A ciência reforça, cada vez mais, que dormir bem é um dos pilares essenciais para manter a saúde. Agora, uma nova pesquisa publicada na revista Health Data Science traz um alerta ainda mais preocupante: pessoas que dormem em horários irregulares ou com baixa qualidade de descanso têm maior probabilidade de desenvolver até 172 doenças diferentes, algumas delas graves, como diabetes tipo 2, Parkinson, cirrose hepática e demência. A investigação foi conduzida com base em dados de mais de 88 mil voluntários do Reino Unido, acompanhados ao longo de quase sete anos. O estudo analisou padrões reais de sono, utilizando dispositivos capazes de registrar o comportamento dos participantes de forma precisa, sem depender apenas de relatos pessoais.
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O que o estudo descobriu
Monitoramento com tecnologia
Para evitar distorções comuns em pesquisas baseadas em questionários, os cientistas utilizaram dispositivos de actigrafia, que registram movimentos e permitem identificar o horário e a qualidade do sono. Assim, foi possível mapear com precisão os hábitos de descanso e cruzar essas informações com o histórico de saúde de cada indivíduo.
Relação entre sono e doenças
Os resultados mostraram que a irregularidade no sono está associada a um aumento expressivo no risco de problemas de saúde. Entre as conclusões: em 92 doenças, mais de 20% dos casos poderiam estar ligados a noites mal dormidas ou horários inconsistentes; em 42 enfermidades, como cirrose e gangrena, o risco foi mais que o dobro; e outras 122 doenças, incluindo insuficiência respiratória e incontinência urinária, tiveram aumento médio de 50% nas chances de ocorrência.
O impacto do horário de dormir
Os pesquisadores observaram que dormir após a meia-noite eleva consideravelmente os riscos. Quem mantinha o hábito de se deitar muito tarde apresentava probabilidade 2,6 vezes maior de desenvolver cirrose, além de maior vulnerabilidade a complicações graves.
Como o sono irregular afeta o corpo

Desajuste do relógio biológico
O corpo humano funciona em ciclos de 24 horas, conhecidos como ritmo circadiano. Quando os horários de dormir e acordar variam constantemente, ocorre a chamada cronodisrupção, que desregula hormônios, metabolismo e funções essenciais.
Inflamação silenciosa
Padrões de sono inadequados contribuem para um estado inflamatório crônico, que, a longo prazo, pode ser um gatilho para doenças cardiovasculares, metabólicas e neurodegenerativas.
Prejuízo à saúde mental
O sono desregulado também está relacionado ao aumento do risco de depressão, ansiedade e declínio cognitivo, incluindo o Alzheimer.
Problemas que podem surgir no curto prazo
Coração sobrecarregado
Mesmo alguns dias dormindo mal já são suficientes para alterar marcadores de saúde cardíaca, elevando a pressão arterial e o estresse oxidativo.
Menor expectativa de vida
Dormir pouco e de forma irregular pode reduzir a expectativa de vida em até cinco anos, segundo estimativas de especialistas em longevidade.
Estratégias para melhorar a regularidade do sono
Estabeleça horários fixos
Dormir e acordar sempre nos mesmos horários — inclusive nos fins de semana — ajuda a manter o relógio biológico em equilíbrio.
Cuide do ambiente
Um quarto escuro, silencioso e com temperatura agradável favorece o sono profundo e reparador.
Evite estimulantes antes de dormir
O consumo de café, bebidas energéticas e o uso de telas à noite podem atrasar a produção de melatonina, hormônio que induz o sono.
Busque ajuda profissional
Se a insônia ou os despertares noturnos forem frequentes, é importante consultar um médico para investigar distúrbios como apneia do sono ou síndrome das pernas inquietas.
Considerações finais
O estudo mostra que a qualidade e a regularidade do sono são fatores decisivos para prevenir doenças graves. Mais do que dormir por um número suficiente de horas, é essencial manter horários consistentes e evitar hábitos que prejudiquem o descanso. Adotar rotinas saudáveis, criar um ambiente adequado e buscar ajuda profissional quando necessário são passos fundamentais para proteger a saúde a longo prazo.


