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Gatos foram domesticados no norte da África? Pesquisa genética confirma

Domesticação

Um novo estudo publicado na revista Science reacendeu o debate sobre a origem dos gatos domésticos. Pesquisadores analisaram DNA de felinos modernos e de dezenas de exemplares arqueológicos, demonstrando que a domesticação dos gatos teve início no norte da África, e não no Oriente Médio, como se acreditava anteriormente. Segundo o estudo, todos os gatos domésticos atuais (Felis catus) descendem de populações africanas da subespécie selvagem Felis lybica lybica.

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Mudança nas teorias sobre a origem felina

Pesquisas anteriores sugeriam que a domesticação dos gatos teria ocorrido no Crescente Fértil, região historicamente associada ao surgimento da agricultura no Neolítico. Contudo, as novas evidências apontam que, embora Felis lybica lybica estivesse presente em diferentes áreas do Oriente Médio, apenas as populações africanas deram origem aos felinos domesticados.

Sequenciamento de DNA antigo revela linha evolutiva

Ampla análise de material genético

Coordenado pelo paleogeneticista Claudio Ottoni, da Universidade de Roma Tor Vergata, o estudo sequenciou 70 genomas de gatos antigos datados entre 11 mil anos e o século 19, além de 17 genomas de gatos selvagens modernos. As amostras vieram de museus e coleções biológicas do norte da África, Itália, Bulgária e Israel. Outro conjunto de 225 exemplares arqueológicos também foi analisado para ampliar o panorama evolutivo da espécie.

Diferenças entre gatos europeus antigos e gatos domésticos

Os resultados mostram que, até 200 a.C., os felinos identificados na Europa pertenciam à espécie Felis silvestris — os gatos-selvagens-europeus. Em alguns casos, trechos de DNA de Felis lybica lybica foram encontrados, mas esses indícios foram interpretados como hibridização natural entre espécies e não como sinal de domesticação precoce.

Origem africana dos gatos modernos

Gatos domésticos descendem de um único agrupamento

O estudo identificou que todos os gatos domésticos atuais descendem de um único agrupamento populacional africano, com forte proximidade genética com populações selvagens do norte da África, especialmente da região da atual Tunísia. Isso desloca o foco das teorias anteriores e reforça o papel da África no início da domesticação.

O enigma das múmias egípcias

Apesar dos avanços, o DNA de múmias egípcias continua sendo uma peça-chave faltante. O processo de mumificação degrada o material genético, dificultando análises completas. No entanto, especialistas afirmam que recuperar esse DNA pode confirmar de vez a linha evolutiva dos felinos.

Chegada tardia dos gatos à Europa

Expansão romana foi decisiva

Segundo o estudo, gatos com características equivalentes às dos domésticos modernos só aparecem na Europa a partir do século 1 d.C., coincidindo com a expansão do Império Romano. Amostras registradas em países como Áustria, Bélgica, Sérvia e Grã-Bretanha mostram ligação genética com Felis lybica lybica e com gatos domésticos modernos. Ambientes urbanos romanos, repletos de depósitos de grãos que atraíam roedores, ofereceram o ambiente ideal para a dispersão dos felinos.

Rotas marítimas impulsionaram a expansão

Navegadores mediterrâneos tiveram papel importante

Pesquisadores sugerem que povos fenícios e púnicos, conhecidos por suas extensas rotas comerciais, desempenharam papel relevante na difusão inicial dos gatos domesticados. No entanto, foi dentro das cidades romanas que esses animais encontraram condições favoráveis para se multiplicar, consolidando sua presença no continente europeu.

Próximos passos da pesquisa

Lacunas que ainda precisam ser preenchidas

Os cientistas destacam que, embora o estudo seja um avanço significativo, a trajetória completa dos gatos ainda não está totalmente definida. A obtenção de DNA intacto de exemplares egípcios e novas análises de material genético antigo são consideradas essenciais para compreender como populações de Felis lybica lybica passaram da vida selvagem à convivência estreita com humanos.

Conclusão

As descobertas divulgadas pela Science oferecem um novo olhar sobre a domesticação dos gatos, posicionando o norte da África como berço dessa relação milenar. Embora muitas perguntas tenham sido respondidas, a linha evolutiva dos felinos domésticos ainda guarda detalhes que futuras pesquisas prometem revelar.

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