O tratamento de pessoas com diabetes tem passado por uma transformação significativa. Em 2025, especialistas reforçam que controlar a glicemia não é mais suficiente: é preciso cuidar também da saúde cardiovascular de forma ativa e planejada.
A relação entre diabetes e doenças do coração é estreita e preocupante. Por isso, o cuidado cardiovascular deve ser incorporado como parte essencial no acompanhamento médico, buscando não apenas controlar sintomas, mas prevenir complicações que podem comprometer gravemente a qualidade de vida dos pacientes.
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Por que o risco cardiovascular é maior em diabéticos?
O diabetes mellitus, especialmente o tipo 2, provoca alterações metabólicas que favorecem o desenvolvimento de doenças nas artérias. O excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos, tornando-os mais suscetíveis à formação de placas de gordura, o que pode levar a infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Além disso, pessoas com diabetes frequentemente apresentam outros fatores de risco associados, como:
- Hipertensão arterial
- Dislipidemia (alteração nos níveis de colesterol e triglicerídeos)
- Sobrepeso e obesidade
- Inflamações crônicas silenciosas
Esses elementos formam um ambiente propício para o surgimento de doenças cardiovasculares precocemente.
Estatísticas que preocupam
Dados recentes mostram que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre pessoas com diabetes. Estima-se que um adulto diabético tenha de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um evento cardiovascular do que alguém sem a doença.
Esse cenário reforça a urgência de integrar o cuidado do coração no acompanhamento rotineiro de quem convive com o diabetes.
Novas estratégias no tratamento do diabetes com foco no coração

Evolução no uso de medicamentos
Nos últimos anos, surgiram classes de medicamentos que revolucionaram o tratamento do diabetes. Além de controlarem os níveis de glicose, essas drogas também demonstraram benefícios expressivos para a saúde cardiovascular.
Entre os principais medicamentos estão:
- Inibidores de SGLT2: atuam eliminando o excesso de glicose pela urina e mostraram reduzir o risco de insuficiência cardíaca e de morte cardiovascular.
- Agonistas de GLP-1: além de ajudar no controle do açúcar no sangue, também contribuem para a perda de peso e redução de eventos cardiovasculares.
Esses avanços mudaram a perspectiva de tratamento, priorizando não apenas a glicemia, mas a proteção do paciente de forma mais ampla.
Foco na prevenção
A grande mudança de paradigma é priorizar a prevenção de complicações cardíacas desde o início do diagnóstico de diabetes. Isso significa que médicos devem realizar avaliações de risco cardiovascular periódicas e, se necessário, introduzir terapias específicas antes mesmo que ocorram os primeiros sintomas.
Principais orientações para pacientes com diabetes em 2025
1. Avaliação constante do risco cardiovascular
O acompanhamento não deve se limitar à medição da glicose. Exames como colesterol, pressão arterial, função renal e eletrocardiograma devem fazer parte do check-up de rotina de qualquer pessoa com diabetes.
Além disso, é recomendada a realização de cálculos de escore de risco cardiovascular para estimar as chances de eventos como infarto e AVC nos próximos anos.
2. Controle rigoroso dos fatores de risco
Manter a glicose dentro das metas é importante, mas também é fundamental:
- Controlar a pressão arterial
- Manter níveis adequados de colesterol (LDL, HDL e triglicerídeos)
- Parar de fumar
- Incentivar a prática regular de atividades físicas
Essas medidas ajudam a diminuir drasticamente o risco de complicações.
3. Mudança no estilo de vida
Adotar hábitos saudáveis é crucial:
- Dieta balanceada, rica em vegetais, fibras e proteínas magras
- Redução do consumo de açúcar, sal e gorduras saturadas
- Prática de exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular
- Controle do estresse e melhoria do sono
Essas atitudes impactam positivamente não só a glicemia, mas também a saúde do coração.
Diretrizes médicas reforçam a importância do cuidado integrado
Durante o 42º Congresso de Cardiologia realizado em 2025, médicos e especialistas em diabetes reforçaram a necessidade de tratar o paciente diabético como um todo, e não apenas focar na doença isoladamente.
O lançamento de novas diretrizes e manuais de prática clínica consolidou a recomendação de:
- Uso preferencial de medicamentos com benefícios cardiovasculares em pacientes de alto risco
- Adoção de protocolos de rastreamento de doença arterial em pacientes assintomáticos
- Inclusão de estratégias de educação em saúde focadas em autocuidado
A Sociedade Brasileira de Diabetes e a Sociedade Brasileira de Cardiologia têm trabalhado em conjunto para divulgar essas orientações e conscientizar tanto profissionais quanto pacientes.
O que muda no atendimento ao paciente com diabetes?
Atendimento multidisciplinar
O cuidado com o paciente diabético agora é visto como tarefa de uma equipe multiprofissional, composta por:
- Endocrinologistas
- Cardiologistas
- Nutricionistas
- Educadores físicos
- Psicólogos
Essa abordagem colaborativa favorece o controle dos fatores de risco e a adesão ao tratamento.
Uso de tecnologia
Ferramentas como aplicativos de monitoramento da glicemia, pressão arterial e colesterol têm ajudado pacientes a manter o controle em tempo real, incentivando mudanças comportamentais e aumentando a eficácia do acompanhamento.
Além disso, a telemedicina tem possibilitado consultas de acompanhamento mais frequentes, algo especialmente importante para monitorar variáveis de risco cardiovascular.
A importância da conscientização sobre o risco cardiovascular no diabetes
Apesar dos avanços científicos, ainda é comum que muitos pacientes negligenciem a importância do cuidado cardiovascular.
Por isso, campanhas de conscientização em 2025 têm focado em:
- Informar que controlar a glicemia não é suficiente
- Alertar sobre sinais de doenças cardiovasculares silenciosas
- Incentivar a busca por um acompanhamento médico completo
Quanto mais cedo essas informações forem compreendidas, melhores serão os resultados na prevenção de eventos graves.
Considerações finais
O cuidado cardiovascular passou a ser parte fundamental do acompanhamento de pessoas com diabetes em 2025. Ignorar o risco de complicações cardíacas é comprometer a saúde do paciente a longo prazo.
Com novas terapias, diretrizes atualizadas e foco em prevenção, a expectativa é que pacientes consigam viver mais e com melhor qualidade de vida, reduzindo significativamente as chances de infartos, AVCs e insuficiência cardíaca.
Adotar uma visão ampla e integrada no tratamento do diabetes não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para garantir saúde e longevidade.













