Uma trajetória marcada por coragem, inovação e impacto social
Cristina Junqueira é hoje um dos maiores ícones do empreendedorismo moderno no Brasil. Cofundadora do Nubank, uma das maiores fintechs do mundo, ela conquistou visibilidade por unir inovação tecnológica, simplicidade na experiência do usuário e um olhar humanizado sobre finanças. Mas sua trajetória vai muito além dos números. Junqueira representa uma mudança de paradigma no universo corporativo brasileiro: a de que é possível empreender com propósito, desafiar o sistema financeiro tradicional e abrir caminho para outras mulheres na liderança.
Neste artigo, exploramos sua jornada desde a formação acadêmica até o sucesso global do Nubank, destacando os principais marcos, desafios superados e lições deixadas para as novas gerações de empreendedores.
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Engenharia, negócios e excelência acadêmica
Cristina Junqueira é formada em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), uma das instituições mais renomadas do país. Desde o início, demonstrou perfil analítico, foco em eficiência e interesse por resolver problemas complexos.
Em 2007, completou um MBA pela Kellogg School of Management, nos Estados Unidos, com especializações em marketing e finanças. Essa vivência internacional ampliou sua visão de negócios e aprofundou sua compreensão sobre mercados financeiros modernos e disruptivos.
Primeiras experiências no mercado financeiro
Após o MBA, Junqueira iniciou sua carreira na consultoria BCG (Boston Consulting Group), onde atendeu grandes bancos e conheceu os bastidores da gestão financeira tradicional. Em seguida, atuou no Itaú Unibanco, onde liderou projetos de cartões de crédito e estratégias digitais.
Foi nesse ambiente, marcado por processos burocráticos e falta de foco no cliente, que ela percebeu o potencial de uma revolução digital no setor bancário.
A criação do Nubank: um salto ousado
O encontro com David Vélez e Edward Wible
Em 2013, Cristina Junqueira conheceu David Vélez, um colombiano que trabalhava no fundo de investimentos Sequoia Capital, e Edward Wible, programador e especialista em sistemas financeiros. Os três compartilhavam a insatisfação com os serviços bancários no Brasil: taxas altas, atendimento ineficiente e processos opacos.
Decidiram fundar juntos o Nubank, com a missão de devolver ao consumidor o controle sobre seu dinheiro. Cristina foi a única brasileira na fundação da empresa e também a única mulher — papel que exigiu coragem, resiliência e uma capacidade ímpar de conciliar técnica, visão estratégica e sensibilidade humana.
O desafio de largar a estabilidade
Na época, Junqueira estava grávida de sua primeira filha e ocupava um cargo de alta liderança no Itaú. Deixar o conforto e segurança de uma carreira consolidada para empreender em um negócio incerto exigiu um grau de ousadia admirável — que viria a se tornar uma das marcas de sua liderança.
Ela mesma afirmou, em diversas entrevistas, que o maior impulso foi a sensação de que poderia estar construindo algo muito maior do que uma carreira: um impacto sistêmico e positivo no Brasil.
Os pilares de uma revolução bancária

Simplicidade, transparência e experiência do cliente
Desde o início, Cristina imprimiu no Nubank a obsessão pela experiência do cliente. Em contraste com os bancos tradicionais, a fintech eliminou tarifas abusivas, filas, letras miúdas e burocracias.
O aplicativo da empresa é intuitivo, moderno e permite que o usuário resolva praticamente tudo sem precisar falar com atendentes — a não ser quando quer, e sempre com uma abordagem empática e eficiente.
Inclusão financeira como propósito
Outro aspecto fundamental do trabalho de Junqueira no Nubank foi o foco em inclusão financeira. A fintech passou a oferecer crédito e serviços para públicos negligenciados pelos grandes bancos: jovens, autônomos, trabalhadores informais e moradores de periferias.
Com tecnologia e análise de dados, o Nubank começou a conceder crédito com risco ajustado, democratizando o acesso a serviços bancários de qualidade.
