo. O resultado tem um perfil extremamente profundo, muitas vezes encantador mesmo dentro de toda a melancolia que envolve as fotografias. Ele também deixa claro que sua intenção não é apenas que as pessoas falem sobre a doença mental, mas principalmente que os outros tenham mais tolerância e sejam mais compreensivos com quem está em tratamento.

“Quando eu estava fazendo meu portfólio, eu me perguntava se eu era o tipo de pessoa a quem os outros se sentiriam confortáveis para conversar se estivessem passando por um momento difícil” explicou. “Sinceramente, no momento, eu não acho que eu era. Eu ainda tenho um bom caminho a percorrer, mas toda a experiência me fez muito mais paciente e compreensivo para com os outros.”
Vale também considerar que o valor do trabalho de Edward incentiva para que principalmente homens comecem se abrir mais sobre seus sentimentos, já que são socialmente menos propensos em buscar ajuda e muitas vezes levam a doença por uma vida inteiro, sem receber os auxílios devidos.

“Eu acho que uma maneira muito útil para acabar com o estigma em torno da doença mental é estar lá para ajudar outras pessoas que possam sofrer disso”, frisou. “Você nunca sabe o que os outros estão passando, por isso tudo que você realmente pode fazer é ser gentil e não condenador.”

Ainda que muitos associem a depressão com a falta de ocupação mental ou até mesmo argumentos que levam a “preguiça” como ponto chave, vale lembrar que muitas pessoas conhecidas e com suas vidas estabilizadas sofreram dessa doença que não é tão nova assim. Um caso semelhante que transformou a doença em arte, foi da artista plástica Camille Claudel (1864-1943), ex-aluna e depois ex-amante do então professor também artista plástico, Auguste Rodin. Após o término da relação, Camille enfrentou crises de ansiedade e paranoia, sua depressão desencadeou a esquizofrenia que levou-a então, depois de inúmeros casos de total desocontrole, para um sanatório na França onde morreu aos 79 anos.
A arte de Edward mostra nos tempos atuais como a sensação de vazio- ou o excesso de sensações- pode ser ambíguo e confuso, mas não menos digno de ser respeitado e compreendido. A nossa função além de ajudar os depressivos, está também em mostrar que eles são acolhidos e principalmente amados nesse momento tão difícil.



















