Ela sofreu com a depressão, vai trabalhar como motorista para pagar as contas nos Estados Unidos e quase largou aquilo que mais ama, o atletismo. Apesar de ser a corredora sul-americana mais rápida do mundo, Rosângela Santos vive um momento complicado em sua vida, mas ela sabe que tem em seu sorriso e determinação suas maiores armas para superá-lo.
2016 tinha tudo para ser um ano que a consagraria no esporte. A expectativa era alta nos Jogos Rio-2016, contudo, o que se viu foi uma eliminação decepcionante e precoce antes da prova final dos 100m. O momento ruim foi quebrado em 2017 no Mundial de Londres, quando a corredora não somente foi a primeira brasileira a chegar na final da competição, como também quebrou o recorde sul-americano.
Entretanto, mesmo com o bom resultado alcançado – ela é dona do nono melhor tempo do ano no ranking da Associação Internacional de Federação de Atletismo (IAAF), Rosângela perdeu seus patrocínios, o que fez com que seus rendimentos desabassem e as dificuldades para se bancar em Houston começassem a se manifestar. Não à toa, para se manter, a atleta vai trabalhar como motorista da Uber a partir de novembro.
-
Foto: Espn / Reprodução
“Eu tive depressão. Achava que não existia saída e teria de voltar para o Brasil. Dizem que dinheiro não traz felicidade, mas não conseguimos fazer nada sem. Pagar conta, comer, precisamos para quase tudo. (…) Quitei um empréstimo e paguei o cartão de credito. Agora falta outro cartão, condomínio… Vou empurrando e pago o que dá. Minha tia Graça passava três semanas com R$ 100. Se precisar, como ovo todo dia”, comentou a esportista ao portal O Globo.
O período turbulento e de dificuldade até mesmo para bancar os treinos fizeram com que Rosângela quase desistisse do atletismo: “Só não larguei por causa do meu avô, Orozimbo, de 95 anos, e minha tia Graça, de 67. Ele não quer que eu saia do Exército. E ela, porque sempre esteve comigo. Quando eu era pequena, levava comida para eu me alimentar no trem a caminho do treino. Não queria jogar tudo para o alto. (…) Ao menos, esse momento serviu para meu crescimento. Batia na trave todo ano, chegando só na semifinal. A Olimpíada foi um choque para mim”, disse a atleta que traçou 2017 como um ano decisivo para saber se continuaria mesmo no esporte ou se a aposentadoria seria a opção mais viável.
-
Foto: Yahoo Esportes / Reprodução
Depois do resultado animador conquistado nesse ano, Rosângela acredita que conseguirá dar a volta por cima em relação ao atletismo e está determinada a melhorar ainda mais as suas marcas. O foco no esporte faz com que uma outra prioridade, a de ser mãe, fique de lado, mas ela entende que neste momento no qual mal é possível saber se ela terá comida na mesa, não faz sentido trazer uma nova vida ao mundo.
A respeito da Uber, o trabalho não é exclusividade dela em sua equipe. A esportista afirma que dos 15 atletas que fazem parte de seu time, 90% também atuam como motorista. “Vou usar a premiação do Mundial para comprar um carro. Ainda bem que nos Estados Unidos é mais barato. Tudo o que eu puder fazer para não voltar ao Brasil, farei. A gente não fica nessa pindaíba para sempre, não é?”, desabafou.
-
Foto: Reprodução
Até então, após ficar dias trancada em casa em razão da passagem do furacão Harvey, Rosângela está no Brasil, onde ficará até dia 15 aproveitando desde a presença da família até suas paixões mais simples, como canjica e caldo de cana. E ela poderá curtir tudo aquilo que os Estados Unidos não poderão oferecer.