Cultura interna e liderança humanizada
Cristina também desempenhou um papel central na construção da cultura organizacional da empresa. Transparência, colaboração e diversidade são valores essenciais no dia a dia da equipe. O Nubank foi pioneiro na adoção de políticas internas de apoio à parentalidade, diversidade de gênero e etnia, além de liderar discussões sobre inclusão no mercado de tecnologia.
Superando desafios e quebrando paradigmas
O preconceito contra mulheres na tecnologia e nas finanças
Mesmo com toda sua competência técnica e experiência, Cristina Junqueira enfrentou, ao longo de sua carreira, o preconceito de gênero. Em reuniões de investidores, era frequentemente vista como “a cofundadora que cuida do marketing”, e não como a estrategista por trás do modelo de negócios.
Ela nunca deixou que esses estigmas a impedissem de crescer. Pelo contrário: usou essas experiências para impulsionar mudanças na estrutura da própria empresa e inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança.
Crises econômicas e resiliência empresarial
A trajetória da Nubank também foi marcada por desafios externos, como a recessão brasileira, a pandemia da Covid-19 e o aumento da concorrência com outras fintechs. Ainda assim, sob a liderança de Junqueira e dos demais fundadores, a empresa continuou crescendo, diversificando produtos e ampliando a base de clientes.
Hoje, o Nubank já soma mais de 90 milhões de clientes na América Latina e é listado na Bolsa de Nova York, com valuation bilionário.
Reconhecimento e influência
Prêmios e destaques internacionais
Cristina Junqueira foi eleita uma das mulheres mais influentes do mundo dos negócios pela Forbes, Bloomberg e Financial Times. Também foi destaque no Time100 Next, que lista líderes que estão moldando o futuro globalmente.
Sua história inspira empreendedores não apenas no Brasil, mas em diversos países que veem no Nubank um modelo de disrupção bem-sucedida e escalável.
Uma voz ativa no empreendedorismo feminino
Além de executiva, Cristina se tornou uma referência no incentivo ao empreendedorismo feminino. Participa de palestras, mentorias e programas de aceleração voltados a mulheres, reforçando a importância da representatividade e da equidade no ambiente de negócios.
Frases marcantes de Cristina Junqueira
“Você não precisa ser herdeira, nem rica, nem saber tudo para começar. Precisa de coragem e disposição para aprender.”
“O papel da liderança é garantir que as portas estejam abertas para quem antes nunca teve a chave.”
“Inovação não é sobre tecnologia, é sobre resolver problemas reais com simplicidade e empatia.”
Lições de sua jornada
Liderança com propósito
Cristina ensina que liderança não é mandar, mas servir — aos clientes, aos colaboradores e à sociedade. Seu estilo inspirador de gestão mostra que resultados sustentáveis vêm da combinação entre competência, escuta ativa e um propósito claro.
Empreender é criar impacto, não apenas lucro
A visão de negócios de Junqueira sempre esteve voltada para a transformação social. Ela mostrou que é possível crescer exponencialmente e, ao mesmo tempo, combater desigualdades e gerar valor humano.
Ser mulher é uma vantagem competitiva
Ao ocupar um espaço majoritariamente masculino, Cristina usou sua vivência como mulher, mãe e cidadã para oferecer perspectivas diferentes, mais sensíveis e inclusivas. Isso se refletiu tanto no produto quanto na cultura da empresa.
Considerações finais
Cristina Junqueira redefiniu o conceito de empreendedorismo no Brasil ao mostrar que inovação, ética e impacto social podem — e devem — caminhar juntos. Sua jornada é inspiradora não apenas por ter criado uma das maiores fintechs do mundo, mas por fazê-lo com humanidade, coragem e visão de futuro.
Sua história é um convite para que mais pessoas, sobretudo mulheres, se vejam como protagonistas na construção de um país mais justo, eficiente e inovador. Cristina não apenas construiu um império digital. Ela abriu caminhos para uma nova geração de empreendedores conscientes.













