A cidade de Montes Claro, em Minas Gerais, foi foco de uma polêmica que fica entre os cenários trágicos e cômicos. O prefeito da cidade, Ruy Adriano Muniz, do PSB, e a secretária de saúde do município, Ana Paula Nascimento, foram presos pela Polícia federal na manhã dessa segunda-feira, 18, em uma operação chamada Máscara da Sanidade II- Sabotadores da Saúde, que está investigando fraudes que favorecem hospitais privados que têm ligação com o prefeito.
Como se não bastasse essa situação que por si já é constrangedora, isso aconteceu apenas um dia após a mulher de Ruy, Raquel Muniz, também do PSB, ter elogiado o marido ao fazer seu voto pelo empeachment da presidente Dilma Rousseff. “Meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão”, afirmou a deputada no domingo, 17. “Meu voto é pelo Brasil”, concluiu a deputada.
Depois de ter colocado os “méritos” do marido em foco e justificativa por seu voto que dizia ser feito contra a corrupção, apenas 24h depois Raquel viu seu marido ser preso porque, junto de um grupo vinculado ao prefeito, ele teria autorizado inviabilizar os hospitais públicos da cidade. No ano de 2015, em apenas um mês, a quadrilha teria tirado cerca de 26 mil consultas especializadas e 11 mil exames dos hospitais públicos municipais.
Contudo, o hospital privado que é mantido pela família da deputada que pretende melhorar o país, teria sido beneficiado com os procedimentos que eram retirados da rede pública. Segundo a PF, além desses crimes, em julho de 2015, Ruy teria se aproveitado do cargo político e utilizou a verba pública para promover sua imagem nos principais veículos de comunicação da região. “uma ampla e intensa campanha difamatória contra os hospitais públicos e filantrópicos ‘concorrentes’, inclusive lançando mão de dados e informações falsas”, afirmou a PF em nota.
O prefeito e a secretária de Saúde são alvos de acusações que envolvem falsidade ideológica, dispensa indevida de de licitação, estelionato, prevaricação e peculiato (desvio de dinheiro). Se forem condenados, podem pegar mais de 30 anos de prisão. Ao ser procurada, a Prefeitura de Montes Claros informou que será divulgada uma nota falando sobre o assunto ainda hoje.
