Best Of Web

O botão mágico que leva as melhores historias a seu Facebook.

Best Of Web

O botão mágico que leva as melhores historias a seu Facebook.

cyberbullying

Cresce o cyberbullying no Brasil: entenda os impactos emocionais em adolescentes

O ambiente virtual, que há anos proporciona conexões instantâneas e compartilhamento de informações em tempo real, também tem se tornado palco para agressões silenciosas. O cyberbullying, forma de assédio que ocorre no meio digital, vem crescendo entre os jovens brasileiros e causando consequências sérias, como ansiedade, depressão e até transtornos traumáticos.

Leia Mais:

Quem responde por casos de cyberbullying nas escolas?

A nova face do assédio entre jovens

Ao contrário do bullying presencial, o assédio digital ultrapassa muros escolares e invade a vida pessoal das vítimas 24 horas por dia. Com redes sociais, grupos de mensagens e plataformas de jogos online, o comportamento agressivo pode ganhar proporções virais, tornando a vítima alvo constante de zombarias, exclusões e humilhações públicas.

Como o cyberbullying acontece

Principais formas de agressão online

O cyberbullying pode se manifestar de diversas maneiras. As mais comuns incluem:

  • Mensagens ofensivas ou ameaçadoras por redes sociais;
  • Comentários pejorativos em publicações ou fotos;
  • Divulgação de conteúdos íntimos sem consentimento;
  • Criação de perfis falsos para disseminar boatos;
  • Exclusão intencional de grupos digitais como forma de isolamento social.

Assédio contínuo e invisível

Diferente do bullying tradicional, as agressões virtuais não se encerram com o fim do dia. Elas se perpetuam por meio de prints, compartilhamentos e comentários que circulam por redes abertas ou fechadas. Esse ciclo constante prejudica a saúde emocional de adolescentes em formação, muitas vezes sem que pais ou responsáveis percebam os sinais.

Efeitos do cyberbullying na saúde mental

cyberbullying
Imagem – Bestofweb/Freepik

Risco de desenvolvimento de traumas

Estudos apontam que vítimas de cyberbullying podem desenvolver sintomas similares aos de transtornos traumáticos, como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). As agressões constantes podem desencadear:

  • Crises de ansiedade;
  • Insônia ou pesadelos recorrentes;
  • Sentimentos de humilhação persistente;
  • Medo de se expor publicamente, mesmo em ambientes seguros.

Impactos na autoestima e no comportamento

Adolescentes afetados costumam apresentar queda brusca de rendimento escolar, retraimento social e insegurança diante de situações corriqueiras. Muitos relatam sensação de impotência, como se estivessem presos a um ciclo que não conseguem encerrar. O sofrimento emocional pode evoluir para depressão, automutilação e pensamentos suicidas, especialmente quando o assédio vem de pessoas próximas.

Grupos mais vulneráveis

Meninas, pessoas LGBTQIA+, jovens com deficiência ou de comunidades marginalizadas são, frequentemente, os mais expostos ao cyberbullying. A vulnerabilidade social e a pressão por aceitação aumentam a probabilidade de sofrer e internalizar os ataques virtuais.

Sinais de que um jovem está sendo vítima

Identificar os sinais precocemente pode ser a chave para impedir que o trauma se intensifique. Fique atento a:

  • Mudanças de humor repentinas;
  • Evitação de redes sociais ou tecnologia;
  • Reclamações físicas recorrentes, como dor de cabeça e náusea;
  • Irritabilidade sem causa aparente;
  • Desinteresse por atividades que antes geravam prazer.

Se mais de um desses sinais estiver presente, é fundamental abrir um canal de diálogo e oferecer apoio emocional imediato.

O papel da escola e da família na prevenção

O ambiente escolar como espaço de proteção

Escolas são ambientes estratégicos para prevenir e combater o cyberbullying. Programas educativos sobre cidadania digital, empatia e uso responsável da internet devem ser incorporados ao currículo.

  • Promover rodas de conversa sobre bullying e redes sociais;
  • Criar canais anônimos para denúncia;
  • Treinar professores para identificar e lidar com situações de assédio.

Além disso, projetos de convivência e cultura de paz ajudam a reduzir a rivalidade e a exclusão entre os alunos.

O que os pais podem fazer

Dentro de casa, o diálogo aberto e sem julgamentos é fundamental. Perguntar regularmente como foi o dia, o que acontece nas redes sociais e ouvir com atenção são atitudes poderosas.

  • Estimule o jovem a compartilhar experiências online;
  • Estabeleça limites saudáveis para o uso da internet;
  • Observe comportamentos diferentes após o uso do celular ou do computador.

Nos casos em que o assédio for confirmado, é importante acionar a escola e, se necessário, buscar ajuda jurídica ou psicológica.

O papel da legislação brasileira

A legislação brasileira vem se adaptando para coibir crimes virtuais. A Lei 14.811/2024 inclui o cyberbullying como prática criminosa, com pena de até 4 anos de reclusão e multa, especialmente quando envolve menores de idade.

Além disso, o Marco Civil da Internet e o Estatuto da Criança e do Adolescente preveem responsabilidade para provedores de conteúdo que não removem publicações ofensivas após denúncia.

Como denunciar casos de cyberbullying

As vítimas ou responsáveis podem buscar apoio em:

  • Delegacias especializadas em crimes cibernéticos;
  • Ministério Público (Promotoria da Infância e Juventude);
  • Plataformas como SaferNet Brasil, que oferecem suporte online e orientações jurídicas.

Nos aplicativos e redes sociais, também é possível denunciar perfis e publicações ofensivas por meio das ferramentas internas de moderação.

Tecnologia como ferramenta de combate

Inteligência artificial a favor da proteção

Com o avanço da tecnologia, novas ferramentas surgem para monitorar e bloquear conteúdos abusivos. Plataformas como Instagram, TikTok e YouTube já utilizam inteligência artificial para detectar discursos de ódio, mensagens ofensivas e imagens inapropriadas.

Essas soluções, quando aliadas à mediação humana, tornam o ambiente virtual mais seguro, especialmente para menores de idade.

Aplicativos de controle e denúncia

Existem também apps voltados para o combate ao cyberbullying, como o “ReThink”, que alerta o usuário sobre mensagens potencialmente ofensivas antes do envio, incentivando a reflexão.

Outros aplicativos ajudam pais a acompanhar o uso digital dos filhos sem invadir sua privacidade, respeitando o equilíbrio entre liberdade e proteção.

Quando procurar ajuda profissional

Se os sinais de sofrimento persistirem, é imprescindível buscar acompanhamento psicológico. Psicólogos especializados em adolescência e traumas digitais podem trabalhar:

  • Reestruturação da autoestima;
  • Técnicas de enfrentamento;
  • Resiliência diante de situações traumáticas.

Terapias cognitivas comportamentais e sessões em grupo são opções efetivas para jovens que passaram por experiências de assédio online.

Considerações finais

O cyberbullying é um fenômeno crescente, silencioso e perigoso, que atinge milhares de jovens brasileiros todos os anos. Mais do que palavras ofensivas em uma tela, ele representa um ataque direto à saúde mental e ao desenvolvimento emocional de adolescentes.

A resposta deve ser coletiva: escolas, famílias, autoridades, plataformas digitais e a sociedade como um todo precisam agir juntos. Prevenir é educar, acolher e transformar o ambiente online em um espaço de respeito e empatia.


Rolar para o topo