O Ministério da Saúde anunciou em 2025 a ampliação da campanha de vacinação contra o sarampo, com a inclusão da chamada dose zero, voltada para bebês com idade entre 6 meses e 11 meses e 29 dias. A medida busca reforçar a imunização infantil, especialmente diante do aumento de casos registrados em diversas regiões das Américas.
A estratégia pretende reduzir o risco de infecções graves em um dos grupos mais vulneráveis da população: crianças com menos de um ano de vida.
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O que é a dose zero?
A dose zero é uma aplicação extra da vacina contra o sarampo, administrada antes do início oficial do calendário vacinal infantil, que prevê a primeira dose aos 12 meses. Esse reforço é indicado exclusivamente durante situações emergenciais, como surtos ou aumento da circulação do vírus.
Embora faça parte de um esforço coletivo de contenção, a dose zero não substitui as doses regulares previstas no calendário nacional de vacinação.
Por que a dose zero foi implementada?
Crescimento no número de casos
De acordo com dados de 2025, o número de casos de sarampo nas Américas cresceu significativamente em comparação com o ano anterior. Foram mais de 2.300 casos confirmados até abril, o que representa uma alta expressiva em relação ao mesmo período de 2024.
No Brasil, 690 casos suspeitos foram registrados até maio, com pelo menos cinco confirmações de infecção, além de dezenas de investigações em andamento.
Risco maior em bebês
Crianças com menos de 1 ano de idade têm um sistema imunológico ainda em desenvolvimento. Isso faz com que o risco de complicações graves, como pneumonia e encefalite, seja maior caso ocorra uma infecção por sarampo.
Segundo especialistas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o objetivo da dose zero é oferecer uma proteção inicial até que o bebê complete a idade mínima para as vacinas do calendário oficial.
Quem deve tomar a dose zero?
A recomendação da dose zero é direcionada a todos os bebês com idade entre 6 meses e 11 meses e 29 dias, especialmente nas seguintes situações:
- Residência em áreas com casos confirmados de sarampo
- Locais com risco epidemiológico elevado
- Municípios com fronteiras internacionais ou grande fluxo de turistas
Essa faixa etária está mais exposta ao vírus devido ao contato com familiares, viagens ou aglomerações.
Tipos de vacina utilizados
A vacinação ocorre de acordo com a idade do bebê:
- 6 a 8 meses e 29 dias: aplicação da vacina dupla viral (sarampo e caxumba)
- 9 a 11 meses e 29 dias: aplicação da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Essa divisão segue orientação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Importância da continuidade do calendário vacinal
A dose zero é apenas o início da proteção
Tomar a dose zero não elimina a necessidade das demais vacinas previstas no calendário infantil.
Após completar 12 meses, a criança deve receber a primeira dose oficial da tríplice viral, seguida do reforço com a tetra viral aos 15 meses, que inclui também a imunização contra a varicela (catapora).
Por que isso é necessário?
A proteção gerada pela dose zero é temporária. Isso ocorre porque, nessa fase, os anticorpos transferidos da mãe para o bebê ainda podem interferir na eficácia total da vacina. Por esse motivo, o esquema vacinal regular precisa ser mantido para garantir uma imunização duradoura.
Cidades que já iniciaram a vacinação com dose zero
São Paulo
A capital paulista começou a aplicação da dose zero em junho de 2025. As vacinas estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com foco inicial nos bairros com maior densidade populacional.
Curitiba e Joinville
No sul do país, cidades como Curitiba e Joinville também adotaram a medida. Em alguns locais, é necessário agendamento prévio para garantir a vacinação.
Campinas e Foz do Iguaçu
Regiões com maior fluxo de viajantes internacionais, como Campinas (SP) e Foz do Iguaçu (PR), reforçaram a campanha para prevenir a disseminação do vírus.
Efeitos colaterais e segurança da vacina
Quais são as reações mais comuns?
Após a aplicação da dose zero, os efeitos colaterais costumam ser leves. Entre os principais estão:
- Febre baixa
- Vermelhidão ou inchaço no local da aplicação
- Irritabilidade nas primeiras 24 horas
Reações mais graves, como reações alérgicas severas, são extremamente raras.
A vacina é segura?
Sim. As vacinas utilizadas na dose zero são as mesmas aplicadas nas demais fases do calendário de vacinação infantil e têm eficácia comprovada há décadas.
Por que o sarampo continua sendo uma preocupação?
Reemergência da doença
O Brasil já havia recebido em 2016 o certificado de eliminação do sarampo. No entanto, a partir de 2018, a doença voltou a circular no país, com surtos registrados em diversos estados.
Fatores como a queda nas taxas de vacinação e o aumento da resistência a imunizações em algumas comunidades contribuíram para o retorno dos casos.
Objetivo da dose zero
A medida busca aumentar a cobertura vacinal e evitar novos surtos, especialmente entre os menores de um ano — público com maior risco de complicações.
Recomendações para os pais e responsáveis
- Verifique a carteirinha de vacinação do seu filho
- Procure a unidade de saúde mais próxima para receber orientação
- Não adie a aplicação da dose zero, especialmente se morar em áreas de risco
- Após completar 12 meses, continue o calendário com as doses de rotina
- Em caso de dúvida, consulte o pediatra ou profissional de saúde
A adesão da população é fundamental para manter a proteção coletiva e evitar a propagação do vírus.
Considerações finais
A adoção da dose zero contra o sarampo em 2025 representa uma ação preventiva fundamental diante do aumento dos casos da doença na América Latina. Proteger os bebês com uma dose extra é uma forma de evitar internações, sequelas e mortes.
Mais do que uma medida pontual, a dose zero reforça a importância da vacinação contínua e da confiança nas campanhas de saúde pública. O combate ao sarampo depende do comprometimento de toda a sociedade.
