Um crime brutal ocorrido em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, vem causando comoção em todo o país. Um adolescente de 14 anos assassinou os próprios pais e o irmão mais novo, de apenas três anos, após supostamente ter sido impedido de visitar a namorada, com quem mantinha um relacionamento virtual iniciado em um jogo online. O caso, marcado por frieza, planejamento e motivações afetivas e financeiras, levanta discussões sobre segurança digital, saúde mental na adolescência, e o impacto dos relacionamentos mediados por tecnologia.
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Adolescente mantinha namoro à distância com jovem de Mato Grosso
Relacionamento começou em ambiente virtual
De acordo com informações apuradas pelas autoridades, o adolescente conheceu a garota, de 15 anos, em uma plataforma de jogos online. Com o tempo, a relação entre os dois evoluiu para um namoro virtual. Apesar de morarem em estados distintos — ela em Água Boa (MT) e ele em Itaperuna (RJ) — o envolvimento entre os jovens se intensificou.
Planos de viagem barrados pelos pais
O desejo do garoto era visitar a jovem no Mato Grosso. No entanto, os pais, preocupados com a distância e a pouca idade dos dois, proibiram a viagem. Essa negativa teria sido o estopim para a tragédia. O adolescente, que até então era considerado um filho obediente, começou a planejar os assassinatos.
Execução do crime: atos meticulosos e cruéis
Assassinatos ocorreram durante a madrugada
O triplo homicídio foi executado durante a madrugada de um sábado. O garoto teria se aproveitado do momento em que os pais dormiam para pegar a arma da casa — registrada em nome do pai — e efetuar os disparos. O primeiro tiro foi contra o pai. Em seguida, ele matou a mãe. Por fim, matou o irmão caçula com um tiro no pescoço. Segundo o próprio relato do adolescente à polícia, ele matou o irmão para que a criança não presenciasse o cenário de violência, demonstrando um tipo de lógica emocional distorcida e perturbadora.
Esconderijo dos corpos chocou a polícia
Após os assassinatos, o menor escondeu os três corpos em uma cisterna na própria residência. O local, aparentemente escolhido para dificultar a descoberta, só foi investigado após denúncias do desaparecimento da família e o forte odor vindo do reservatório. A descoberta dos corpos foi feita após perícia no local.
Relação com a garota ainda é apurada pela polícia

Jovem do Mato Grosso prestou depoimento
A adolescente envolvida com o autor dos crimes foi identificada e ouvida pela Polícia Civil em seu estado de origem. A princípio, a jovem não teria participação direta no crime, mas os investigadores apuram se ela poderia ter incentivado, direta ou indiretamente, os atos cometidos.
Investigação busca elementos de indução
Caso sejam encontrados indícios de que a jovem tenha incitado ou pressionado o garoto a cometer o crime — mesmo que virtualmente — ela poderá ser responsabilizada criminalmente. O caso levanta preocupações sobre os limites e os riscos das interações online entre menores.
Internação e medidas judiciais
Justiça determinou internação provisória
Após ser apreendido pela polícia, o adolescente foi apresentado ao Ministério Público e à Vara da Infância e Juventude. A Justiça determinou a internação provisória do menor por 45 dias em uma unidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). Durante esse período, ele será avaliado por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos. O objetivo é analisar sua condição emocional, o grau de periculosidade e definir qual medida socioeducativa será aplicada.
Processo tramita em segredo de Justiça
Por se tratar de um menor de idade, todo o processo está sob segredo de Justiça. Isso inclui laudos, depoimentos e detalhes mais sensíveis da investigação. No entanto, os dados já divulgados deixam clara a complexidade do caso.
Elementos que agravam a gravidade do crime
Motivação emocional e financeira
Investigações revelaram que, além do desejo de encontrar a namorada, o adolescente também demonstrava interesse em acessar os recursos financeiros dos pais. Ele chegou a realizar buscas na internet sobre como sacar o saldo do FGTS do pai falecido, que ultrapassava R$ 30 mil. Esse comportamento sugere que a motivação do crime pode ter sido dupla: uma combinação de impulso emocional (o desejo de viajar para se encontrar com a garota) e interesse em obter recursos rapidamente para viabilizar a fuga.
Planejamento prévio
Autoridades destacam que o crime não foi cometido em um momento de fúria, mas sim planejado. O menor escondeu os corpos, tentou forjar um cenário de desaparecimento e chegou a simular uma rotina normal após os assassinatos. Isso indica consciência sobre os atos e tentativa de ocultação, o que agrava ainda mais o caso.
Repercussão social e reflexões sobre o caso
Comunidade em choque
Itaperuna, cidade de aproximadamente 100 mil habitantes, amanheceu abalada com o crime. A família era conhecida na região e, segundo vizinhos, não havia histórico de conflitos graves. O comportamento do garoto era descrito como introvertido, mas aparentemente estável.
Especialistas alertam para riscos online
Psicólogos e especialistas em comportamento infantil alertam que o caso escancara os riscos da falta de acompanhamento da vida digital de crianças e adolescentes. Jogos online com recursos de bate-papo, redes sociais e ambientes virtuais diversos podem ser palco de relações que escapam ao controle dos responsáveis.
Cronologia dos fatos
21 de junho – Adolescente comete o crime e esconde os corpos na cisterna da casa
24 de junho – Vizinhos e familiares notam o desaparecimento da família
25 de junho – Polícia realiza buscas e localiza os corpos
26 de junho – Adolescente é apreendido e confessa o crime
27 de junho – Justiça determina internação provisória por 45 dias
O que vem a seguir?
Avaliação psicológica será determinante
O próximo passo no processo é a elaboração de laudos psicológicos e psiquiátricos. O objetivo é entender o estado mental do adolescente no momento do crime e identificar se ele apresenta transtornos de personalidade ou outro tipo de patologia.
Ministério Público deverá propor medida socioeducativa
Após a fase de avaliação, o Ministério Público poderá propor a aplicação de medidas socioeducativas, como a internação em unidade fechada por até três anos — o tempo máximo permitido para menores infratores, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Considerações finais
O caso de Itaperuna é um exemplo trágico e alarmante do que pode acontecer quando emoções adolescentes intensas, uso inadequado da tecnologia e ausência de supervisão se encontram. O crime cometido por um jovem de apenas 14 anos não é apenas um ato de violência doméstica, mas uma manifestação do quanto as relações virtuais podem, em casos extremos, desencadear consequências devastadoras. Mais do que chocar, o episódio convida à reflexão: como a sociedade pode proteger suas crianças e adolescentes em um mundo cada vez mais digital e menos supervisionado? O futuro de um jovem, três vidas perdidas e uma cidade inteira marcada pela dor são um lembrete sombrio dessa urgência.