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Droga moderna foi usada por humanos em caverna africana há 15 mil anos

Um estudo arqueológico recente trouxe à tona uma descoberta intrigante: restos da planta efedra foram identificados em uma caverna africana, junto a ossadas humanas datadas de aproximadamente 15 mil anos. O achado sugere que populações pré-históricas já faziam uso dessa substância, conhecida hoje por seus efeitos estimulantes e por seu potencial de uso medicinal e ilícito.

A pesquisa amplia a compreensão sobre a relação ancestral da humanidade com drogas psicoativas e mostra que o consumo de substâncias desse tipo não é exclusivo da modernidade. Ao contrário, pode ter desempenhado papel central em rituais, tratamentos de saúde e práticas culturais desde os primórdios.

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O que foi encontrado

O local da descoberta

O material analisado foi recuperado de uma caverna que servia como espaço de sepultamento. Entre os vestígios estavam fragmentos carbonizados da planta éfedra, cuidadosamente depositados junto ao corpo de um indivíduo. Essa associação sugere que o uso não foi casual, mas intencional.

A planta e seus efeitos

A efedra é um gênero vegetal que contém alcaloides potentes, como a efedrina e a pseudoefedrina. Essas substâncias são conhecidas por suas propriedades estimulantes, capazes de aumentar a frequência cardíaca, diminuir o apetite e causar estado de alerta. Em alguns contextos médicos modernos, a planta foi utilizada no tratamento de problemas respiratórios, mas também acabou associada a práticas ilícitas.

Indícios de uso ritual ou medicinal

A posição dos restos e a presença da planta apontam para um uso cerimonial. Além disso, análises do esqueleto revelaram sinais de possíveis intervenções primitivas, como extrações dentárias e perfurações cranianas, sugerindo que a éfedra poderia ter sido empregada como analgésico ou auxiliar em práticas médicas rudimentares.

A longa história das drogas na humanidade

Substâncias na pré-história

O consumo de plantas e substâncias psicoativas é registrado em diversas culturas antigas. Povos indígenas da América do Sul, por exemplo, utilizavam folhas de coca e sementes de plantas alucinógenas em rituais. Na Ásia, registros apontam o uso de ópio e cânhamo há milênios.

Evidências em diferentes regiões

Outros achados arqueológicos corroboram a ideia de que as drogas acompanharam a trajetória humana. Na Europa, foram encontradas mechas de cabelo de 3 mil anos contendo traços de compostos psicoativos. Nas Américas, instrumentos cerimoniais carregavam resíduos de substâncias com efeitos alucinógenos.

Esses dados reforçam a interpretação de que a descoberta africana não é um caso isolado, mas parte de um padrão cultural global.

Como o estudo foi conduzido

Técnicas empregadas

Os cientistas recorreram a análises químicas avançadas para confirmar a presença da éfedra nos fragmentos. Mesmo após milênios, os resíduos vegetais preservaram características que permitiram identificar a planta.

A datação por radiocarbono posicionou o achado há cerca de 15 mil anos, no final do período Paleolítico, quando comunidades humanas já realizavam práticas funerárias elaboradas.

Interpretações possíveis

Os pesquisadores evitam afirmar conclusões definitivas. Segundo eles, o uso da planta pode ter tido funções variadas: aliviar dores, facilitar estados alterados de consciência ou servir de oferenda simbólica no contexto funerário.

Limites da pesquisa

Apesar dos indícios, não é possível determinar de que forma a substância era administrada — se por infusão, mastigação, inalação ou outro método. Também não há certeza sobre a dose ou a regularidade do consumo.

Implicações científicas e culturais

Reescrevendo a história do uso de drogas

O achado mostra que a busca por substâncias com efeitos sobre corpo e mente remonta a milhares de anos. Isso desafia a visão de que o consumo de drogas seria fenômeno moderno, ligado apenas ao lazer ou ao crime.

Medicina e espiritualidade entrelaçadas

Na antiguidade, não havia separação clara entre práticas médicas e religiosas. O uso da éfedra pode ter atendido tanto a necessidades de cura quanto a ritos de passagem e de contato com o mundo espiritual.

Reflexões para o presente

O estudo também nos leva a questionar o olhar contemporâneo sobre drogas. Substâncias hoje criminalizadas já foram, em outros tempos, parte de sistemas culturais complexos, respeitadas e usadas com propósitos diversos.

Comparações globais

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Imagem: Getty Images

América do Sul

Povos andinos utilizavam folhas de coca em cerimônias religiosas e para resistir às longas jornadas em altitude.

Ásia

O ópio, extraído da papoula, já era empregado na China antiga tanto como medicamento quanto em práticas sociais.

Europa pré-histórica

Resíduos encontrados em tumbas apontam para o uso de plantas com efeitos alucinógenos em rituais funerários, de modo semelhante ao que sugere o caso africano.

O que aprendemos com a descoberta

Curiosidade e experimentação

Desde cedo, os seres humanos demonstraram interesse em explorar plantas e substâncias capazes de alterar a percepção e a saúde. Isso revela uma característica universal: a curiosidade diante da natureza e a busca por novas experiências.

Conhecimento sofisticado

O uso de uma planta específica como a éfedra implica que esses grupos dominavam um saber botânico considerável. Não se tratava de consumo aleatório, mas de práticas baseadas em observação e tradição.

Críticas e debates acadêmicos

Interpretações exageradas

Alguns especialistas alertam para o risco de projetar ideias modernas sobre drogas no passado. É preciso cautela ao afirmar que esses povos “usavam drogas” no mesmo sentido que hoje compreendemos.

Necessidade de mais evidências

Um único achado não basta para generalizar. Será fundamental encontrar vestígios semelhantes em outros sítios arqueológicos para confirmar que o uso da éfedra era de fato disseminado.

Considerações finais

A identificação de éfedra em um sepultamento de 15 mil anos na África amplia nosso entendimento sobre a relação ancestral da humanidade com substâncias psicoativas. Mais do que uma curiosidade arqueológica, trata-se de um retrato da complexidade cultural de nossos antepassados, que já exploravam os recursos da natureza em busca de cura, espiritualidade e experiências transformadoras.

Esse achado reforça que a história das drogas é também a história da humanidade: uma trajetória de descobertas, experimentações e simbolismos que acompanha nossa evolução social e cultural.

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