Uma modalidade que cresceu e agora passa por reformulação
A educação a distância (EAD) ganhou força no Brasil nos últimos anos, impulsionada pela digitalização do ensino e pela busca por alternativas mais acessíveis para formação superior. Com o crescimento expressivo da modalidade, o Ministério da Educação (MEC) decidiu implementar novas normas em 2025 para reavaliar critérios de qualidade e impedir distorções no modelo de ensino.
As mudanças já estão em vigor para novos cursos, e as instituições têm um período de transição para se adaptar às exigências. As alterações impactam tanto os formatos oferecidos quanto os cursos autorizados na modalidade a distância.
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O que é EAD e como funciona
Definição e estrutura
Educação a distância é uma forma de ensino em que professores e alunos não precisam estar fisicamente no mesmo local na maior parte do tempo. O processo ocorre por meio de plataformas digitais, onde o estudante tem acesso a materiais didáticos, aulas gravadas ou ao vivo, atividades interativas e avaliações.
Recursos utilizados
Na prática, os cursos a distância utilizam:
- Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)
- Videoaulas e transmissões ao vivo
- Fóruns de discussão
- Avaliações online e presenciais
- Tutoria para acompanhamento individualizado
Alguns cursos exigem também encontros presenciais para atividades práticas, como laboratórios e estágios supervisionados, conforme a área de formação.
Por que a EAD se tornou tão popular
Vantagens percebidas
A adesão crescente à EAD está ligada a diversos fatores:
- Flexibilidade de horário: ideal para quem trabalha ou tem outras obrigações.
- Custo reduzido: mensalidades mais acessíveis que os cursos presenciais.
- Maior alcance: permite estudar em qualquer lugar, desde que haja conexão com a internet.
- Autonomia: o aluno gerencia seu próprio ritmo de aprendizagem.
Desafios e limitações
Apesar dos benefícios, a EAD também apresenta dificuldades:
- Exige disciplina: a independência requer foco e organização.
- Menor contato humano: pode haver sensação de isolamento.
- Limitações em cursos práticos: formações que dependem de práticas presenciais podem ter comprometimento da qualidade.
- Infraestrutura tecnológica: exige acesso constante à internet e dispositivos adequados.
Avanço das matrículas e atenção do MEC
De acordo com dados oficiais, nos últimos anos a EAD superou o ensino presencial em número de novos ingressantes no ensino superior. Esse crescimento acelerado chamou a atenção do MEC, que passou a revisar os parâmetros da modalidade.
Em 2023, pela primeira vez, mais da metade dos novos alunos no ensino superior optaram por cursos a distância. A expansão, embora positiva em termos de acesso, levantou questionamentos sobre a eficácia e a regulação adequada dos cursos.
Novas regras da EAD em 2025

Objetivo da reformulação
O Ministério da Educação estabeleceu diretrizes mais rigorosas para os cursos a distância, com o intuito de garantir padrões mínimos de qualidade, especialmente nas formações que exigem habilidades práticas e maior contato presencial.
Cursos que não poderão mais ser oferecidos 100% a distância
Algumas graduações foram excluídas da possibilidade de serem ofertadas totalmente no formato EAD:
- Medicina
- Odontologia
- Enfermagem
- Psicologia
- Direito
Esses cursos deverão ser oferecidos, obrigatoriamente, no modelo presencial ou, em casos específicos, no formato semipresencial com atividades práticas obrigatórias.
Como ficam os cursos de licenciatura e área da saúde
As licenciaturas e graduações voltadas à área da saúde também passam por mudanças. Elas poderão ser oferecidas apenas de forma presencial ou semipresencial, com exigência de atividades síncronas (ao vivo) e momentos presenciais obrigatórios, como estágios e aulas práticas.
Novas modalidades autorizadas pelo MEC
O MEC reorganizou os formatos de ensino superior no país da seguinte forma:
1. Ensino Presencial
- Aulas ocorrem em tempo real nas dependências da instituição.
- Permissão para até 30% da carga horária ser realizada remotamente.
2. Ensino Semipresencial
- Combina parte significativa de atividades presenciais com conteúdos online.
- Obrigatoriedade de aulas ao vivo e componentes práticos no campus ou em campo.
3. Ensino a Distância (EAD)
- Predominância de atividades online.
- Exigência de pelo menos 20% da carga horária em atividades presenciais ou síncronas.
- Avaliações obrigatórias realizadas presencialmente nos polos de apoio.
Prazo de adaptação das instituições
As faculdades e universidades terão até dois anos para se adequarem às novas diretrizes. Durante esse período de transição, cursos que já estavam em funcionamento poderão continuar sob as regras antigas. Após esse prazo, só poderão funcionar conforme as novas determinações.
Impactos diretos das novas normas
Para estudantes
- Quem já está matriculado em cursos extintos na modalidade EAD poderá concluir sua formação normalmente.
- Os alunos que ingressarem a partir de 2025 deverão seguir o novo formato, com aumento das exigências presenciais em cursos específicos.
Para instituições
- Necessidade de reformulação curricular e estrutural.
- Reforço em infraestrutura presencial, laboratórios e oferta de aulas síncronas.
- Readequação dos sistemas de avaliação e credenciamento junto ao MEC.
Educação com qualidade: o novo foco da EAD
As mudanças propostas pelo MEC reforçam a necessidade de equilíbrio entre democratização do acesso e garantia da qualidade do ensino. Embora a EAD tenha permitido que milhares de pessoas concluíssem o ensino superior, a preocupação com o preparo técnico e prático dos profissionais formados exige novas medidas regulatórias.
A proposta não é impedir o crescimento da modalidade, mas estabelecer limites e critérios para que ela cumpra seu papel social sem comprometer a formação dos alunos.
Considerações finais
A reformulação das regras da educação a distância no Brasil em 2025 marca um novo momento para o ensino superior no país. A partir de agora, o foco se desloca para a qualidade, com medidas que impedem a oferta de cursos inadequados ao formato digital e exigem maior presença física em áreas sensíveis.
As instituições devem se preparar para um cenário mais exigente e regulado, enquanto os estudantes precisam estar atentos às novas exigências na hora de escolher uma graduação. Com as novas diretrizes, o Brasil caminha para consolidar uma EAD mais robusta, ética e comprometida com a excelência educacional.













