Uma história escrita com coragem
Edu Lyra é um nome que simboliza superação, impacto social e inovação na luta contra a pobreza. Nascido em uma comunidade da Grande São Paulo e filho de um ex-presidiário, ele construiu um caminho improvável até se tornar um dos empreendedores sociais mais influentes do país. À frente da ONG Gerando Falcões, Lyra lidera uma revolução silenciosa nas periferias brasileiras.
Sua trajetória, marcada por altos e baixos, é também uma aula de resiliência e propósito. Este artigo traça um panorama completo sobre quem é Edu Lyra, como surgiu seu projeto social e quais os caminhos que o levaram a deixar um legado em transformação social.
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Renata Campos: Os altos e baixos que moldaram seu legado
Infância na periferia e influência materna
A realidade de quem nasce sem privilégios
Eduardo Lyra nasceu em 1988, em Guarulhos, na periferia de São Paulo. Cresceu em uma casa humilde de madeira, em um dos bairros mais carentes da cidade. Desde cedo, enfrentou a escassez de recursos, a violência e a falta de oportunidades — um retrato fiel da desigualdade brasileira.
O impacto do pai preso e a força da mãe
Um dos momentos mais marcantes de sua infância foi quando seu pai, envolvido com o crime, foi preso. Apesar da ausência paterna, a presença firme de sua mãe foi decisiva para moldar seu caráter. Ela dizia diariamente: “Você pode ser o que quiser, desde que estude e trabalhe duro.” Essa frase se tornou um mantra na vida de Edu.
O início da virada: dos estudos ao jornalismo
A descoberta do poder da palavra
Na adolescência, Edu percebeu que sua arma para transformar a realidade seria a educação. Estudou com afinco e conseguiu uma bolsa para cursar jornalismo na Universidade Cruzeiro do Sul. Lá, descobriu o poder das histórias e decidiu que queria contar narrativas capazes de mudar o mundo.
Publicação do primeiro livro
Aos 23 anos, publicou o livro “Jovens Falcões”, com histórias reais de pessoas que saíram da pobreza para o sucesso. O lançamento o levou a palestras em escolas e empresas, onde passou a chamar atenção com seu carisma e discurso inflamado sobre oportunidades nas favelas.
O nascimento da Gerando Falcões

De projeto comunitário a ONG nacional
Em 2013, fundou a ONG Gerando Falcões, com o objetivo de combater a pobreza por meio da educação, esporte, cultura e qualificação profissional. O projeto começou modesto, com oficinas em comunidades de Guarulhos, e logo se expandiu para várias regiões do Brasil.
Missão da organização
A proposta da Gerando Falcões é ambiciosa: erradicar a pobreza das favelas brasileiras. A ONG atua com uma abordagem sistêmica, conectando jovens ao mundo do trabalho, incentivando o empreendedorismo social e promovendo políticas públicas inovadoras.
Reconhecimento e apoio de grandes nomes
Parcerias que impulsionaram o projeto
Edu Lyra atraiu atenção de empresários e executivos influentes, como Jorge Paulo Lemann, Luiza Helena Trajano e Eduardo Mufarej. As parcerias permitiram a profissionalização da ONG e a criação de um ecossistema de impacto social.
Prêmios e nomeações
Edu foi eleito pelo Fórum Econômico Mundial como Young Global Leader e já esteve na lista “Under 30” da Forbes Brasil. Além disso, foi palestrante no TEDx e recebeu homenagens por sua atuação em prol das comunidades vulneráveis.
Os altos: projetos inovadores e crescimento exponencial
A proposta da favela 3D
Um dos marcos mais inovadores da Gerando Falcões é o projeto Favela 3D — sigla para “digna, digital e desenvolvida”. A ideia é transformar comunidades de alta vulnerabilidade em ambientes urbanizados, com acesso a saneamento básico, conectividade e renda.
Expansão nacional
Em menos de uma década, a ONG saiu de um barraco em Guarulhos para atuar em mais de 1.500 favelas pelo Brasil. Seu modelo foi adotado como referência por outras organizações e governos locais interessados em soluções sustentáveis para o combate à miséria.
Os baixos: críticas, desafios e pressão por resultados
Pressão por resultados rápidos
Com o crescimento da ONG, vieram também os desafios de liderar uma organização de grande porte. Edu foi cobrado por resultados rápidos, especialmente em relação ao ambicioso plano de “acabar com a pobreza em uma geração”.
Críticas ao modelo gerencial
Alguns críticos alegam que a Gerando Falcões adota um modelo excessivamente corporativo para lidar com problemas sociais. A abordagem de metas e indicadores de desempenho, típica do setor privado, gerou debates entre especialistas da área de desenvolvimento social.
Equilíbrio emocional e autocobrança
Em entrevistas, Edu já revelou momentos de esgotamento mental e dúvidas internas sobre seu papel. A pressão por manter a reputação da ONG e dar conta das expectativas se tornou uma de suas batalhas mais difíceis.
Visão de futuro e legado em construção
Investimento em liderança comunitária
Edu acredita que a mudança real virá das próprias lideranças das favelas. Por isso, a ONG tem investido em formação de empreendedores sociais nas comunidades, para que eles sejam protagonistas da transformação local.
Internacionalização e novos projetos
Com a estrutura consolidada no Brasil, a Gerando Falcões já vislumbra projetos internacionais. A ideia é exportar o modelo da favela 3D para países que enfrentam problemas semelhantes de desigualdade extrema.
Considerações finais
Edu Lyra representa uma nova geração de líderes sociais que não aceitam o status quo. Seu caminho não foi fácil: enfrentou a pobreza, o preconceito e a dor de crescer sem o pai por perto. No entanto, transformou tudo isso em combustível para criar uma das organizações sociais mais relevantes da atualidade.
Os altos e baixos que marcaram sua trajetória não diminuem seu impacto — pelo contrário, tornam sua história mais autêntica e inspiradora. Seu legado não está apenas nos números de famílias atendidas, mas na mudança de mentalidade que promove: a ideia de que é possível nascer na favela e ainda assim mudar o mundo.


